
Quinze anos depois, Cao Guimarães se emociona com sua volta a BH
Mostra ‘Um grão de domingo’ reúne trabalhos do artista, que adorou reencontrar os amigos que não via há tempos
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

É difícil não se emocionar diante das obras da exposição “Um grão de domingo”, de Cao Guimarães, em cartaz na galeria do Centro Cultural Unimed-BH Minas, em Lourdes. Amigo de adolescência de Cao, o artista plástico Marco Paulo Rolla afirma à coluna: “Ele presta atenção em coisas que ordinariamente ninguém vê”.
Na quinta-feira passada (10/7), durante a abertura da mostra, o que mais emocionou Cao foram os amigos de longa data que ele não via há um bom tempo. “Minha última exposição em Belo Horizonte foi no Museu da Pampulha, com Adriana Varejão, há uns 15, 20 anos. Há muito tempo não fazia exposição em BH, a quantidade de gente me emocionou muito. Era gente que não via há muito tempo, e é sempre bom você mostrar um recorte de seu trabalho na cidade natal”, revela o artista visual.
Leia Mais
• INÉDITAS
Com curadoria de Luisa Duarte e Lucas Alberto, a seleção apresenta trabalhos mais conhecidos de Cao, como “Gambiarras” e “Plano de voo”, e os inéditos “Guardião do tempo”, “Rolezinho” e “Clinamen”. São quase 15 criações em suportes na fotografia, vídeo e instalação. Cao é de Belo Horizonte e tem produção intensa desde o final dos anos 1980. Obras do mineiro estão presentes em coleções da Tate Modern (Reino Unido), MoMA e Museu Guggenheim (EUA), Fondation Cartier (França), Colección Jumex (México) e Museu Thyssen-Bornemisza (Espanha), além do Inhotim, em Minas Gerais.
• CINEMA
Entre os admiradores de Cao Guimarães que compareceram à abertura da mostra, Nydia Negromonte não poupa elogios. “Fiquei muito feliz em ver a exposição dele, meio uma retrospectiva importante do conjunto de fotografias. Muito bom ver o Cao fotógrafo. Ele é cineasta, fez vários filmes e vídeos, mas a fotografia dele é bastante potente”, afirma a artista plástica.
De 2001 a 2023, Cao lançou 12 longas-metragens: “Amizade” (2023), “Santino” (2023), “Espera” (2018), “O homem das multidões” (2013), “Otto” (2012), “Elvira Lorelay: Alma de dragón” (2012), “Ex isto” (2010), “Andarilho” (2007), “Acidente” (2006), “Alma do osso” (2004), “Rua de mão dupla” (2002) e “Fim do sem fim” (2001). Filmes dele participaram de renomados festivais internacionais, como Cannes, Locarno, Sundance, Veneza, Berlim e Rotterdam.
• AMIZADE
Marco Paulo Rolla diz que o desenvolvimento do trabalho do amigo é pautado pela observação do instante, do inusitado e das coisas mínimas da vida. “Isto é a marca do Cao, desde sempre. É um olhar muito especial, olhar muito atento à vida.” Cita como exemplo a série “Gambiarras”, cujas fotografias mostram soluções caseiras inventadas por brasileiros e cubanos, como o porta-malas do carro abandonado que serve de armário. “São imagens que exaltam a criação do ser humano, não só do artista”, comenta Marco Paulo.
• POETA
O amigo da juventude revela uma curiosidade que pouca gente sabe. “Na adolescência, Cao era poeta. Escrevia. Deve escrever ainda e não mostra”, brinca Marco Paulo. “A poética está nele”, garante. A coluna quis saber de Cao Guimarães sobre seus poemas. “Nossa mãe! Isso já tem muito tempo”, diz ele, entre risos. “Eu parei, foi um surto juvenil. Escrevo, digamos, uma poesia de dois em dois anos, talvez. Muito eventualmente escrevo um poema, infelizmente. Queria escrever mais. Foi uma síndrome juvenil”, revela.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.