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Ivan Drummond
Repóter de Polícia e Esportes. Participei da cobertura e sete edições dos Jogos Olímpicos, Cobertura Copa do Mundo. Ganhador de dois Prêmios "Esso", em 1985 e 1987. Ganhador Prêmio Nacional Petrobras, com a série de matérias "Hilda Furacão"
HISTÓRIAS DO ESPORTE

Quanta saudade

O que Didi dizia é fantástico e deveria servir de aprendizado para técnicos atuais, de categorias de base e de equipes profissionais: 'quem corre é a bola'

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Assisti a um vídeo esta semana. Fascinante. É de um dos maiores jogadores, armadores, do futebol brasileiro de todos os tempos. O bicampeão mundial Didi, falecido em 2001. Era um mestre da bola. E toco nesse assunto porque o técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, está a correr o Brasil para observar jogadores e times.

Pois é. Lá vai o Ancelotti percorrendo o Brasil. Mas no futebol, “lá vem o Brasil, descendo a ladeira”, nome de música de Morais Moreira, que serve, exatamente, para explicar o nosso futebol atual.

Estão levando Ancelotti para assistir vários jogos, como Atlético x Grêmio, Botafogo x LDU – foi ver o trabalho do filho, Davide –, Bahia x Santos e Flamengo x Inter.

 

Pois ele foi, viu, mas não viu. Precisa ver um armador. E esse jogador não temos mais no futebol brasileiro. Seria necessário que nos clubes tivessem pessoas que realmente entendem de futebol, não esses caras que acham que jogador tem que correr, pra cima e pra baixo, com e sem a bola.

Pois nesses jogos, com certeza, só viu um armador, Arrascaeta. “Mas Ancelotti, não adianta. Arrascaeta é uruguaio, não pode jogar pra gente. É do inimigo…”

Mas volto ao vídeo com Didi. E o que ele diz é fantástico e deveria servir de aprendizado para técnicos atuais, de categorias de base e de equipes profissionais.

“Quem corre é a bola”, começa o vídeo.

“Diziam que sou lento, mas não precisava correr. Quem corre é a bola”, afirma o cracaço.

Didi lembra que dava passes de 40 metros, e emenda na entrevista que vi nesse vídeo: “não vou correr 35 metros para depois fazer o passe. Não faz sentido.”

Está coberto de razão. Didi conta que fazia economia e que, se ficasse correndo, iria se desgastar e assim prejudicaria seu time, pois quando a equipe precisasse dele estaria cansado.

E dá mais um ensinamento, quando diz que não pode demorar a passar uma bola. O macete é receber e passar rápido.

E sabem por quê? Porque quem demora a passar a bola facilita a marcação do adversário. Isso mesmo. Aquele jogador que estava livre não estará mais, pois a marcação do adversário já se aproximou.

E vai além. Diz que não se deve pisar na bola, pois isso significa maltratar a redonda.

Exalta sua posição, de armador, criador. E conta que treinava passes e lançamentos, pois “a bola tem de chegar redondinha para o atacante, para que ele possa apenas empurrá-la para as redes.

Pois Didi tem razão.

Ele é apenas um dos nomes, dos grandes nomes que tínhamos, quando existia uma constelação de craques.

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Alguns deles, a começar aqui por Minas Gerais, como Dirceu Lopes e Zé Carlos, no Cruzeiro; Amauri e Humberto Ramos, no Atlético; Juca Show e Samuel, no América. Além deles, a geração que teve Spencer, Toninho Cerezo, que, apesar de volante, sabia como poucos manobrar a pelota.

Fora daqui, Ademir da Guia (Palmeiras), Rivelino (Corinthians), Lima (Santos), Gérson e Paulo César (Botafogo), Liminha (Flamengo) que sucedeu Adílio. Eram cracaços, diria que os melhores que vi.

Pois é, todos armadores. Quanta falta fazem. Não é possível que não vão formar mais talentos como esses.

Ah, e Didi virou treinador quando parou e foi comandar o Peru. E lá fez um armador: Teófilo Cubillas.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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