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Paulo Guerra
Paulo Guerra
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Hidrogênio Branco

Preso no solo, mas com capacidade de mudar bastante o que está acima dele

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O hidrogênio é o elemento mais abundante do universo e, com frequência, volta ao centro das discussões sobre o futuro da energia renovável. Sua cor, frequentemente mencionada, está associada ao processo de obtenção. O hidrogênio verde, o mais famoso, é produzido a partir de fontes renováveis, como a eletrólise da água alimentada por energia solar ou eólica. No entanto, outra cor tem ganhado destaque: o branco.

 

Diferente dos demais, o hidrogênio branco não precisa ser produzido artificialmente — ele já existe na natureza, armazenado no subsolo. Sua extração funciona de maneira semelhante à do gás natural, mas com uma diferença fundamental: enquanto a queima do gás natural libera gases de efeito estufa, o hidrogênio branco gera apenas água. Essa característica o torna altamente promissor na transição energética.

 

Sua formação ocorre por diferentes processos geológicos.

 

 

A serpentinização e a alteração de basalto, por exemplo, acontecem em condições de alta temperatura e pressão, quando minerais ferrosos entram em contato com a água e desencadeiam reações químicas nas quais o oxigênio da molécula de H?O se liga ao ferro ou ao magnésio, liberando o hidrogênio.

 

Outro processo natural que gera hidrogênio é a radiólise, uma espécie de eletrólise induzida por radiação. Nesse caso, elementos como urânio, tório e potássio, presentes em certas rochas, emitem radiação que separa as moléculas de água, resultando na liberação de hidrogênio.

 

 

Já o fraturamento e o intemperismo de rochas acontecem de maneira semelhante, mas em escalas de tempo muito diferentes. Enquanto o intemperismo ocorre ao longo de milhares de anos com a degradação lenta das rochas, o fraturamento acontece quando há rupturas bruscas causadas por movimentos tectônicos. Em ambos os casos, a quebra das ligações entre silício e oxigênio nos minerais permite que o silício se una ao oxigênio da água, liberando hidrogênio.

 

Também há a desgaseificação do magma, que acontece quando o magma esfria após erupções vulcânicas e libera gases, incluindo o hidrogênio branco.

 

Todos esses processos ocorrem naturalmente e de forma contínua no subsolo, tornando o hidrogênio branco uma fonte renovável de energia. Além disso, seu custo de extração pode ser significativamente menor do que o custo de produção do hidrogênio verde, o que poderia acelerar sua adoção na economia
global.

 

 

No entanto, essa perspectiva otimista vem acompanhada de desafios importantes. Um dos principais pontos de atenção é o impacto ambiental. O hidrogênio presente no subsolo tem papel essencial em processos biogeoquímicos que sustentam a biodiversidade do solo, servindo de base para a sobrevivência de diversos organismos microbianos. Sua retirada descontrolada pode afetar esse equilíbrio de forma ainda desconhecida.

 

Outro desafio está na viabilidade técnica da extração. Embora grandes reservas de hidrogênio branco já tenham sido identificadas — sendo as mais recentes anunciadas na França e na Albânia, em 2024 —, a tecnologia para sua extração e manuseio ainda está em fase inicial de desenvolvimento. Os riscos de acidentes são consideráveis, e há muitas incertezas sobre a viabilidade econômica da exploração em larga escala.

 

 

Mesmo com esses desafios, o hidrogênio branco pode ter um impacto profundo na transição energética global. Além de ser uma alternativa para eletrificação e aquecimento, especialmente em países frios, ele pode facilitar a descarbonização de setores tradicionalmente difíceis de transformar, como o
transporte, o armazenamento de energia, a siderurgia e a indústria química.

 

Transpondo as barreiras da energia, a abundância de hidrogênio branco pode beneficiar a agricultura, permitindo a produção de fertilizantes mais acessíveis, e trazer inovações para a área da saúde, tornando equipamentos médicos mais sustentáveis. Além disso, sua exploração em larga escala pode redefinir a
geopolítica global, redistribuindo o poder econômico de acordo com as regiões que possuem grandes reservas desse recurso.

 

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Ainda há muito a ser estudado para que essa tecnologia se torne viável e segura, mas uma coisa é certa: o hidrogênio branco tem potencial para transformar o futuro da energia. E vale a pena acompanharmos essa revolução de perto.

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