Alianças de conveniência, adversários do futuro
Do outro lado da disputa, o desempenho de Lula em quatro simulações de segundo turno com esses candidatos apresenta oscilações que merecem acompanhamento
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Não tanto por suas características individuais, mas pela força de uma conjuntura política característica da tecnopolítica, qualquer um dos quatro governadores presidenciáveis que eventualmente venha a enfrentar o presidente Lula (PT) em um segundo turno do pleito presidencial teria hoje potencial para um desempenho similar. Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo), Ratinho Júnior (PSD) e Ronaldo Caiado (União), governadores de São Paulo, Minas, Paraná e Goiás, teriam entre 35% e 36% das preferências. Esse desempenho é, inclusive, igual ao de Michelle Bolsonaro (PL), ex-primeira dama. A cristalização de posições – com cerca de um terço do eleitorado de lulistas, pessoas de esquerda ou antibolsonaristas e um terço de eleitorado de antipetistas da direita radical ou de bolsonaristas – torna o processo eleitoral em segundo turno uma escolha de quem se rejeita menos. As estimativas foram divulgadas ontem pela Genial Quaest.
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Do outro lado da disputa, o desempenho de Lula em quatro simulações de segundo turno com esses candidatos apresenta oscilações que merecem acompanhamento: contra Romeu Zema, Lula alcança a sua melhor pontuação: 43% das intenções de voto – sete pontos percentuais a mais do que o mineiro. O pior desempenho do presidente é registrado contra Ratinho Júnior: 40% das preferências, cinco pontos percentuais à frente. Quando enfrenta o governador de São Paulo, Lula obtém 41% das intenções de voto – cinco pontos percentuais à frente de Tarcísio de Freitas. Na disputa contra Ronaldo Caiado, Lula alcança 42%, marcando sobre o adversário a mesma diferença que registra contra Romeu Zema. Em média, um quinto do eleitorado informa votar branco ou nulo.
Se em um segundo turno Zema, Tarcísio, Ratinho ou Caiado representam o antilulismo ou o antipetismo, a disputa que individualmente importa a cada um deles será a do primeiro turno: qual deles terá características particulares que os destaquem. Ao mesmo tempo em que no primeiro turno um necessita do outro para empurrar a eleição ao segundo turno; por outro lado, serão adversários ferrenhos: todos os movimentos que hoje fazem de “unidade” dos governadores da oposição integram uma dança muito particular da política, das alianças que se desfazem e se reaglutinam segundo a conveniência do contexto.
Sob a perspectiva do conhecimento e imagem individual, entre maio e novembro deste ano, o índice de desconhecimento de Zema caiu de 60% para 49% – portanto 11 pontos percentuais. Contudo, nesse período, o grupo de eleitores potenciais – que declara conhecer e votar – oscilou negativamente de 18% para 16%, variação dentro da margem de erro. Por seu turno, a rejeição cresceu de 22% para 35%, um aumento de 13 pontos percentuais. Em síntese: mais conhecido, mais rejeitado e sem ampliar o grupo de eleitores potenciais. No grupo de eleitores independentes – nem lulistas, nem bolsonaristas – Zema marca 30% de rejeição, quase o dobro de seu potencial eleitoral, de 17%; 53% não o conhecem. Rejeição similar é registrada entre bolsonaristas e na direita não bolsonarista.
No mesmo período, o saldo de Ratinho e de Tarcísio é um pouco melhor: o desconhecimento de Tarcísio cai de 39% para 30% do eleitorado, a rejeição cresce de 33% para 40% (variação de sete pontos percentuais) e o grupo de eleitores potenciais – quase duas vezes maior do que o de Zema – oscila positivamente de 28% para 30%. Já Ratinho teve oscilação positiva de 23% para 26% do grupo de eleitores potenciais; a rejeição cresceu de 29% para 37% – variação de oito percentuais –, enquanto o índice de desconhecimento baixou de 48% para 37%.
“Escândalo”
A Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz de Belo Horizonte divulgou nota com crítica contundente à intenção do governo Zema de privatizar a Copasa. “Os bens comuns são criações de Deus para que todos possam usufruir igualmente: a água, o ar, o alimento, a terra. Os direitos essenciais não podem ser oferecidos para alguns em detrimento de todos. A privatização da água é um escândalo, assim como é escandaloso o ataque à democracia por meio de instrumentos que devem servir a democracia. É muito claro que não é possível, por meio de emenda à Constituição, que garante direitos fundamentais e essenciais, eliminar um instrumento democrático”, assinala a nota, assinada pelo constitucionalista José Luiz Quadros de Magalhães, professor titular da PUC Minas e presidente da comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz.
Com o martelo
O governo Zema fez chegar à Assembleia o pedido para que o Projeto de Lei (PL) 4.380/25, que autoriza a privatização da Copasa, seja aprovado o mais rapidamente possível, antes de sua desincompatibilização, em 4 de abril. Assim como Tarcísio de Freitas (Republicanos) fez do martelo da B3 o símbolo de seu governo privatista, Zema quer marcar posição na venda da Copasa, antes de deixar o governo.
Direito à água
Encabeçada pela vereadora Luiza Dulci (PT), a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou em segundo turno e promulgou a Proposta de Emenda à Lei Orgânica (PELO), que acrescenta à legislação do município o acesso à água potável como direito básico dos moradores da capital mineira. A cidade torna-se, agora, a primeira capital do país a formalizar, em lei, o reconhecimento da água como direito fundamental.
Volta para casa
Foi aprovada em 1º turno na Assembleia, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 39/24, encabeçada pelo deputado Lucas Lasmar (Rede) que assegura aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) o transporte de volta para casa, quando o atendimento de urgência e emergência se der em outra cidade.
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Corrida maluca
No mesmo dia em que é esperado, dentro do PL, os resultados da pesquisa de intenção de voto contratada para avaliar as candidaturas da legenda ao Senado Federal, Gilson Machado, ex-ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro e considerado um dos “leais” da família, gravou vídeo em apoio ao deputado estadual Caporezzo (PL). Os deputados federais Eros Biondini, Maurício do Vôlei e Domingos Sávio, além de Caporezzo, são os quatro entre sete cotados, com maior fôlego na disputa. Considerando os apoios de “autênticos”, contudo, Caporezzo sai na frente.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
