

Na contramão do barulho, a liderança silenciosa
Líderes tóxicos foram citados como um dos grandes desafios na gestão de pessoas, em uma pesquisa publicada pela Exame
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

Discursos inflamados, provocações e até violência de líderes transformando debates políticos em espetáculos midiáticos rechearam recentemente páginas de jornais, sites e redes sociais.
Em meio a todo esse barulho e exageros, e pensando no lado corporativo, me veio à cabeça um tipo de liderança mais reservada, que valoriza a colaboração: a liderança silenciosa. Ela vai na contramão daquele estilo tradicional de líder absolutista, autoritário, que lidera pela imposição, algo que, na minha opinião, dá muitas margens para gerar erros.
05/03/2024 - 15:24 O mundo em pedacinhos 03/08/2024 - 04:00 O streaming não é tão bom quanto parece 07/09/2024 - 04:00 Indústria da música é o maior fator de inclusão social
Prefiro os gestores que ouvem, aprendem e abrem espaço para o diálogo, o que não reflete exatamente a realidade. Líderes tóxicos foram citados como um dos grandes desafios na gestão de pessoas, em uma pesquisa publicada pela Exame.
Recentemente, um artigo da Bloomberg falou sobre a morte prematura de Susan Wojcicki, aos 56 anos. Susan foi executiva do YouTube por quase 10 anos e cofundadora do Google.
Ela teve uma carreira notória, desenhou o que hoje são essas gigantes. E como cita o artigo, é lembrada por sua liderança silenciosa. Com perfil discreto, ela tinha o poder de “prosperar no caos, sendo a voz da razão” e privilegiava tomar decisões por consenso.
Sobre Susan, o youtuber Hank Green escreveu: “As pessoas sentem que a estrutura do mundo é inevitável, mas ela é construída por pessoas e o que vocês construíram sob a liderança silenciosa de Susan em um ambiente ridiculamente complexo é extremamente especial e muito acima do que outros criaram”(Bloomberg).
Outra liderança que também nos deixou há pouco tempo, Charlie Munger, “um visionário silencioso”, como descreveu a Forbes, é uma liderança de personalidade reservada, assim como Warren Buffett, seu parceiro. Eles moldaram o mercado financeiro com suas ideias e opiniões, sem aquele tom agressivo.
Por fim, não dá para deixar de falar de Bill Gates, que sempre demonstra muita tranquilidade, racionalidade e uma grande dose de inteligência estratégica.
Do meu ponto de vista, a figura da liderança silenciosa reflete mais que um perfil discreto, ela se concentra em ideias e ações que influenciam e tem o poder de conduzir, sem ter a necessidade de ordenar.
Afinal, como afirma o filósofo sul-coreano, Byung-Chul Han: “Quanto mais poderoso for o poder, mais silenciosamente ele atuará. Onde ele precisar mostrar sua força, é porque já está enfraquecido”.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.