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Henrique Portugal
Henrique Portugal
HENRIQUE PORTUGAL

Qual é a identidade do nosso carnaval?

Sou mineiro de nascença, coração e residência. Por isso estou aqui para dizer que o carnaval de Belo Horizonte chegou em sua maturidade

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Finalmente o ano começou. O nosso festejado carnaval terminou no fim de semana, com o desfile de grandes blocos nacionais como o Malvadão do Xamã e o querido Olodum, com sua bela história. Agora é cuidar de nossas vidas e, se possível, torcer para que o nosso país melhore e consiga fugir das armadilhas econômicas que entramos.

Sou mineiro de nascença, coração e residência, cresci vendo os ensaios do bloco caricato “Os Inocentes” em Santa Tereza. Já desfilei na Sapucaí, toquei em trio elétrico, já passei carnaval em algumas cidades do interior de Minas, e por isso estou aqui para dizer que o carnaval de Belo Horizonte chegou em sua maturidade.

 

 

Depois de passar por um renascimento inacreditável, o carnaval adaptou-se à nova situação. Agora chegou a hora de pensar como dar longevidade a esta festa que se tornou tão importante no calendário mineiro. Este momento “fenix” do nosso carnaval provavelmente foi impulsionado pela tentativa do nosso ex-prefeito Marcio Lacerda de transformar a capital dos mineiros em um local de tranquilidade no feriado.

De pequenos encontros nas praças ou esquinas da cidade, surgiram blocos que se tornaram a pedra fundamental para o que acabamos de ver pela cidade. Se pensarmos neste mundo digital, onde a maioria dos nossos contatos são feitos através de mensagens, ver tanta gente nas ruas de forma harmoniosa é um retorno ao mundo real.

 


Existe um fator social muito importante neste movimento. Cada bloco tem uma identidade, seja ela por estética musical, defesa de minorias ou simplesmente diversão e arte. A estratégia de ter blocos de rua somente durante o dia é ótima, deixando a noite para os eventos privados e em locais fechados.

Agora que chegamos na fase adulta do nosso carnaval de rua, temos que trabalhar pensando na longevidade.

O aumento das avenidas sonorizadas foi uma ótima decisão, assim como a melhora do sistema de som. Fazer com que uma avenida tenha a mesma qualidade de som durante todo o percurso do bloco não é coisa fácil. Esse tipo de técnica sonora vem sendo desenvolvida há anos no carnaval carioca e paulista.

Um detalhe me chamou a atenção, o gigantismo de alguns blocos. As belas imagens aéreas, com um mar de gente é sempre impressionante. Fico na dúvida se um bloco com mais de 100 mil pessoas no cortejo faz sentido. A minha carreira artística me ensinou que em alguns momentos é importante limitar a quantidade de pessoas para não correr riscos desnecessários.


Pessoalmente, prefiro os blocos menores, onde é mais fácil chegar, se divertir e conseguir ir embora. Temos que manter o perfil de ter um carnaval inclusivo sendo bom para as famílias, jovens e adultos.

 

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Pensando nas oportunidades que são criadas com o nosso carnaval, hoje uma pessoa que nunca tocou numa bateria de escola de samba pode ter essa experiência. Uma parte da receita dos blocos vem de ensaios remunerados com esses novos percussionistas. Se você ainda não teve essa experiência, recomendo.

A criação da “Via das artes” foi uma grande ideia, levando múltiplos caminhos culturais aproveitando a presença de tantos turistas na cidade.

Desde o ano passado venho gravando músicas autorais de alguns blocos. Este ano fiquei muito feliz de ter sido chamado pela Fundação Clóvis Salgado para ser o diretor musical das “trilhas do carnaval”.

O meu resumo é que precisamos cuidar desta grande festa que foi criada a partir de um movimento natural da população. O carnaval de Salvador, assim como o do Rio de Janeiro, já tem uma identidade. Agora qual será a nossa?

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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