
O que um apito ou um imitador não provocam...
De repente, um lance de perigo na área do time do Triângulo Mineiro, e ele (torcedor) apita um pênalti. Era em favor do América. Todo mundo parou
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O que um apito não provoca num jogo de futebol? Bom, quem está com ele é o árbitro. Ele é quem “sopra a latinha”, como se dizia antigamente, e que marca faltas, impedimento, tiro de meta, laterais, escanteios, faltas.
Pois é. Mas tinha um amigo que imitava, com a boca, um apito. Quem não soubesse que era ele, não imaginava que aquele som tinha sido feito com a boca, não com a “latinha”.
Pois ele fazia questão de ir aos campos para avacalhar os jogos. Era uma época em que tínhamos muitos campos pequenos. Era um prato cheio pra ele. Lá vinha um lance de perigo contra o time que ele estava torcendo e ele apitava. Parava tudo. Era uma avacalhação só.
Mas o tempo passou, ele foi ficando mais velho e não mais fazia das suas. Quando ia ao campo, era mesmo para assistir aos jogos. Não pra avacalhar.
Até no Mineirão chegou a aprontar. Foi num jogo do América. Acho que contra Uberaba ou Uberlândia. De repente, um lance de perigo na área do time do Triângulo Mineiro, e ele apita um pênalti. Era em favor do América. Todo mundo parou.
Os jogadores do Coelho comemoram o pênalti. Os adversários gritavam com o juiz que não tinha acontecido nada. E foi um bafafá, até que a questão foi esclarecida graças a um bandeira, que disse que desde o início do jogo tinha percebido um apito na geral do Mineirão. Pois esse auxiliar salvou o jogo e o amigo acabou preso. Acho que foi depois disso que ele resolveu parar com a mania que tinha.
A gente ia jogar e, quando o adversário estava ameaçando, ele apitava. Parava tudo. E, claro, vinha a confusão, com acusações do adversário. Um dia, ele foi expulso, só que não foi embora. Ficou do lado de fora, apitando e ajudando a gente. Ganhamos o jogo. Com certeza, impediu dois ou três gols do adversário, pois quando o atacante arrancava sozinho, ele apitava e o cara parava, pensando que estava em impedimento.
Embora não veja o amigo há um bom tempo, desconfio que ele só mudou de cidade. Digo isso, porque aconteceu um fato, num jogo do Módulo II do Campeonato Mineiro, lá em Montes Claros, que tem todos os sinais de que ele estava presente.
Jogavam North, o time da casa, contra o Patrocinense. O North ganhou por 2 a 1, mas, por incrível que pareça, com ajuda do apito, não do árbitro, mas possivelmente do nosso amigo.
O jogo mal tinha começado e um apito “externo”, confundiu os jogadores do Patrocinense, que pararam na jogada. Só que não houve nada e os jogadores do North deram sequência à jogada e o gol foi validado.
O Patrocinense entrou com recurso, pedindo impugnação do jogo, pela interferência externa. A defesa do Patrocinense alegou erro de direito, pelo fato de a arbitragem não ter anulado o lance.
A primeira consequência foi que a Federação Mineira de Futebol (FMF) determinou que os jogos seguintes, que foram disputados, esse em questão, North 2 x 1 Patrocinense e Patrocinense 1 x 1 Democrata-SL, pelo Triangular do Grupo D do Módulo II, não fossem homologados, até o julgamento.
Se o tribunal der razão ao Patrocinense e optar pelo cancelamento do placar, as duas partidas serão anuladas e jogadas novamente.
Com os resultados do campo, o North é o líder do Grupo D do Módulo II do Mineiro, com oito pontos, vindo o Democrata-SL em segundo, com seis, e o Patrocinense, terceiro, com um.
Em caso de anulação dos jogos, North e Democrata ficariam com cinco pontos, e o Patrocinense voltaria a não ter ponto, mas ainda com chance.
Só que nesta segunda-feira, uma descoberta. Foi um torcedor, que tem a capacidade de imitar um apito, quem provocou tudo isso, a confusão, o recurso. E esta será a defesa do North, que, se confirmados os resultados, estará classificado para a próxima fase.
O julgamento está marcado para esta terça-feira. Vamos aguardar…
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.