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Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho
Coluna do Jaeci

Pedro Lourenço disse não a Renato, e foi a decisão mais acertada

O técnico pediu R$ 2 milhões (livres de impostos), R$ 400 mil para os quatro membros da comissão técnica e R$ 200 mil para seu empresário, tudo mensal

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O Cruzeiro fez muito bem em não se curvar a proposta do técnico, Renato Gaúcho, que pediu R$ 2 milhões (livres de impostos), R$ 400 mil para os quatro membros de sua comissão técnica e mais R$ 200 mil para seu empresário, tudo isso mensal. Um total de R$ 2,6 milhões, que dariam R$ 33 milhões e 800 mil anualmente. Um salário dos grandes técnicos europeus, como Ancelotti e Guardiola. Respeito e gosto muito de Renato, campeão da Libertadores com o Grêmio, vice-campeão da mesma competição com Fluminense e Flamengo, e ganhador da Copa do Brasil com o tricolor carioca, além de cinco gaúchos com o Grêmio. Aliás, a maior parte da carreira dele foi no tricolor gaúcho, onde chegou a ficar por quatro anos seguidos. Considero Renato um vencedor e acho que ele teria a cara desse grupo cruzeirense, mas, ao recusar R$ 1,5 milhão mensais que o clube oferecia, ele disse ao mercado que não quer “trabalhar mais”. Duvido que algum clube brasileiro chegue perto do que o Cruzeiro ofereceu, e duvido mais ainda que algum clube europeu se interesse pelo treinador, pois o salário pedido por ele é em nível europeu ou do mundo árabe.


O futebol brasileiro perdeu a noção. Técnicos milionários, ganhando milhões por ano, “caindo pra cima”. Sim, é a única profissão no mundo em que o cara é demitido de um clube por maus resultados (deficiência técnica) e em seguida é convidado por outro clube, muitas das vezes ganhando até mais. Felizmente, o Cruzeiro tem dono, Pedro Lourenço, que administra com seriedade, disciplina e pés no chão. Mesmo sendo ele um bilionário, não está jogando dinheiro fora e sabe muito bem como deve cuidar do seu clube. O dinheiro sai do bolso dele, e, em entrevista ao site Central da Toca, da TV Samuca, do meu amigo, Samuel Venâncio, deixou bem claro uma questão. “Eu não misturo o dinheiro do BH com o Cruzeiro, mesmo porque no BH eu tenho sócios. Eu administro o Cruzeiro com o meu dinheiro e tenho que ter o cuidado para fazer boas contratações, dentro de uma realidade financeira que estabelecemos”. Ele está certíssimo. Não pode ceder aos caprichos, de quem quer que seja, pagando salários irreais.


Penso que Renato disse ao mercado que não quer mais trabalhar. Essa pedida dele é de quem não quer dirigir mais clube nenhum, pois quem é SAF (dono) jamais pagará um absurdo desses. Talvez um clube que não tenha se transformado em empresa pague, pois a irresponsabilidade dos presidentes amadores é gigantesca. Como o Corinthians, que deve mais de R$ 2 bilhões, até a cueca, e não paga a ninguém. Clubes-empresas e responsáveis jamais pagarão um salário irreal desses. Outra coisa: com o futebol pobre e sem inspiração, sem grandes jogadores e repatriando a turma dos 7 a 1, como pode um jogador ou um treinador querer ganhar essa fábula? Futebol de quinta categoria e salários de Europa, como se nossa economia competisse com a do Velho Mundo, como se o Brasil vivesse a era de ouro de suas finanças. Fico imaginando um trabalhador que ganha o mísero salário-mínimo, o que pensaria ao ver um treinador pedir R$ 2,6 milhões por mês. Isso é um desrespeito.


Um cientista, um CEO de grandes empresas, não chega nem a um “milésimo” dessa quantia por mês. Mas os jogadores ganham. E alguns se sentem acima do bem e do mal, justamente por viverem no mundo da fantasia, com salários injustificáveis. Quando vejo que no último Brasileirão o artilheiro marcou 15 gols em 38 jogos, percebo que nosso futebol está mesmo na lama. Nível técnico baixíssimo, bola rolando menos de 45 minutos, arbitragem caótica e jogos sofríveis. Mas os altos salários continuam aí. Por isso os técnicos brasileiros perderam a credibilidade e o espaço. Os jovens não conseguem estabilidade. Os “velhos” e vencedores já se aposentaram, nos resta buscar técnicos europeus, principalmente os portugueses ou argentinos.


Eu gosto do Luís Castro, e até sugeri no meu programa, JaeciCarvalhoEsportes, de grande audiência no Youtube, que o Cruzeiro o procurasse, antes de contratar o Diniz, quando demitiu o Seabra. As notícias dão conta de que ele foi procurado agora. Eu buscaria o Thiago Carpini. Já ouvi falar muito bem do trabalho dele. Ou então Jair Ventura, outro que faz trabalhos brilhantes. Se não dermos chances e tempo de trabalho aos jovens treinadores, vamos viver esse dilema de técnicos europeus. Abel Ferreira, campeão e vencedor, se acha melhor que Jurgen Klopp, que ganhou a Champions League. Realmente, o futebol brasileiro e os técnicos portugueses estão se achando.


E, para fechar, o Cruzeiro tem dono, tem gente séria no comando e não vai ceder a caprichos de treinadores que se acham a última bala do pacote. Que a diretoria tenha calma, entreviste vários e escolha aquele que melhor se adaptará ao projeto estabelecido. Pedro Lourenço determina um Budget (orçamento) e não vai abrir mão dele, nem se o técnico for o Ancelotti. Dirigir o Cruzeiro é uma honra para qualquer treinador. Pobre daquele que recusa um convite desses. O caminho que os clubes que não se transformaram em SAF estão tomando me preocupa. Pagam o que não têm e não podem, de forma irresponsável. Na minha visão, um treinador brasileiro não merece mais de R$ 300 mil mensais, que é um salário gigantesco. Pelo futebol que os clubes brasileiros apresentam, esse valor está até alto demais.

 

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