
Um resgate na Copa do Mundo de Clubes que tem de ser seguido
Os times brasileiros têm jogado um futebol bonito, que busca o gol adversário. Há quanto tempo a gente não via isso?
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A Copa do Mundo de Clubes, disputada nos EUA, traz de volta o passado, a memória de um tempo que se foi. Justamente. De certa forma, resgata detalhes e histórias, como por exemplo a evolução tática do futebol.
Estamos vendo os times brasileiros se destacando. Os resultados empolgam e, na verdade, o desempenho de nossas equipes, por enquanto, deveriam servir de lição para a Seleção Brasileira.
Pois é justamente a equipe canarinho que estou recordando.
A partir de 1958, até 2002, muita coisa mudou no futebol mundial e isso se deve à Seleção Brasileira, mais precisamente ao talento do jogador brasileiro, que deixou os europeus loucos.
Como marcar Garrincha e Pelé? Este foi um questionamento que durou anos. Começou em 1958 e perdurou por mais quatro anos, quando o Brasil ganhou o bicampeonato mundial.
Era um ataque sensacional, com Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. Mas tinha um outro detalhe. Havia com eles um armador, Didi, que era sensacional, fora de série.
A Seleção Brasileira, naquela época, usava um sistema diferente, o 4-2-4 (quatro defensores, dois meio campistas e quatro atacantes), mas, na verdade, eram cinco jogadores que defendiam e cinco que atacavam. E sem que ninguém percebesse, Zagallo voltava para fechar.
E isso, ao ser percebido pelos europeus, fez com que eles mudassem seu sistema de jogo, armando equipes defensivamente para enfrentar o Brasil. O negócio era parar o nosso time.
O time brasileiro seguiu sendo o martírio dos europeus. Em 1970, Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivelino. No meio, o genial Gérson, na armação.
Os europeus sacrificaram os pontas, assim como um atacante. Nascia o 4-4-2 e, posteriormente, veio o 4-5-1.
E o Brasil, o que fez? Regrediu. O futebol brasileiro, ao invés de continuar ofensivo, retroage. Passou a copiar os europeus. “Só joga quem marca” parece ser o lema.
E o futebol brasileiro sacrifica pontas, depois atacantes de centro. Joga com apenas um na frente. Os laterais são obrigados a atacar e, assim, abrem espaços, em suas costas, para os atacantes adversários.
Mas o pior é sacrificar o meio-campo. O armador não existe mais, pelo menos por aqui. Nossa criatividade é “zero”.
Pois, neste Mundial de Clubes, o que vemos são equipes brasileiras diferentes, as quatro, jogando ofensivamente, até mesmo quando um treinador arma o time para barrar um ataque adversário, que é muito forte.
Os nossos times conseguem jogar ofensivamente, acuando os adversários, principalmente os europeus, em seus campos defensivos.
Os times brasileiros conseguem passar confiança para o torcedor ou espectador de modo geral, afinal de contas, aqui em Minas, torcedor de times de Rio e São Paulo não formam um número tão expressivo.
Mas jogam um futebol bonito, que busca o gol adversário. Há quanto tempo a gente não via isso?
Aí estão exemplos, que não deveriam, mas sim, têm de ser copiados pela Seleção Brasileira.
O resgate do nosso futebol está por aí. E tomar que treinadores de equipes de base de nossos times estejam vendo e adotem o sistema, o antigo. Aquele que dá liberdade de criação.
E que formem armadores.
Didi, 1958 e 1962. Depois Gérson, em 1970. Ainda tínhamos Rivelino, Paulo César, Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Adílio, Amauri Horta.
Pela volta de jogadores que tenham condições de trazer de volta o nosso futebol.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.