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Aceitei o cartão de loja no impulso… será que fiz besteira?

Aposto que já ouviu relatos de juros abusivos e cobranças indevidas nos cartões de loja. Entenda como eles podem virar uma armadilha financeira.

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Por Isabel Gonçalves

No último dia das mães comprei um presente em uma dessas lojas de departamento, fui pegando outros produtos que precisava, uma meia aqui, uma blusa ali e no fim me vi fazendo o cartão da loja e parcelando minha compra em três vezes que eles prometeram ser sem juros. Estou pagando as parcelas e ainda não sei se fiz uma boa escolha em aceitar fazer o cartão da loja que eu neguei por tanto tempo. 

Se assim como eu, você sempre ouviu que cartão de loja é uma das piores coisas que você pode fazer, mas ainda não entendeu porquê, saiba que eles são sim cheios de letras miúdas e juros altíssimos. Vamos descobrir juntos todas as armadilhas desses tipos de cartões?  

Como funciona o cartão de loja? 

Os cartões de loja surgiram inicialmente como uma versão em plástico dos antigos carnês em papel. Aos poucos, bancos e financeiras enxergaram potencial nos clientes dessas grandes lojas e passaram a oferecer cartões e financiamentos através de parceria. O cartão C&A, por exemplo, é emitido pelo Bradesco.

Existem dois tipos de cartão de loja disponíveis para os clientes. Poderíamos até chamar de “os bonzinhos e os vilões”, mas isso vai depender de como você usa o seu. 

Primeiro, tem aquele que você só pode gastar dentro da loja, tipo cartão de fidelidade, você passa no cartão e paga a fatura depois, como é o caso de um dos cartões que a Riachuelo oferece. Tem também aqueles cartões de crédito com bandeira (Visa, Elo ou Mastercard) e a marca da loja estampada bem grande. Você pode usar em vários estabelecimentos, na opção crédito. Então sim, você pode passar seu cartão da C&A na padaria.  

Cartão exclusivo de loja 

Os “private label” são cartões que funcionam na modalidade crédito e você só pode usá-los dentro da loja ou no site daquela marca. Eles oferecem condições especiais para compras exclusivas no próprio estabelecimento. O cartão private label Riachuelo, por exemplo, oferece desconto de 10% na primeira compra, parcelamento de até 5x sem juros e cashback. 

Esses cartões geralmente não cobram anuidade e compensam para quem é cliente fixo da loja e bom pagador. Isso porque, se você atrasar as parcelas e for ver direitinho no site do cartão, os juros podem chegar até 884% ao ano, como acontece no cartão da Riachuelo. Mas no fim, eles são feitos para fazer com que você seja incentivado a comprar mais lá e não na concorrência.

Cartão de crédito de loja 

Os cartões de crédito de loja funcionam igualzinho aos cartões de crédito de banco, você passa seu cartão na maquininha onde quiser, paga a fatura e pronto. O que diferencia aqui é que você só pode usar a modalidade crédito, diferente dos cartões de banco que tem crédito e débito. Esses cartões normalmente cobram anuidade, então preste atenção nisso antes de contratar. 

O problema mesmo é quando você não paga a fatura, aí os juros por atraso geralmente são beeem mais altos que os juros que os bancos cobram. Tem história de dívida de 14 mil reais virando parcelas que juntas somavam R$58 mil! Pode até parecer vantajoso fazer um cartão da sua loja favorita, mas relembramos que crédito não é dinheiro fácil e no final a conta pode não fechar. 

Perigos dos cartões de loja

Vamos falar a real? Como se já não bastassem os juros altíssimos, o problema mesmo está na forma que esses cartões são oferecidos e como é feita a contratação. Quem nunca se escondeu atrás da arara de roupa para não ser parado por um vendedor oferecendo cartão da loja? 

Os vendedores empurram o cartão em qualquer oportunidade, principalmente para pessoas de classes mais baixas, que não tem acesso fácil ao crédito ou estão negativadas e, achando que estão fazendo um bom negócio, acabam não lendo as cláusulas do contrato e sendo pegos de surpresa quando a fatura chega cheia de cobrança de juros.

Cobranças “escondidas”

Não é raro ver reclamações de pessoas que contratam cartão de loja e depois se deparam com cobranças inesperadas, como foi o caso dessa pessoa no Reclame Aqui: “fiz um cartão Riachuelo a 1 ano atrás por sugestão de vendedor dizendo que por ser cartão sem bandeira, somente da loja, não cobraria anuidade, só que todo mês cobra de mim 11,82 de um seguro que não solicitei.” Então, cuidado ao assinar o contrato do cartão, veja se não tem adicionais e nem compras extras embutidas.

Ah e tem outra, eles fazem de tudo para não chamar os juros, de juros, como no exemplo abaixo sobre condições de parcelamento em uma loja:

Imagem das condições de um cartão de loja escrito: lojas físicas em até 15 vezes fixas. Pague em até 5 vezes sem juros ou 8 vezes fixas e 100 dias para pagar.

Imagem das condições de um cartão de loja escrito: lojas físicas em até 15 vezes fixas. Pague em até 5 vezes sem juros ou 8 vezes fixas e 100 dias para pagar.

Reprodução Educando Seu Bolso

Nesse caso, a loja faz parecer que tanto o parcelamento de 5x e o de 8x são vantajosos, quando na verdade se você parcelar em 8 vezes “fixas”, vai pagar juros (e altos), deixando sua compra mais cara. 

Cuidado com o ambiente 

Vamos combinar, quem em sã consciência vai parar pra ler um contrato gigante, com letras minúsculas, abrir uma calculadora e colocar na ponta do lápis o que significa pagar 7,9% de juros ao mês? Isso tudo enquanto a fila do caixa está parada e as pessoas te olham feio porque só querem passar as blusinhas novas. Tomar uma decisão financeira sem pensar, no meio do shopping com uma playlist envolvente não é uma coisa que devemos fazer. 

Sem falar que a análise de crédito feita pelas lojas é, de certa forma, pior do que aquelas feitas pelos “bancões”. Isso faz com que pessoas que não necessariamente tenham condição de pagar, possuam um limite de crédito alto e irreal. 

Qual é o melhor cartão de loja? 

A resposta? Talvez nenhum. Se você tem a opção de solicitar e conseguir o cartão por outras instituições, vale a pena parar e comparar. Se liga na tabela que preparamos para você. 

Tabela comparando condições e taxas dos cartões das lojas Riachuelo, C&A, Magalu e Carrefour

Tabela comparando condições e taxas dos cartões das lojas Riachuelo, C&A, Magalu e Carrefour

Reprodução Educando seu Bolso

Só para elaborar essa tabela, tivemos que entrar em uma série de sites diferentes, planilhas com letras miúdas e links e mais links. Essas informações os vendedores não te falam na hora de assinar, eles focam nos cashbacks e nos parcelamentos e “esquecem” dos juros.

Mas vale lembrar que todo cartão, empréstimo ou financiamento (que são tipos de crédito) tem juros. O segredo é você entender onde vai pagar menos. O cartão do banco Inter por exemplo, tem juros rotativos de 499% ano ano, valor maior que o da Magalu. Por isso, olho aberto e calculadora na mão! 

Conclusão: Vale a pena ter cartão de loja? 

Depois de tudo que listamos, se você ainda está com dúvida se vale a pena ou não, trago uma notícia boa. Pode sim compensar fazer um cartão, se você for cliente fixo da loja, ama comprar lá e vai pagar a fatura em dia, por que não aproveitar os descontinhos? O cartão private label pode ser uma mão na roda. 

Agora, se precisa de crédito e está pensando em fazer um cartão de crédito novo para poder gastar mais, nem pense em aceitar as ofertas do vendedor. Acumular limites te dá a falsa sensação de ter muito dinheiro, mas quanto mais complicada você deixa a sua vida financeira, com várias faturas, prazos e perigo de atrasar ou acabar esquecendo, maior fica a conta e no final quem paga é você.  

Antes de contratar um cartão no impulso, vale respirar fundo, sair da fila se for preciso, e analisar com calma: você realmente precisa desse cartão? Vai conseguir pagar a fatura sem atrasos? No mundo do crédito, cada decisão pesa e um cartão de loja tem que ser feito com consciência, estudando as possibilidades e não no meio do shopping. Entender as regras do jogo pode ser o que te impede de transformar uma blusinha em uma dívida impagável.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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