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As lições financeiras que aprendi no intercâmbio pagando caro por cada uma

Do Uber desnecessário à falsa ilusão de que "quem converte não se diverte": pequenas decisões podem custar caro durante o intercâmbio.

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Por Isabel Gonçalves 

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Quando completei 18 anos, decidi que ia fazer intercâmbio para estudar inglês.  Na minha cabeça, era o começo perfeito da minha vida adulta. Mas o sonho começou a ficar mais distante quando percebi o tamanho do investimento financeiro que precisaria ser feito. Com sorte (e muito privilégio) meus pais toparam a aventura e embarquei com a mala cheia de expectativas e o senso financeiro de quem nunca precisou pagar um boleto.

Eu não resistia a uma lojinha de souvenir e um lanche em um lugar diferente. Então, o cartão de crédito, virou um passe livre para qualquer vontade. Eu só não sabia que, do outro lado, vinha a fatura internacional cheia de IOF e a lição mais cara que já paguei. Porque ninguém me contou que estudar fora não é só sobre viver uma nova cultura, é sobre entender que o dinheiro custa muito em qualquer lugar do mundo.

O que é preciso para fazer um intercâmbio? 

Quando comecei a planejar o intercâmbio, achei que “planejar” significava basicamente comprar a passagem, fechar a agência e converter mentalmente o dólar do dia. O problema é que a gente planeja só o que é visível. O resto, eu descobri no susto.

Portanto, a primeira lição aqui é comparar as opções disponíveis. Visite mais de uma agência. E se escolher fazer por conta própria, não economize tempo pesquisando. Uma pesquisa completa te salva muito dinheiro. 

Além disso, algumas palavras deveriam vir destacadas nos guias de intercâmbio como taxas extras: seguro viagem, visto e passaporte e malas. Atualmente, a emissão de passaporte no Brasil custa R$257,25 e o visto americano costuma não sair por menos de R$985,00. É claro que o valor muda de país para país, por isso deve ser considerado na conta também. 

Já o seguro viagem é indispensável. Se no Brasil já é caro se tratar, imagina fora. Pagar uma parcelinha de R$15 por dia de viagem pode te economizar mais de 5 mil euros numa emergência de saúde na Europa. 

Como montar uma reserva financeira realista? 

Um bom planejamento financeiro te mostra que não é o dinheiro que vai definir a qualidade da sua experiência no intercâmbio. Dá pra viver muito, gastando pouco. Mas para isso, é importante acompanhar e organizar os gastos. 

Pode ser em planilhas, no papel ou app. Uma boa dica é separar seu orçamento em três categorias simples:

1-Gastos fixos: aqui entram moradia, transporte e gastos com a instituição de ensino que você vai frequentar.

2-Experiências: passeios, viagens e lugares que você quer conhecer. 

3-Emergências: remédios, documentos, excesso de bagagem na volta e imprevistos da vida.

E se você for como eu que adora um outlet, separe um valor pras comprinhas também rs. Mas lembre, essa nunca vai ser sua prioridade. Experiências valem mais que bens materiais. 

Erros que eu cometi (e você não vai fazer o mesmo) 

Não priorizar o dinheiro físico 

Desse eu não esqueço até hoje. Fui em um fast food que não tem no Brasil, pedi um lanche básico e na hora de pagar, passei o cartão de crédito. Quando fui ver na fatura, corrigido para reais e com IOF, o lanchinho tinha custado quase R$130. 

Eu tinha o dinheiro na carteira, que não ia sofrer com a flutuação do câmbio e nem pagar imposto extra, e por puro costume, optei pelo cartão. Portanto, a lição que fica é: pagar no dinheiro sempre compensa mais. Principalmente em compras pequenas e que não vão durar muito. 

Pergunta se eu lembro do gosto do hambúrguer que eu comi… só lembro que foi caro. 

Esquecer a carteirinha de estudante em casa

Aqui eu paguei uma passagem de uma viagem de trem inteira, quando poderia ter o desconto de estudante. Isso tudo porque esqueci minha carteirinha da escola na bolsa.

A maioria dos países oferece benefícios generosos para estudantes, como descontos em transporte público, museus, cinemas, eventos culturais e até restaurantes. Só que, para isso, é preciso ter a carteirinha em mãos, seja emitido pela escola ou a ISIC, a carteira mundial do estudante. 

Contratar chip internacional na hora que mais precisa 

Eu descobri da pior forma que internet no exterior é igual água no deserto, você só dá valor quando acaba. Pousei no aeroporto achando que conseguiria me virar com o Wi-Fi gratuito até encontrar um chip local. Spoiler: não consegui. Bastou me perder na primeira conexão de trem, sem tradução e sem Google Maps, pra eu entender que ficar offline pode sair bem caro.

No desespero, comprei o primeiro chip internacional que encontrei, caro, com franquia limitada e validade curta. Paguei quase o dobro do que pagaria se tivesse me planejado antes. Foi aí que aprendi que a pior hora pra comprar internet é quando você mais precisa dela.

Para economizar, a regra é simples: antecipe-se. Antes de viajar, pesquise as opções de chip físico e eSIM (digital), muitas empresas enviam pro Brasil ou permitem ativar direto pelo app.

Optar pelo app de transporte ao invés do transporte público 

Durante o intercâmbio, o mapa do metrô parecia um enigma indecifrável e, convenhamos, o conforto de pedir um carro por aplicativo era tentador. No começo, me convenci de que “era só hoje” ou “tá tarde demais pra entender o ônibus certo”. Só que esses “só hoje” viraram uma rotina cara. 

A verdade é que, em quase todas as cidades grandes, o transporte público funciona muito bem e, mais importante, é parte da experiência de morar fora. Seja no metrô ou no ônibus, você aprende o caminho de verdade, observa a rotina local e economiza. O conforto tem um preço e, muitas vezes, não vale o custo de abrir mão do aprendizado.

Achar que “quem converte não se diverte” 

Eu comecei meu intercâmbio cautelosa. Convertia tudo e nada valia a pena: o café era caro, o shampoo era caro, até o pão parecia artigo de luxo. Do meio pro final, cansei. Decidi que “quem converte não se diverte” e comecei a pensar em dólar. O problema é que, na prática, eu continuava pagando em reais e o real não perdoa.

Essa frase é quase um mantra entre viajantes internacionais, mas é uma armadilha disfarçada de leveza. Ignorar a conversão não faz o dinheiro render mais, só adia o choque quando você volta pra casa. 

Hoje eu vejo que dá pra se divertir sim, mas com consciência. Planejar o que vale a pena pagar, escolher experiências que realmente importam e usar o câmbio como aliado, não como vilão. Porque no fim, quem aprende a converter direito se diverte por muito mais tempo.

Conclusão: o dinheiro que eu gastei me ensinou mais que qualquer aula

O intercâmbio me mostrou que o dinheiro não deve ser um vilão, mas um espelho. Ele reflete nossas escolhas, prioridades e, principalmente, nossos impulsos. Eu errei, gastei mal, me arrependi, mas também vivi momentos que valeram cada centavo. Aprendi que economizar não é deixar de viver, e sim escolher com mais consciência o que vale ser vivido. 

E se você estiver em dúvida sobre o que é essencial e o que não é, use a lógica do Presente e Futuro e pergunte-se: 

Isso vai me fazer feliz hoje? 

E isso vai me fazer feliz daqui a um ano? 

Se ambas as respostas forem “sim”, siga em frente. Mas se o “sim” for só pro agora e o “não” pro depois… talvez valha repensar. No fim, o dinheiro não serve pra te privar de experiências, e sim pra te permitir viver as que realmente contam. 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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