Ivan Drummond
Ivan Drummond
Repóter de Polícia e Esportes. Participei da cobertura e sete edições dos Jogos Olímpicos, Cobertura Copa do Mundo. Ganhador de dois Prêmios "Esso", em 1985 e 1987. Ganhador Prêmio Nacional Petrobras, com a série de matérias "Hilda Furacão"
HISTÓRIAS DO ESPORTE

Até quando essa guerra vai continuar?

"A conclusão que chego é que falta educação. Isso mesmo. Educação"

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Domingo, aquele dia mais aguardado por todos. Dia de encontrar os amigos, reunir a família, ir ao clube, para alguns dia de bater uma pelada, curtir os filhos. Bom, essa seria a normalidade. Mas às vezes acontece alguma coisa que muda tudo, transforma a vida, vira um problema, aliás, um problemão. Pois foi o que aconteceu no último domingo (18/5), tudo, por conta de um clássico entre Cruzeiro e Atlético, no esporte que é a maior paixão do brasileiro: o futebol.

Antes, era um dia de festa, reunindo torcedores dos dois times no estádio, que só se enfrentavam nos gritos. De um lado, “Galo, Galo…”, para incentivar o Atlético, e “refrigerado”, para pirraçar o cruzeirense, se referindo ao fato de que a torcida do time celeste ficava na sombra na arquibancada do Mineirão. A do Cruzeiro, além dos gritos de “Cruzeiro, Cruzeiro”, que se transformaram em “Zêro, Zêro”, cutucavam os rivais chamando-os de “cachorrada”, isso, por causa das cores da camisa do rival, preta e branca. Faziam referência ao fato de que cachorro só enxerga em preto e branco. Faziam essa ligação.

Mas não ia além disso. Ninguém brigava por causa de futebol. Tinha provocação? Tinha. Mas não se partia para as vias de fato, para a ignorância, como acontece nos dias atuais.

Não me esqueço de que essa rivalidade selvagem, ignorante, passou a acontecer não só em dias de jogos. Uma vez, eu estava na cobertura de um evento de MMA, no Marista Hall, quando chegou a notícia de que em frente ao ginásio três ônibus de torcedores do Cruzeiro haviam sido atacados por atleticanos. Os ônibus levavam os torcedores para um jogo em Volta Redonda. E tive de sair do evento para cobrir outro tipo de luta. E houve, neste caso, até mesmo morte.

Olha, sinceramente, paro para pensar no que pode estar acontecendo para chegarmos a este ponto. Já vimos, várias vezes, brigas no meio da rua entre torcedores dos dois times.

A conclusão que chego é que falta educação. Isso mesmo. Educação. Tenho certeza de que quem participa dessa selvageria não teve educação, não pensa no que faz, o que é mais grave.

E neste domingo pelo menos três ocorrências me chamaram a atenção, que de certa forma, desviam o foco do clássico e da festa que ele proporciona. Pela manhã, em Ibirité, a primeira ocorrência. Olhem a que ponto chegamos. Foi em Ibirité. Nem foi em Belo Horizonte. Dois torcedores foram presos, numa briga envolvendo as torcidas rivais.

A PM recebeu informação de que haveria um confronto entre cruzeirenses e atleticanos no centro da cidade da Região Metropolitana de BH. Viaturas foram enviadas ao local e conseguiram dispersar os brigões.

Mas foram apreendidos 13 porretes, um revólver, um soco-inglês e uma porção de maconha. Os brigões fugiram, mas após um rastreamento, a PM localizou dois homens em um carro entre os muitos que fugiram do local quando da abordagem policial. Este veículo estava escoltando um ônibus de torcedores cruzeirenses, que estavam seguindo para o Mineirão. E o material apreendido estava no porta-malas.

O segundo fato ocorreu no Bairro Inconfidência, na Região Noroeste da capital, onde seis torcedores celestes, usando camisas do time, foram presos na tarde de domingo após uma briga com um torcedor atleticano, também uniformizado. A PM informa que a confusão ocorreu quando os cruzeirenses tentaram arrancar a camisa do torcedor atleticano.

E olha, que os cruzeirenses eram cinco homens e uma mulher. Uma mulher. A que ponto chegamos. Foi ela quem começou a confusão, ao tentar arrancar a camisa da vítima. Os cruzeirenses carregavam fogos de artifício e um bastão de madeira. Pois foram presos. O atleticano sofreu ferimentos leves.

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O jogo acabou, mas os problemas, não. Após o apito final, no setor roxo inferior do Mineirão, houve uma briga entre cruzeirenses. Um homem foi preso e outro saiu carregado, ferido. E nos corredores, algo ainda mais surpreendente. A PM interveio para retirar uma mulher que começou uma briga com outros torcedores. Ela investia contra eles.

Pois é. A PM acaba de criar um batalhão especial para eventos, o que tem de ser aplaudido, de pé, para atuar em eventos esportivos e shows. Mas sinceramente, somente quando houver educação neste país, o que os políticos parecem não querer, é que acho que teremos paz e que a alegria voltará finalmente.


As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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