

No lugar do chester de peito estufado e alma pequena
Não importa que o mando de campo seja do arquifreguês, a gente até gosta quando é assim – vide a finalíssima da Copa do Brasil em 2014 e a do Mineiro em 24
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O Galo ganhou duas das três últimas partidas no Mineiro por miseráveis 1 a 0. Passou aperto diante de adversários limitados, sendo o Villa um saco de pancadas contra o qual não faria feio um selecionado da firma. O Athletic, bem, esse até guardava semelhanças com um time profissional. Ainda assim, foram bons jogos, com a intensidade característica dos times arrumados por Jack, o treinador.
Antes de se lamentar a pré-temporada na Disney, uma perda de tempo na urgente organização do time, é preciso atentar-se para a realidade da nossa base. Sua utilização no início do Mineiro produziu prova inconteste de que ela inexiste até para os moldes tacanhos do arranca-toco.
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O Galo não tem elenco, não tem futebol feminino, não tem banco de reservas, não tem gestão nem transparência. Também não tem futebol de base. A impressão é de que a peneira é feita por algum funcionário munido de uma daquelas redes de caçar borboleta – cuidado ao andar desavisado por Lourdes, você pode acabar capturado. E, como o Savinho, vendido por um cacho de banana.
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Agora estamos aí, prestes a sacramentar a pior campanha em um Campeonato Mineiro em 21 anos, um horror em modo contínuo desde novembro passado. Sorte que temos pela frente o arquifreguês. Não por motivos de freguesia, mas porque nos é dada a chance da volta por cima que qualquer grande clássico oferece. Uma pena que Júnior Santos tenha sido tão júnior, e Cuello tenha se lesionado. Ó vida, ó céus, ó azar.
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Sorte que é no Mineirão, a nossa casa pra valer, o salão de festas cujo problema da acústica está circunscrito ao gogó de cada um. Não importa que o mando de campo seja do arquifreguês, a gente até gosta quando é assim – vide a finalíssima da Copa do Brasil em 2014 e a do Mineiro em 24. O cruzeirense aprecia essa condição de testemunha ocular da história. É um devoto de São Tomé, o apóstolo que precisava “ver para crer”.
Cruzeirenses sempre gostaram, também, da posição de espectador dos 10% de atleticanos antes permitidos no Mineirão em clássicos com mando de campo deles. Não eram como os comedores de pipoca em sala de cinema – mantinham-se em respeitoso silêncio enquanto o espetáculo se desenvolvia. Vetados os 10%, amanhã infelizmente terão de se contentar com eles próprios e em número recorde. Tão bons em fazer festa como são as minhas tias da novena na organização de um baile funk.
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Jack, o treinador, está com a faca e o queijo na mão, um canastra meia-cura, a caminho do ponto ideal: Hulk voltou e Scarpa é seu principal garçom, a receita correta para o necessário mexidão. Natanael, mistura de Natal com Papai Noel, é, até o momento, nosso melhor presente. Bernard, antes com depressão nas pernas, parece ter recuperado a alegria. Arana voltou a ser Arana. Jack sabe das coisas, é preciso reconhecer.
Ao Galo só interessa a vitória no clássico de amanhã, embora possa se classificar com um empate e alguma sorte nessas duas rodadas derradeiras. Segue vivo o sonho do hexa!, como dirá algum gaiato.
Se a gente ganhar do Cruzeiro, se ressurgir amanhã a força de um Gabi Sem Gol, a malemolência (sobretudo a molência) de um Dudu Bananinha, aí estaremos renascidos das cinzas – o Galão em seu formato de fênix, no lugar do chester de peito estufado mas de alma pequena. Como Buzz Lightyear, ao infinito e além!