
A SAF Stylommatophora, um pavão-paquiderme e o copo do Cruzeiro derramando
O time celeste caminha para mais um ano de desilusões e desastres anunciados. Não pelos 'roubos do VAR, mas, sim, pela incompetência de gestores e diretores
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Há quem segue sustentando a retórica dos erros de arbitragem como únicos vilões do Cruzeiro. Mas até os mais lentos, como os moluscos da categoria Stylommatophora (caracóis, caramujos e lesmas), já começam a cair na real: de que o copo está derramando não apenas por culpa dos apitadores.
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Enquanto, de um lado, canais de comunicação “chapa branca-e-azul”, cevados com patrocínios vindos da exploração da imagem mercadológica do clube, continuarão a evitar críticas, para não serem censurados monetariamente, de outro boa parte da Nação Azul não se presta a esse papel e, em tom de alerta, é capaz de apontar os perigos de se minimizar os erros e as escolhas estúpidas do corpo técnico da SAF Cruzeiro.
O time celeste caminha para mais um ano de desilusões e desastres anunciados. Não pelos “roubos do VAR”, mas, sim, pela incompetência de gestores e diretores. O rabo de pavão de outrora já não consegue esconder as lambanças dignas de um paquiderme estabanado a mergulhar no copo, jogando para fora dele gotas e mais gotas de paciência da torcida cruzeirense.
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Em abril de 2024, comemoramos o fim da era blasé do tenista Ronaldo Nazário e de sua Patota de Corintianos e Playboys de Sapatênis à frente da SAF Cruzeiro. Estendemos o copo para Pedrinho do SuperPovão BH, lhe propondo um brinde de esperança. Mas, na ocasião, um alerta foi feito.
“É preciso blindar RADICALMENTE a gestão do clube. Respeitar a torcida não é sinônimo de abrir o clube para regalias. Contratar jogadores de qualidade não pode estar atrelado a deixar o clube refém de empresários e, muito menos, das loucuras de diretores de futebol. Que Pedrinho seja irredutível do ponto de vista de garantir que sua empresa não seja carcomida por dentro.”
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Exato um ano depois, o saldo é de três campeonatos perdidos, uma ciranda de treinadores, 20 derrotas e incríveis R$ 200 milhões entornados em contratações totalmente sem critério técnico e ao bel prazer da incompetência do então diretor de futebol, Alexandre Mattos, que, mesmo com todo esse fiasco, ainda foi alçado ao cargo de CEO do clube.
Tentando estancar o escorrer da paciência, derramada sobre a mesa do fracasso, domingo passado, Pedrinho, mesmo que lento como os caracóis, finalmente deu sinais de que não passará mais pano para sua Diretoria Paquiderme Rabo de Pavão.
Porém, é urgente que o dono da SAF Cruzeiro seja um pouco mais rápido do que os caramujos. É urgente que troque peças e promova uma ampla, real e irrestrita profissionalização nas diretorias, gerências e superintendências ligadas ao futebol do clube. Ou vai esperar o neto do Matheus Pereira nascer para demitir os incompetentes?
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Obviamente, não vivemos um estágio de terra devastada, mas o Cruzeiro está perigosamente flertando com o passado. Assim como em 2019, hoje o clube voltou a se tornar um paraíso para jogadores mimados, narcisistas e mercenários. Empresários estão se enriquecendo com contratações e salários estratosféricos garantidos pelas loucuras dos diretores de futebol. Mas Pedrinho precisa ser rápido para impedir que os efeitos colaterais da farra de contratações tresloucadas de Mattos levem sua SAF Cruzeiro a um caminho sem volta.
Na noite de hoje, pela Copa Sul-americana, contra o humilde Mushuc Runa, do Equador, muito provavelmente, o Cruzeiro sairá de campo vitorioso. Porém, assim como a nada merecida vitória sobre o Mirassol, na abertura do Brasileirão, o resultado, se vir, será só mais uma “cortina de fumaça” a turvar os olhos menos críticos e a sustentar a bajulação dos canais e influencers “chapa branca-e-azul”. Porque até as lesmas sabem que, se uma mudança radical de postura e de comando não ocorrer em curto prazo no Cruzeiro, o caminho continuará sendo o do fracasso, inclusive com mais um provável desastre no próximo domingo, contra o São Paulo, no Morumbi.
Vai ser culpa do VAR? Vai ter mais uma “brilhante” nota oficial da comunicação do clube? Ou vão culpar a vaca por ter produzido mais leite do que cabia no copo?
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.