
O tarifaço contra o Cruzeiro do Leonardo Jardim
Voltar a preocupar os gigantes do futebol (mercantilista) brasileiro não traz apenas bônus. Junto, vem também o ônus
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“A longa parada do Brasileirão será benéfica ou prejudicial para o Cruzeiro?” Essa era a dúvida antes da peleja contra o Grêmio. Se esfriaria o ritmo e a gana do escrete de Leonardo Jardim ou se daria a ele tempo para consolidar seu processo de recuperação do elenco.
O placar elástico e o show de disposição tática, do último domingo (13/7), foram uma resposta contundente e inquestionável. Nosso “mister” aproveitou – e com maestria – o período da Copa do Mundo de Clubes para deixar o nosso escrete ainda mais letal.
Obviamente, isso não significa que seremos campeões ou que venceremos todas as partidas. Mas fato é que o Cruzeiro não é mais só “a surpresa” do Brasileirão. O confronto contra o time gaúcho colocou o Cabuloso no patamar de “realidade”.
Mas como estamos falando em paradas e pausas, vamos a mais uma para apimentar essa reflexão.
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O Flamengo informa que desistiu de negociar os direitos do jovem Matheus Gonçalves com o Cruzeiro. Motivo: não quer reforçar um rival direto na disputa pelos títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.
Kaio Jorge faz hat-trick contra o Grêmio, assume a artilharia do Brasileirão com 11 gols e já tem convocação para a Seleção Brasileira cogitada. Ponto de atenção: se já despertava o interesse de clubes europeus, como o Bayern Leverkusen-ALE, ele passa a ser a joia brasileira da vez. E com a janela de transferência das principais ligas da Europa abertas.
Contra o Grêmio, Matheus Pereira faz uma de suas melhores partidas desde que chegou ao clube mineiro. Por trás da notícia: a surpreendente atuação do meia ocorre exatamente na semana em que começam a pipocar na imprensa (principalmente na “aldeia”) questionamentos se a diretoria celeste já procurou o estafe do jogador para discutir renovação di contrato, mesmo com um ano – 12 longos meses – para se encerrar o atual vínculo. Baseado nos últimos salários acertados por Alexandre Mattos com atletas como Gabriel e Dudu, a pedida de Matheus Pereira deve ultrapassar os R$ 2 milhões mensais.
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Retomada. Volta à reflexão. Deixar de ser apenas uma surpresa e se tornar uma realidade que preocupa os gigantes do futebol (mercantilista) brasileiro não traz apenas bônus. Junto, vem também o ônus, o tarifaço.
Possíveis perdas de peças-chaves do escrete para o mercado europeu. Atenção redobrada dos adversários para confrontos diretos com o Cruzeiro. Egos e pedidas salariais infladas. Dependência tática de jogadores que já demonstraram não possuir equilíbrio psicológico. São alguns dos itens da cesta do tarifaço imposto à ousadia do Time do Povo Mineiro em ocupar o topo da pirâmide.
Mesmo com a vantagem sobre alguns de seus principais rivais na tabela (Palmeiras, Flamengo, Bahia, Botafogo e Fluminense) de não disputar um terceiro torneio, em meio ao Brasileirão e à Copa do Brasil, é preciso muita atenção e criatividade por parte da comissão técnica de Leonardo Jardim para manter o elenco motivado e em alto nível por tanto tempo. Afinal, ainda estamos a três meses e dezenas de confrontos decisivos de qualquer disputa final pelos títulos nacionais.
Também será fundamental que a diretoria da SAF Cruzeiro seja cirúrgica para encorpar o elenco e/ou antecipar substitutos a possíveis perdas para o mercado internacional. Sempre bom lembrar os exemplos de 1976 e 2003, quando as diretorias foram perfeitas em contratar substitutos para Dirceu Lopes (Jairzinho) e Deivid (Márcio Nobre e Alex Dias), respectivamente; não deixando a qualidade e o ritmo dos times caírem.
O tarifaço de Trump, da Família Bolsonaro e da extrema direita deu ao povo e aos trabalhadores brasileiros a chance de finalmente acordarem e não serem mais massa de manobra para golpistas, milicianos e super-ricos. Que o nosso Cruzeirão Campeão se prepare para responder à altura o simbólico tarifaço imposto por deixar de ser surpresa e se tornar – novamente – realidade entre os gigantes do futebol brasileiro.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.