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Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho
coluna do Jaeci

Com penas severas, cruzeirenses e atleticanos estiveram lado a lado nos EUA

Os machões, que no Brasil desafiam autoridades e torcedores do bem, aqui ficaram caladinhos

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ORLANDO (EUA) – Valeu a pena interromper minhas férias e trabalhar full time nesta cobertura do Cruzeiro aqui nos Estados Unidos. O carinho do torcedor comigo foi uma coisa fantástica, para guardar no coração e na memória. Milhares de fotos, autógrafos e um respeito gigantesco comigo, pessoal e profissionalmente. E fechar com chave de ouro, com o segundo clássico entre Cruzeiro e Atlético, fora do país – o primeiro foi em 2009, no Uruguai, vencido pelo Cabuloso, por 4 a2 –, não tem preço. Uma experiência incrível.

O melhor de tudo foi ver cruzeirenses e atleticanos, na fila, lado a lado. Sim, aqui funciona, pois se houver briga, os brigões vão para a cadeia, dormirão lá, e terão de pagar US$ 10 mil (cerca de R$ 60 mil) de fiança, se apresentar na corte, sob o risco de deportação. Os “machões”, que no Brasil desafiam autoridades e torcedores do bem, aqui ficaram caladinhos. Simples assim: onde há lei e penas severas, tudo funciona. Por quê não adotarmos o que há de bom nos EUA aí no Brasil?

Infelizmente, em um país com leis brandas, feitas por maus políticos, que não querem ir para a cadeia, a bagunça e a matança são generalizadas. Quantas vidas de torcedores foram perdidas por essa “guerra” insana? Já passou da hora de copiarmos países sérios, onde os torcedores de camisas diferentes são apenas rivais e não inimigos.

Falta vontade política no país onde o povo está descrente, percebendo que “bandidos estão tendo privilégios sobre o cidadão de bem”. A torcida do Cruzeiro era maioria no estádio. A população de Boston desceu em peso para cá, e, a maioria, saiu de Governador Valadares, em busca do sonho e de uma vida melhor.

A maioria trabalha na construção civil. Os que chegaram há mais de 20 anos são donos das companhias e empregam os brasileiros, a maioria, sem documentação, o que não é correto. Porém, pelas entrevistas que fiz, eles preferem correr riscos até de deportação para ter uma vida digna e serem respeitados como cidadãos. Tem gente que não vai ao Brasil há muitos anos, e ter Cruzeiro e Atlético em solo norte-americano é a chance de sentir de perto o “gostinho brasileiro”.

Crianças que nasceram aqui e nunca viram Cruzeiro e Atlético jogarem, tiveram essa oportunidade única. A maioria nasceu aqui, pois os pais chegaram há duas décadas, e sabem o orgulho que é viver num país onde as leis são respeitadas. Um dos garotos que eu entrevistei me disse: “Aqui não brigamos com ninguém. Torcemos para os times da MLS, da NBA, ou da NFL, e não há qualquer tipo de violência. Pensei até em não vir ao clássico, mas como é aqui, sei que não haverá brigas. Quero ver o Cabuloso de perto, pois nunca vi um jogo dele”, disse Ronald.

Eu disse que o resultado do jogo era o que menos importava, pois é começo de temporada, o segundo jogo do Cruzeiro e o primeiro do Galo. Porém, os torcedores discordavam. Por se tratar de um clássico, ninguém admitia uma derrota. Cruzeirenses apostavam num novo 6 a 1. Atleticanos rebatiam, garantindo um 4 a 0. Como jogos amistosos, de pré-temporada, normalmente terminam empatados, arrisquei um 1 a 1.

O mais importante é que a paz venceu. Pelo menos aqui na terra do Tio Sam a violência perdeu de goleada para a educação e civilidade. Onde as leis são fortes e aplicadas a ricos, pobres e bilionários de forma igual, tudo funciona. Que possamos ter uma temporada sem violência, crimes ou mortes no Brasil. Copiem o que de melhor os países desenvolvidos e civilizados oferecem.

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