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A força da palavra: por que o Direito precisa de boa comunicação

Comunicar bem é essencial no Direito. A voz, a escuta e a clareza humanizam a Justiça e fortalecem o sistema jurídico

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*Por Alessandro Rocha

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No universo jurídico, a palavra é o principal instrumento de trabalho. É por meio dela que advogados defendem, juízes decidem, promotores argumentam e desembargadores constroem jurisprudência. Ainda assim, paradoxalmente, muitos profissionais do Direito não dedicam à comunicação a atenção que ela merece.

Falar bem vai muito além da dicção impecável ou de um vocabulário técnico. Comunicar-se com eficácia é, antes de tudo, tornar-se compreensível, empático e assertivo. Em tempos de tanto ruído, o poder de uma mensagem clara é o que diferencia uma fala que convence de um discurso que apenas informa.

A comunicação é uma ponte — e, no Direito, essa ponte conecta pessoas, verdades e realidades. Um advogado que domina a oratória é capaz de traduzir a complexidade da lei em linguagem acessível, aproximando o cliente da Justiça. Um juiz que comunica com empatia não apenas sentencia, mas educa, esclarece e inspira confiança. Um promotor que estrutura bem seu discurso não fala para ganhar um debate, mas para servir ao propósito maior da verdade e da justiça.

Há, entretanto, uma diferença fundamental entre a comunicação cotidiana e a comunicação jurídica. A primeira é espontânea, emocional, leve. A segunda, precisa equilibrar rigor técnico e sensibilidade humana. É nesse equilíbrio que reside a verdadeira arte da oratória no Direito. Sustentar um argumento jurídico exige mais que conhecimento — exige preparo emocional, controle da voz, domínio da entonação e consciência de que o público não é apenas o tribunal, mas também a sociedade que observa e confia no sistema de justiça.

Nos tempos atuais, com audiências virtuais e ambientes digitais, surgem novos desafios. A câmera exige presença, o microfone exige clareza, e o olhar — mesmo através de uma tela — continua sendo a principal ferramenta de conexão. A comunicação digital ampliou o alcance das vozes do Direito, mas também reforçou a necessidade de técnica e autenticidade.

Nesse contexto, ferramentas práticas podem ajudar o profissional jurídico a se destacar. O Método C.A.R.P., desenvolvido ao longo de mais de duas décadas, ensina oratória e storytelling, propondo quatro pilares: Clareza, Ação, Retórica e Persuasão.

Aplicados ao campo jurídico, esses elementos transformam discursos em experiências significativas. Um advogado que comunica com clareza reduz a distância entre a linguagem técnica e o entendimento popular. Um juiz que fala com autenticidade inspira confiança. Um promotor que usa a relevância e o propósito guia o público para o sentido da justiça, e não apenas para a forma da lei.

Outra ferramenta essencial é o storytelling -- a arte de contar histórias com propósito. No tribunal, uma narrativa bem construída não manipula, mas ilumina. É por meio de histórias reais, contextualizadas e éticas que se torna possível humanizar o Direito e conectar o raciocínio jurídico à vida cotidiana.

Quando um promotor explica um caso com base em fatos compreensíveis, quando um advogado defende seu cliente com uma narrativa coerente e empática, e quando um juiz fundamenta sua decisão com humanidade, o Direito cumpre sua função social: servir à verdade e não apenas ao formalismo.

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Por fim, preparar o discurso é indispensável. Improvisar sem base é perigoso; decorar sem sentir é estéril. O preparo envolve estudo, ensaio e, principalmente, intenção comunicacional — a consciência do efeito que suas palavras podem causar em quem as ouve.

O Direito é, em essência, um diálogo contínuo entre razão e humanidade. E é justamente pela força da palavra que esse diálogo se mantém vivo. Que advogados, juízes, promotores e desembargadores se lembrem: comunicar-se bem não é um luxo — é uma forma de justiça.

*Graduado em Comunicação Social, mestre em educação, professor de Comunicação e Oratória

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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