Lautaro Díaz, Villalba, Barreal, Dinenno e Lucas Romero comemoram a vitória por 3 a 0 sobre o até então líder Botafogo, no Engenhão -  (crédito: GUSTAVO ALEIXO/CRUZEIRO)

Lautaro Díaz, Villalba, Barreal, Dinenno e Lucas Romero comemoram a vitória por 3 a 0 sobre o até então líder Botafogo, no Engenhão

crédito: GUSTAVO ALEIXO/CRUZEIRO

No último sábado, minutos antes da peleja entre Cruzeiro e Botafogo, Gladstone chegou ao Engenhão sem medo ou apreensão. Muito diferente da última vez em que esteve ali. Há exatos oito meses, quando ele e eu éramos os únicos (e infiltrados) torcedores do Cabuloso a encararem uma perigosíssima peleja no mesmo estádio, contra o mesmo Botafogo e pelo mesmo Brasileirão.

 

O dia era 3 de dezembro de 2023. Penúltima rodada da competição. Pela incompetência e falta de tesão por futebol da Patota de Corintianos e Playboys de Sapatênis da antiga gestão da SAF Cruzeiro, o nosso time chegava para a peleja no Engenhão ameaçado por uma tragédia. Uma derrota para o Botafogo naquela noite, combinada com resultados de outros clubes também ameaçados pelo Z-4, poderia nos obrigar a enfrentar o Palmeiras, na última rodada, precisando vencer para não sermos novamente rebaixados (o mesmo Palmeiras, na mesma última rodada, no mesmo Mineirão, como em 2019).

 

Por uma ação do Ministério Público de Minas Gerais (comandado pelas oligarquias políticas da Turma do Sapatênis e por torcedores de clubes do Eixo RJ-SP), a Nação Azul estava proibida de entrar nos estádios nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro. Por isso, não houve venda de ingressos para a torcida do Cruzeiro e o setor de visitantes estava fechado.

 

 

Sentado em frente à estátua de Nílton Santos, aguardei pelo meu companheiro de ousadia. Poucos minutos de espera e Glad se aproximou. No antebraço, uma faixa enrolada e colada com esparadrapos brancos sobre a tatuagem das cinco estrelas. Como se cobrisse um ferimento.

 

Sentíamos medo, pois os botafoguenses estavam revoltados pela recente perda de chances do título do Brasileirão, que ficaria com o Palmeiras ou o Grêmio. Mas nós não iríamos abandonar o Cruzeiro em um momento tão tenso. Entramos no meio deles.

 

Ao final daquela noite, após o sofrível time da SAF do Ronaldo segurar um 0 a 0 quase impossível, e com a combinação de outros resultados, o Cruzeiro ficou matematicamente livre de uma nova tragédia. Foi para a rodada final contra o Palmeiras só para cumprir tabela e respirar aliviado.

 


No último sábado, a tatuagem no antebraço de Gladstone, desta vez, combinava com a noite, pois as cinco estrelas do Cruzeiro do Sul estavam à mostra. Tanto na pele dele quanto reluzentes no céu do Rio de Janeiro. Não havia medo ou apreensão. Somente uma alegria incontida por chegarmos à abertura do returno da competição figurando no pelotão de frente e com um escrete altamente competitivo, jogando o fino da bola.

 

Glad pisou as arquibancadas após cruzar o portão destinado aos torcedores do time visitante. Cabeça erguida. No peito, orgulhosamente, carregava o lema “Resistência Azul Popular”. Tatuagem no antebraço erguida. Cantando os refrões entoados pela torcida que mais canta no Brasil (a Nação Azul). SERENO! Não precisou se infiltrar entre os botafoguenses, como havíamos feito, sozinhos, em 2023. Misturou-se a centenas de Brunos, Vinícius, Alianes, Josés, Marias, Salomés e tantos outros do feliz Povão Azul.

 

Durante toda a peleja, o nosso escrete foi iluminado pelas estrelas do Cruzeiro do Sul. O céu se manteve límpido. Chuva? Só de golaços: William, Lautaro Díaz e Álvaro BOMBArreal!!!

 

A Cidade Maravilhosa foi palco para a exibição de gala do ano! Desse Cruzeiro tão bem treinado por Fernando Seabra; tão bem montado pela atual SAF Cruzeiro e tão loucamente amado por seu novo gestor, Pedrinho do SuperPovão BH. Um time que sabe o que fazer em campo e… faz lindamente!

 

Faltam 18 rodadas e um jogo adiado contra o Internacional. A liderança do Flamengo a apenas cinco pontos de distância. Podemos vislumbrá-la de tão pertinho, mas com os pés no chão, pois ainda existe um longo caminho para realmente sonharmos com um título.

 

Mas uma coisa é certa. Com esse escrete, o Cruzeiro não é mais só um infiltrado no pelotão de frente. Senhoras e senhores, o Cabuloso voltou!