Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Nada pessoal, só circunstâncias e interesses

"A política tem lá o seu timing. Na era da tecnopolítica, não obstante a instrumentalização dos afetos por grupos que miram ascender a postos de representação"

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Quando em 22 de junho de 1941 Hitler lança a Operação Barbarossa, a União Soviética se transforma no único front terrestre ativo em confronto com o exército alemão: cerca de quatro milhões de soldados do Eixo, a maior força de invasão registrada na história, penetrou por uma frente de 2.900 quilômetros. A ofensiva marcou a escalada geográfica da guerra, e, do ponto de vista geopolítico, a aliança dos Aliados. Apesar da insistência de Joseph Stálin, Winston Churchill e Franklin D. Roosevelt deixam que a União Soviética sangre, ambos empurrando a “segunda frente” para 6 de junho de 1944, o Dia D.

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Churchill deixa que a frente oriental se torne o principal teatro da carnificina, assim poupava vidas inglesas. A URSS perde mais de 20 milhões de vidas. Derrotado o nazismo, as três potências se reposicionaram. Ao regressar ao cargo entre 1951 e 1955, Churchill cogita uma guerra nuclear preventiva contra a União Soviética, segundo revela o historiador Richard Toye, a partir de documentos acessados pelo  Departamento de História da Universidade de Exeter. O antigo aliado soviético foi reconduzido à condição de principal rival dos Estados Unidos e do mundo ocidental, na ordem bipolar forjada pela Guerra Fria.

A política tem lá o seu timing. Na era da tecnopolítica, não obstante a instrumentalização dos afetos por grupos que miram ascender a postos de representação e ao poder de estado, os interesses em jogo seguem como a principal referência para a ação. Nada a estranhar se, no atual contexto de enfrentamento com o Congresso Nacional, a indicação à vaga ao Supremo Tribunal Federal de Jorge Messias, Advogado-Geral da União, seja defendida pelo ministro André Mendonça, ali sentado pelas mãos de Jair Bolsonaro.

 

Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chegou ao cargo pelo ex-presidente da República, agora, poderá encabeçar chapa com Romeu Zema (Novo) ao Palácio do Planalto, ajudando a formatar o contrapé à família, que luta para manter o controle do campo político. A máxima em voga: Bolsonaros fora, eleitor bolsonarista dentro. Até por isso, o fogo amigo de Eduardo Bolsonaro segue em alta.

No Congresso, a conjuntura se expressa em uma nova coalizão costurada por Hugo Motta (Republicanos-PB), que isola PT e PL, e se articula com a maior parte dos demais partidos de centro e do Centrão, potenciais aliados de Tarcísio de Freitas. Daí germinam e prosperam pautas bombas, para fragilizar o governo Lula. Há menos de um ano das eleições gerais, encerrada a coalizão que tornou Motta presidente, o momento é outro.

 Em Minas, eventual chapa Tarcísio-Zema ao Planalto evidenciaria aparentes dilemas: Tarcísio apoiaria o senador Cleitinho (Republicanos), adversário na sucessão mineira do candidato de seu vice, Mateus Simões (PSD). Nada tão complexo que escape dos arranjos múltiplos entre adversários, numa corrida presidencial: Lulécios, Dilmazias, Luzemas. É a necessidade que dita a conveniência.

Política é tão dinâmica, que, a esta altura, até as personagens se reinventam para caber em novos papéis. A “virilidade” do governo Bolsonaro – expressa na máxima “imbrochável, imorrível e incomível”, parece ter alcançado o tempo em que trai o ethos da masculinidade tóxica, tão exaustivamente promovida. Descobre-se, agora, que Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, toma remédios psiquiátricos; o general Augusto Heleno, que foi ministro chefe do gabinete de Segurança Institucional, tem Alzheimer, demência conhecida pela perda da capacidade cognitiva. E Jair Bolsonaro, aquele com “histórico de atleta” que, se acometido pela Covid-19 teria no máximo uma “gripezinha”, um “resfriadinho”, está, segundo reporta a família, fragilizado fisicamente, sob o risco de morrer.

Do ponto de vista humanitário e jurídico, se demonstráveis, são questões que serão analisadas pela Justiça. Do ponto de vista político, é o permanente lembrete de que os interesses e circunstâncias, com alguma frequência, geram curto-circuito em identidades e afetos. Se todo eleitor mantivesse isso em mente, teria mais cautela antes de se agarrar a ídolos. Ou, como gostava de repetir Otto von Bismarck: “As salsichas e as leis, é melhor não saber como são feitas.” A frase original não é dele. Mas esse é um detalhe.

Violência contra a mulher

Sessenta e sete por cento das mulheres já sofreram ou conhecem uma mulher que já sofreu violência doméstica e/ou familiar. Enquanto 23% avaliam que essas mulheres não denunciam a violência; 11% registram a denúncia na maioria das vezes e apenas 1% fazem isso sempre. A percepção de 63% das respondentes é de que a violência sofrida é reportada “na minoria das vezes” pelas mulheres. Os dados são do Instituto de Pesquisa DataSenado, que em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência lançou a 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada com 21.641 mulheres de 16 anos ou mais em todo o território nacional, entre 16 de maio e 8 de julho de 2025.

Omissão

Trinta e três por cento das mulheres entrevistadas declararam ter sofrido violência nos últimos 12 meses e/ou vivenciaram uma de 13 situações listadas na pesquisa. Entre elas, 71% das agressões ocorridas nos últimos 12 meses foram testemunhadas por uma ou mais pessoas. Cerca de 22% dessas violências tiveram como testemunhas apenas crianças e 48%, ao menos um adulto. Verifica-se que, em 19% das violências havia algum adulto presente que não ajudou a vítima.

Violência digital

A pesquisa revela ainda que 10% da população feminina de 16 anos ou mais – o equivalente a 8,8 milhões de brasileiras – sofreram algum tipo de violência digital nos últimos 12 meses. A maioria desses casos se referiu ao envio de mensagens ofensivas ou ameaçadoras de forma recorrente.

PL com Mateus

Tudo caminha para a confirmação do apoio do PL à candidatura do vice-governador Mateus Simões (PSD) ao governo de Minas. Segundo Nikolas Ferreira (PL), o candidato ao Senado da preferência de Jair Bolsonaro é Domingos Sávio, presidente estadual do partido. O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) contesta. A tendência é de que Alex Diniz, suplente do senador Cleitinho (Republicanos), tende a ser o vice na chapa de Mateus Simões.

Plataforma

Marcos Lisboa, economista e ex-presidente do Insper, é um dos profissionais que está contribuindo voluntariamente na elaboração do programa de governo de Gabriel Azevedo (MDB), pré-candidato ao governo de Minas.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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