
São todos falidos, retrógrados e ultrapassados
Os clubes no Brasil não têm pré-temporada decente, não têm tempo de se preparar para as competições e o fazem nos "Rurais"
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

Quando o ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, cansado pelos desmandos da FMF, já naquela época, batizou o Campeonato Mineiro de “rural”, ele estava coberto de razão. Sou de uma época em que os campeonatos estaduais, de Norte a Sul do país, eram mais importantes que o Brasileirão. Os estádios recebiam mais de 100 mil pessoas, com público dividido, para uma final entre Cruzeiro e Atlético, Flamengo e Vasco, Corinthians e Palmeiras. Grandes jogadores, jogos de altíssimo nível e clubes do interior revelando atletas importantes. Com o passar do tempo, tudo mudou. Os Estaduais começaram a se tornar obsoletos, sem apelo técnico e financeiro e a nova realidade se instalou: Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores, Sul-Americana e Mundial de Clubes são as competições que interessam. Não há mais espaço para os estaduais, que ocupam cinco meses do ano, para absolutamente nada. São competições falidas, retrógradas e ultrapassadas. Claro que para América, Villa Nova, Tombense, por exemplo, são títulos importantes, mas não para Cruzeiro e Atlético, acostumados com grandes disputas nas referidas competições.
Leia Mais
Estou vendo um estardalhaço tremendo porque o Palmeiras corre o risco de não se classificar à fase final do “rural paulista”. Ora, senhoras e senhores, vocês acham, de verdade, que o torcedor do Palmeiras, que ganha títulos importantes nos últimos 10 anos, vai se preocupar mesmo com o “rural”? Pelo amor de Deus. Abel Ferreira é dos técnicos mais vitoriosos da história do clube, mas há sempre aqueles que querem puxar para baixo. Os clubes no Brasil não têm pré-temporada decente, não têm tempo de se preparar para as competições e o fazem nos “Rurais”. É assim no Rio, SP, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e no resto do Brasil. Enquanto os clubes europeus têm 40 dias de pré-temporada, os brasileiros não têm nem 15 dias. E a gente cobra de técnico e jogadores como se tudo acontecesse como num toque de mágica.
- Pedro Lourenço disse não a Renato, e foi a decisão mais acertada
- Se o MP quiser ir embora, que vá, mas apresente proposta
Se o Cruzeiro não chegar à final, tenho a certeza de que o “mundo vai desabar”. Dirão que foi incompetência, mas se esquecerão de que o clube contratou 10 jogadores, quase um time inteiro, que tem um técnico que está no cargo há uma semana. O futebol brasileiro caminha a passos largos para o fim. Os ex-jogadores têm avisado dia a após dia. Emerson Leão disse que “estamos jogando um outro esporte com a bola de futebol”. Zico já declarou que “é preciso mudarmos a filosofia de trabalho, os conceitos e a preparação nas divisões de base”. E tantos outros gênios da bola alertam a cada dia para o que estamos vendo. A bola rola menos de 45 minutos, 60 faltas por jogo, não há mais tabelas, dribles, passes e a provocação entre os atletas virou rotina. Os caras vão para as redes sociais, provocar, incitar a violência, e não se dão conta que no ano seguinte poderão vestir a camisa do rival. Se homofobia é crime, por que a Justiça não pune os torcedores que chamam os cruzeirenses de “maria”, e os cruzeirenses que chamam atleticanos de “frangas”? Por que a Justiça não pune o zagueiro Lyanco, que imitou estar se maquiando para provocar a torcida do Cruzeiro? No clássico Flamengo x Botafogo, o jogador Bastos teve o dente arrancado numa briga generalizada. Estamos mesmo na lama, sob todos os aspectos.
Sobre os “rurais” de Norte a Sul do país, eu penso que não valem absolutamente nada e que as próprias federações não valorizam o produto. Deixam os clubes mudarem a sede dos jogos, alteram horários e põe uma equipe jogando no mesmo dia, no mesmo horário. Lembram-se do que a FMF queria fazer com o Cruzeiro, que jogava em Orlando e tinha a estreia pelo “rural” no mesmo dia em BH? Pois é, se as federações não valorizam esse produto sem apelo financeiro e técnico, somos nós que temos de valorizar? Eu não me importo se Cruzeiro e Atlético vão levantar a taça. Me importo em ver em que grau as equipes estão para as disputas que realmente valerão na temporada. As federações só servem para votar no presidente da CBF, receber da entidade a “mesada” mensal e continuar comandando essa competição fadada ao fim. Estamos no Século 21 e os estaduais não cabem mais no planejamento do futebol. Ocupam 5 meses do ano para absolutamente nada, comprometendo as equipes para a disputa dos títulos de verdade. Pelo fim dos Estaduais, antes que os clubes sumam do mapa!
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Narrar na TV Flamengo
O grande João Guilherme, narrador de primeira linha, largou a Paramounth para narrar na TV Flamengo. A cada dia há uma tendência maior dos jornalistas de verdade em se atrelar ao clube pelo qual torcem. No meu canal de Youtube, no meu programa JaeciCarvalhoEsportes, optei por priorizar o Cruzeiro e fui inteiramente abraçado pela China Azul. Estamos com uma audiência fantástica e agradeço a todos pelo carinho. Torcedores de outras equipes, educados e respeitosos, serão sempre bem-vindos e respeitados, mas o carro-chefe chama-se Cruzeiro Esporte Clube. Estou seguindo os passos da TV Samuca, do melhor jornalista do país, Samuel Venâncio, que dá chocolate na concorrência. Como é bom ouvir as narrações de Alberto Rodrigues, que, como um bom vinho, quanto mais velho, melhor.