Aviões estão fora da realidade e da prioridade do brasileiro médio -  (crédito: Wikimedia Commons)

Aviões estão fora da realidade e da prioridade do brasileiro médio

crédito: Wikimedia Commons

Nos últimos dias, dois anúncios destacaram as discrepâncias entre as ações do Governo Federal e a realidade que a maioria dos brasileiros enfrenta. De um lado, o presidente Lula (PT) busca a aquisição de um novo avião presidencial, justificando problemas técnicos e a necessidade de autonomia para viagens internacionais. A proposta, que pode custar até US$ 80 milhões, é defendida como uma necessidade operacional, com apoio das Forças Armadas.

 

 

Por outro lado, a Caixa Econômica Federal anunciou restrições no financiamento habitacional, elevando o valor da entrada para quem deseja adquirir um imóvel de até R$ 1,5 milhão. A justificativa é a crescente demanda por imóveis e a escassez de recursos da poupança, exigindo medidas de contenção para evitar um colapso financeiro no setor.

 

Parêntesis: obviamente que a maioria esmagadora da população brasileira nunca vai comprar um imóvel de R$ 1,5 milhão, mas esse é o teto. Ou seja, vai de zero a R$ 1,5 milhão, o que significa que a medida é para quase todo mundo.

 

Voltando: essas mudanças impactam diretamente milhares de brasileiros que buscam realizar o sonho da casa própria, mas que agora terão que arcar com uma carga maior para conseguir financiar seus imóveis.

 

Dirão os membros da torcida organizada “meu político de estimação futebol clube” que esses recursos não são dos programas habitacionais geridos pelo FGTS. A afirmação é verdadeira, mas não retira a discussão de como isso comunica muito mal com a população que apenas quer saber como fazer para financiar a casa própria, sem dar nomes técnicos para sistemas “x” ou “y”.

 

 

A questão que fica evidente é: a imagem que se destaca é daquela sensação de que enquanto o governo se preocupa em garantir conforto e segurança para si mesmo, elevando gastos com a compra de um novo avião, aumenta as barreiras para cidadãos comuns acessarem um bem essencial como a moradia.

 

O contraste entre as prioridades é gritante. O que justifica um gasto tão elevado com uma aeronave quando o próprio banco estatal restringe o crédito habitacional alegando falta de recursos?

 

O especialista em aviação Lito Sousa explicou recentemente que avião não tem “data de validade” e não fica “velho” igual carro. Com as manutenções em dias ele permanece em perfeito estado e segurança por muitas décadas sem qualquer problema.

 

E sabe quantos anos tem o “aerolula”? Dezoito anos! É um adolescente! Em “idade de avião”, está 0 km. Logo, porque raios comprar outro? Nenhuma explicação parece mais plausível do que descolamento da realidade.

 

A comunicação do governo, ou a falta dela, agrava ainda mais a percepção de um distanciamento com a população. Em vez de explicar de forma transparente como o novo avião beneficiaria o país ou de propor soluções para ampliar o acesso à moradia, as ações demonstram um governo que parece mais preocupado em manter seus privilégios.

 

Essas decisões, quando colocadas lado a lado, reforçam a impressão de que o Governo Federal tem prioridades diferentes das esperadas para o momento em que se calcula um déficit fiscal alcançando 81,2% do PIB. Um governo que se diz “trabalhista” atua e se comunica (muito mal) de forma diametralmente oposta, direcionando recursos públicos para temas visivelmente não prioritários.

 

A sincronia das notícias piora tudo, visto que potencializa essa percepção de que a decisão de gastos públicos não é orientada por interesse público, mas por gostos privados. Faltou, no mínimo, um assessor “do contra” para cantar a pedra de que a ideia era uma furada.

 

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Entretanto, não parece ter muita gente no governo se importando com isso. E olha que 2026 já começou...