O lateral-direito Saravia comemora um dos gols que marcou na goleada por 3 a 0 diante do CRB, pela Copa do Brasil -  (crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

O lateral-direito Saravia comemora um dos gols que marcou na goleada por 3 a 0 diante do CRB, pela Copa do Brasil

crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

Desde que o arquifreguês foi vendido para o dono do mercadinho, a coisa por lá parece ter entrado no eixo, depois de cinco anos entre o segundo subsolo e o fundo do poço. Achei que ia morrer. Infelizmente morreu mas passa bem. Se entrou no eixo, cabe a nós, hoje, agora e daqui pra frente, fazê-los entrar pelo cano.

 

Fora do eixo também estávamos nosotros, que de aguerridos militantes passamos a olhar Milito como um possível boludo, ou um pelotudo, no limite da ira, cabrón! “Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás”, dale Che, então é importante reconhecer: o time do banqueiro é desprovido de banco, que mierda, a culpa pois é dele, banqueiro. Siempre!

 

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Acontece que na quarta-feira teve mais e o trem descarrilado de repente entrou na linha, configurando-se o clássico trem bão, aquele que chega na hora certa, pontual, britânico, justamente antes do clássico, a um ponto da estação Libertadores, na terça que vem. Como diria meu filho adolescente depois de 11 horas de sono num sábado de manhã, estão deixando a gente sonhar.

 

 

Há de se dar um desconto pela fragilidade do CRB, mas ainda assim um Galo escaldado, e principalmente afogado, sabe dar valor à boa vitória em qualquer arranca-toco da Copa do Brasil, a nossa Lampions League, a Copa Kaiser dos profissionais. Dito isso, Otávio parecia o Cerezo. Saravia, o nosso Cafu (segundo a amiga Carol Leandro, do ge). E o Arana, bem, era o Arana. E o Galo ganhô!

 

A vitória, no entanto, não apaga algumas derrotas que merecem registro. Uma delas é a expulsão daquele senhor negro, ao que consta em situação de rua, das cadeiras cativas da Varanda Gourmet. A nota do Galo diz que o torcedor foi retirado do estádio “por ter apresentado conduta inadequada”. Nenhuma testemunha viu tal conduta. É de se perguntar se a inadequação é de ordem social ou racial. E se cantar ou dançar na “arquibancada” tornou-se de fato inadequado. Que lástima.

 

 

Em 1987, quando o Sérgio Araújo empatou a semifinal da Copa União contra o Flamengo, um velho negro e aos prantos me abraçou no Mineirão de uma forma que eu jamais esqueci. Naquele abraço de desconhecidos residiu durante anos o meu ideal de felicidade.

 

Em 2024, as pessoas em volta daquele senhor procuravam se afastar dele, como se a sua alegria contagiante fosse doença venérea. É possível olhar os rostos dessas pessoas no vídeo que viralizou na internet: os que não estão incomodados parecem ver naquele tipo um extraterrestre, uma atração de circo. Ninguém dança, ninguém torce, só o geraldino do passado, um completo estranho no ninho. Aquele que, agora, deveria pôr-se em seu lugar. Tarefa que algum capitão-do-mato tratou de executar, para alívio geral da “massa cheirosa”. Pqp, meus amigos, vou ali dar uma suicidada e já volto.

 

 

E o Manto da Massa? Venceu uma camisa repetida, numa votação cujas regras mudaram no meio da disputa, derrotando outra muito mais bonita, ambas sem nenhuma relação com o tema proposto. Rapá, parece a eleição do Maduro. Queremos as atas! Declaro vencedora a minha Hering com o iscudugalo! Como mataram o projeto original, o negócio é abraçar o capeta e lançar o Manto da Massa Cheirosa, a Eliane Tacanhede pode ser mestre de cerimônia da premiação.

 

Falar em camisa, o Deyverson vai jogar com a 9. Caraca, uma auto-estima dessas e já tava eu pedindo emprego no New York Times – mas que não me ofereçam menos do que uma página inteira com chamada de capa! Em todo caso, viva o Deyverson, esse Dario da geração Z, figuraça e bom de bola. Que honre a camisa do Rei, o maior do mundo, e a do Tardelli também.

 

Hoje é contra o Cruzeiro, na terça contra o San Lorenzo. Vamo, Galo, pelo amor de Deus (sem favorecimento ao Papa, por favor)! Tá permitido sonhar.