
Clubes não podem ser brinquedos nas mãos de inconsequentes
Algo tem de ser feito para barrar administrações irresponsáveis nas associações ou milionários dispostos a torrar parte de sua fortuna em uma SAF
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Louvável a iniciativa da CBF de montar um grupo de trabalho (GT) para debater a implantação do fair play Financeiro no futebol nacional. Contando com 16 clubes da Série A – Atlético, Bahia, Botafogo, Bragantino, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Palmeiras, Santos, São Paulo, Sport e Vasco –, 12 da Série B – América, Athletico-PR, Avaí, Botafogo-SP, Chapecoense, CRB, Ferroviária, Goiás, Grêmio Novorizontino, Paysandu, Remo e Volta Redonda – e oito federações estaduais – Alagoas, Amapá, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e Sergipe –, o GT tem o prazo de 90 dias, a partir da primeira reunião, para apresentar a proposta do Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), nome oficial do projeto.
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Há quem duvide que o assunto vá para frente, devido ao histórico de desunião entre os clubes brasileiros. Porém, algo tem de ser feito para barrar administrações irresponsáveis nas associações ou milionários dispostos a torrar parte de sua fortuna por “amor” a um clube através de uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF).
Cada um gasta seu dinheiro como quiser, mas, a partir do momento que se integra o “ecossistema” esportivo, é preciso respeitar algumas regras. Deve-se criar mecanismos para evitar uma disparidade muito grande na disputa, o que não é bom para nenhuma das partes envolvidas.
Assim como sou a favor de uma distribuição de cotas de TV mais igualitárias, a exemplo do que ocorre no futebol inglês, também defendo a normatização dos gastos dos clubes, vinculados à capacidade de gerar receita.
Não se trata de interferência sobre o livre mercado, mas garantir a manutenção da competitividade. Se apenas uma ou duas equipes conseguirem investir para ter os melhores jogadores, para contratar o melhor treinador, a tendência é a perda de interesse por parte dos demais torcedores.
Claro que as instituições poderão continuar a contrair empréstimos para se reforçar ou para ter fluxo de caixa em momentos de dificuldades. Mas terão de mostrar condições de honrar os compromissos, o que não se vê hoje, quando clubes notoriamente caloteiros continuam contratando reforços e gastando sem limites.
Além dos clubes e federações, a CBF promete contar com “consultores técnicos independentes, com notório saber nas áreas de finanças, contabilidade, governança, direito desportivo ou administração esportiva, que atuarão de forma consultiva e voluntária”. “O futebol brasileiro precisa urgentemente de responsabilidade financeira. Não temos mais tempo a perder”, diz o presidente do grupo de trabalho, Ricardo Gluck Paul.
Que assim seja!
Problema
Os primeiros jogos da Copa do Mundo de Clubes foram muito interessantes, com destaque para a goleada do PSG sobre o Atlético de Madrid, por 4 a 0; e os empates do Boca Juniors com o Benfica, por 2 a 2, e do Fluminense com o Borussia Dortmund, por 0 a 0. Porém, os estádios, com algumas exceções, apresentam muitos lugares vazios, mesmo com a Fifa tendo diminuído bastante o preço dos ingressos.
Uma das explicações é que a competição, no formato atual, é novidade e não atraiu tantos estrangeiros. Há também a questão da atual política anti-imigrantes do presidente Donald Trump, que certamente afasta muitos latinos, mesmo em situação legal, de locais onde possam ser facilmente identificados, como no meio da torcida de uma equipe de futebol. Uma pena.
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