Celina Aquino
Celina Aquino
Formada em jornalismo pela PUC Minas. Começou como estagiária nos Diários Associados e teve passagens por editorias como Polícia, Saúde, Imóveis, Negócios e Emprego. Hoje é especializada em gastronomia e também escreve sobre moda
ACEITO UM DOCE

No embalo das sobremesas

A minha companhia da TV acabou dando voz a versos que se tornaram uma sincera declaração de amor

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Cresci, como (quase) toda menina que viveu nos anos 1990, fã da Xuxa. Não desgrudava da TV para não perder um programa. Mais que isso, sonhava em ser uma das paquitas. Lembro bem quando o meu grupo de vizinhas do prédio se reuniu para dividir os papéis e sobrou para mim ser a Priscilla Catuxita nas brincadeiras. Em casa, eu e minha irmã colecionávamos todos os discos da Rainha dos Baixinhos. Achava uma capa mais linda que a outra.

 


Penso que a Xuxa ajudou a moldar a minha relação com os doces. Toda vez em que ouvia “Doce, doce, doce / A vida é um doce, vida é mel / Que escorre da boca feito um doce / Pedaço do céu” imaginava um pote de mel escorrendo e espalhando alegria.


Essa música para mim tem ritmo de felicidade. Talvez por isso sempre associei o açúcar a um momento divertido, alegre e feliz. Até hoje é assim. Tem horas em que minha mente me convence de que preciso de um doce para relaxar ou me animar. Depende do dia.

 


A minha companhia da TV acabou dando voz a versos que se tornaram uma sincera declaração de amor. “De chocolate / Choco, choco chocolate / Bate o meu coração.” Lá estava eu enxergando uma barra, um bombom, um bolo, um sorvete de chocolate com um olhar apaixonado.


Depois veio o Tim Maia com uma frase que resume a minha vida: “Eu só quero chocolate”. Não sei em que momento exato, só sei que virei uma chocólatra convicta a ponto de só sossegar quando a caixa de bombom acaba. “Não adianta vir / Com Guaraná pra mim / É chocolate o que eu quero beber”. Hoje até aceito chá, mas sempre vou preferir um chocolate quente. Tim, você não tem ideia do quanto me representa com essa música.

 


Com o perdão do trocadilho, a voz doce de Marisa Monte me hipnotiza. Ainda mais quando ela vem com “Jujuba, bananada, pipoca / Cocada, queijadinha, sorvete / Chiclete, sundae de chocolate. Em seguida, tem “Paçoca, mariola, quindim / Frumelo, doce de abóbora com coco / Bala juquinha, algodão doce e manjar”.


Sempre fiquei encucada, tentando adivinhar a escolha dos doces que aparecem na letra. Será que é só pelo ritmo mesmo? Ou tem a ver com as suas preferências? Conta aí, Marisa, se estiver lendo.


Não me leve a mal, mas deu vontade de fazer uma composição. A minha versão seria mais ou menos assim: “Brigadeiro, pavê de amendoim, bolo de mexerica / Pudim, sorvete de pistache, charlotte / Banoffee, mousse de chocolate”. Assumo que não me preocupei em nada com rima nem ritmo, só mesmo com os doces que me fazem salivar.

 


Outro dia, ouvindo rádio enquanto dirigia, a locutora lançou uma pergunta que valia prêmio: qual música George Harrison compôs para zombar do vício do amigo Eric Clapton em doces? Não tinha a menor ideia. Corri para o Google e descobri uma história sensacional, que entrou para um dos álbuns dos Beatles.


A inspiração veio da caixa de chocolates Good News, da Mackintosh, que Clapton devorava inteira nos encontros com Harrison. “Savoy Truffle”, o título da música, era o nome de um dos bombons – seria o preferido do chocólatra. A letra cita mais sabores que existiram de verdade (“creme tangerine”, “montelimart”, “ginger sling” e “coffee dessert”). Outros são invenções do compositor (“cherry cream” e “coconut fudge”, por exemplo).


Eric Clapton e eu temos muito em comum, você deve ter percebido: somos chocólatras e não conseguimos resistir a uma caixa de bombons, comemos até acabar. Na época, o guitarrista inglês lidava com uma situação incômoda. Tinha muitas cáries e o dentista o alertou que ele estava exagerando nos doces. Por causa dessa questão com os dentes, Harrison não perdoa e canta: “Você vai ter que arrancar todos eles / Depois da trufa de Sabóia”.

 


Às vezes sonho que meus dentes estão caindo. Mas nem se o George Harrison fizesse uma música para mim me convenceria a parar de comer doces.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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