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Gustavo Nolasco
Gustavo Nolasco
DA ARQUIBANCADA

Quem foi o mau-caráter do clássico?

Dudu falou sobre a pisada que sofreu. Reiterou que foi atingido. Refutou a versão atleticana de que teria se jogado com a intenção de ser agredido

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 “Eu não tive a intenção, ela que me provocou”. “Ela não devia estar vestida com aquelas roupas.” “Eu estava no meu caminho e ela que se ofereceu.” “Rolou um clima. Ela quis.”

 

 

São alguns dos infindáveis argumentos usados por pervertidos, abusadores sexuais e estupradores para não assumirem culpa perante seus abomináveis atos. Todos eles acobertados pelo machismo enraizado na sociedade brasileira, que sempre leva esses criminosos a transferirem – sem nenhum remorso – a culpa para a vítima que, na sua maioria, são mulheres vulneráveis, meninas adolescentes e crianças.

 

“O Lyanco não teve a intenção.” “Ele estava no seu caminho e o Dudu que colocou o braço embaixo de onde seria a sua passada.” “Se ele (Lyanco) tivesse falando que foi intencional, eu teria falado para vocês.”

Foram as justificativas dadas pelo treinador do Atlético de Lourdes. Cuca e outros três ex-atletas foram réus em um processo por estupro de uma menina de 13 anos, na Suíça, em 1987. Foi condenado, mas, desde o ano passado, tem o status de “presumidamente inocente” por conta de um erro técnico que embasou a decisão do Judiciário. Até então, Cuca – que “teria falado para vocês” – sempre se esquivou do tema.

 

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Diferentemente do tecnicamente inocente Cuca, o ex-jogador Robinho, condenado por estupro, também na Europa, hoje está preso no Brasil. Em 2017, quando atuava pelo Atlético de Lourdes e já respondia pelo crime, marcou um gol contra o Cruzeiro. A direção atleticana, mesmo sabedora do processo por estupro, colocou a camisa do atacante exposta na sede do clube como um troféu.

Pouco mais de 10 minutos após cravar as travas da chuteira no braço de Dudu, Lyanco tomou uma cotovelada. Caiu, com as mãos no rosto. Chamado pelo VAR, o árbitro expulsou Gabriel, atacante do Cruzeiro.

“Bati com o cotovelo no rosto dele.” “(Você caiu em alguma provocação do Lyanco?) Não, de forma alguma! Eu que tentei dar um tranco.” “A culpa pela derrota foi minha.” Essas foram algumas das falas de Gabriel, assumindo não só a culpa pela agressão, mas também pela derrota do Cruzeiro.

 

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Dudu falou sobre a pisada que sofreu. Reiterou que foi atingido. Refutou a versão atleticana de que teria se jogado com a intenção de ser agredido. Apesar disso, preferiu não alimentar a polêmica e focou em comentar sobre os próximos jogos.

“Dei a passada por cima dele (Dudu) para pegar a bola e ele botou o braço.” Assim o zagueiro Lyanco culpou o pisoteado Dudu pela suposta agressão física. Já quanto ao ato de homofobia que praticou contra torcedores cruzeirenses, simulando a aplicação de maquiagem no rosto, ele confessou: “Aconteceu e foi provocação. Foi na hora do gol. Foi, velho. Não tem nem o que falar.”

Parte considerável da torcida do Cruzeiro, por diversas vezes, entoou cânticos homofóbicos direcionados ao zagueiro atleticano e ao próprio Atlético de Lourdes. Além de cometerem um crime, assim como o próprio Lyanco, esses torcedores também foram de uma imbecilidade completa, pois trocaram a oportunidade de incentivar seu escrete pelo xingamento ao adversário, o motivando ainda mais (foi só o Gabriel o culpado pela derrota?).

Um radialista, funcionário da “aldeia” (alcunha dada aos órgãos da imprensa mineira que têm como dona a Turma do Sapatênis) fez questão de enfatizar e pedir punição à torcida do Cruzeiro pelos atos homofóbicos. Estranhamente, não fez o mesmo quanto à resposta homofóbica do zagueiro do time dos Bilionários do Brasil Miséria.

 

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Até hoje, ninguém da “aldeia”– tampouco o parcialmente indignado radialista – fez qualquer cobrança ou pedido de explicação quanto à prática da Turma do Sapatênis de entoar gritos homofóbicos direcionados a goleiros de times adversários. Nenhum deles pediu punição ao Atlético de Lourdes pelos cânticos homofóbicos executados reiteradamente, há cinco décadas, em direção à torcida do Cruzeiro. Em ambos os casos, não houve qualquer denúncia contra o Atlético de Lourdes ou contra a ala racista e homofóbica da Turma do Sapatênis.

Fica a pergunta: quem foi o mau-caráter do clássico?

 

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