Quem sai e quem fica na sucessão estadual
Gabriel Azevedo tem boas ideias, boa retórica, energia e disposição para correr riscos. Por tudo isso, é baixa a probabilidade de que seja um balão de ensaio
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Diante da indefinição do senador Rodrigo Pacheco (PSD) e do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB), em relação à disposição em concorrer à sucessão mineira, Gabriel Azevedo, presidente municipal do MDB e ex-presidente da Câmara Municipal, ocupou o espaço. Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB, deslocou-se a Belo Horizonte nesta terça-feira para formalizar a pré-candidatura dele ao Palácio Tiradentes. Gabriel Azevedo recebeu telefonemas de apoio de Rodrigo Pacheco e declaração pública de respaldo de Tadeu Leite pelas redes sociais. Um movimento dessa linha não seria feito sem combinação prévia com esses aliados.
O MDB quer se refundar em Minas. Desde o governo Itamar Franco-Newton Cardoso (1999-2002) a legenda se acomodou no estado diante da perspectiva de manutenção de bancadas estadual e federal, que, pleito após pleito, foram ficando cada vez menores. O MDB também convive com declinante capilaridade desde 2016, quando ainda liderava o ranking de prefeituras conquistadas: em 2016, elegeu 159 prefeitos; em 2020, foram 98 e em 2024, 82. Em sentido inverso, o PSD, nova legenda do vice-governador Mateus Simões, tinha 54 prefeitos, passou a 78 e alcançou 142 em 2024, assumindo entre partidos a liderança por número de prefeituras conquistadas em Minas. Duas legendas de centro em confronto pelo Palácio Tiradentes.
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Até aqui, o vice-governador Mateus Simões foi o único a formalizar a sua pré-candidatura, anunciando um leque de apoiamentos de legendas ligadas ao Centrão, entre os quais, a Federação União-Progressista. Há expectativa em relação à eventual candidatura do senador Cleitinho (Republicanos), mas sem confirmação. Também o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) é outra dúvida: poderia concorrer, mas emite sinais ambíguos. E Mateus Simões aposta que terá o PL em seu palanque, além de anunciar a disposição de levar também o Republicanos. Ao centro, há a possibilidade de o ex-prefeito Alexandre Kalil (PDT) se lançar ao governo de Minas ou ao Senado Federal.
Em meio ao cenário incerto e à perspectiva de um vácuo no centro democrático na disputa ao Palácio Tiradentes, MDB e Gabriel se descobriram: o primeiro precisa de uma liderança disposta a correr riscos em eleições majoritárias, de se colocar no debate em Minas, único estado do chamado “Triângulo das Bermudas” (SP, MG e RJ) que a legenda vai concorrer ao governo. Esse é um movimento que respaldaria a composição da chapa a deputado federal, dificuldade comum entre os partidos de porte médio e que não têm profissionais full time dedicados a essa tarefa. Por seu turno, Gabriel Azevedo tem boas ideias, boa retórica, energia e disposição para correr riscos. Por tudo isso, é baixa a probabilidade de que seja um balão de ensaio, como cogitaram alguns, no meio político.
Diante das duas pré-candidaturas confirmadas ao governo de Minas, o cenário mais provável que se desenha teria Cleitinho, Mateus Simões, Alexandre Kalil e Gabriel Azevedo. Nessa hipótese, a candidatura de Mateus Simões ficaria dependente do PL: caso se desloque para Cleitinho, o vice-governador ficaria sem espaço para crescer. Isso porque do outro lado, Kalil e Gabriel Azevedo estariam ocupando o centro democrático.
As candidaturas precisam de estrutura e aliados. Com a máquina administrativa na mão, Mateus Simões já anunciou ter nove legendas consigo: além do PSD e do Novo, PP, União, Solidariedade, Podemos, PRD, Mobiliza e DC. Na hipótese de que assim se mantenham, há poucos partidos ainda “soltos” para composição. O PSB é um deles. Gabriel Azevedo quer repetir a aliança com a qual disputou a Prefeitura de Belo Horizonte em 2024: tem conversa agendada com Otacilinho, prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente estadual do PSB.
Disponíveis estão as legendas identificadas como “esquerda”. Vivendo o seu próprio drama, a Federação PT, PCdoB e PV ainda não tem nome para o governo de Minas. Tampouco a Federação Psol-Rede. E os partidos de centro e da direita sabem que, a depender da configuração da disputa, poderão ter por gravidade esse eleitorado, sem se coligar formalmente, a exemplo do que aconteceu na eleição de Fuad Noman (PSD) à prefeitura da capital.
Boulos
Em sua primeira visita a Minas Gerais como ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol) participará, em Belo Horizonte, nesta quarta-feira, do ato de dez anos do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central do estado. O evento será realizado a partir das 9h, na Praça da Assembleia e terá ainda a presença da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo (PT).
Apacs
O método Apac será discutido em seminário promovido pelo Ministério Público de Minas Gerais, no próximo 14 de novembro. O objetivo é reunir especialistas de diferentes setores da sociedade para debater os avanços e desafios que as unidades Apac possuem, assim como a evolução de sua atuação desde a sua criação. Participam o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional e o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Velamento de Fundações e Alianças Intersetoriais (CAOTS) – órgãos do Ministério Público – em parceria com a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC). O público externo interessado poderá participar.
Emater fora
O deputado estadual Rodrigo Lopes (União), relator na Comissão de Administração Pública do Projeto de Lei 3.733/2025 , que autoriza a venda ou a transferência de imóveis estaduais à União no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas de Estados (Propag), apresentou parecer que excluiu da lista de imóveis o edifício-sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), em Belo Horizonte, além do futuro Hospital Regional de Divinópolis (Centro-Oeste), o Parque das Águas de Caxambu (Sul), o Palace Cassino Hotel e as Thermas Antonio Carlos, ambos em Poços de Caldas (Sul).
Cidade administrativa
Na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, o Palácio das Artes e a Cidade Administrativa, sede do governo estadual, foram também retirados da lista. O Colégio Estadual Central segue na mira. Mas foram retirados o Palacete Dantas, a sede da Polícia Civil e o prédio da Secretaria de Estado da Fazenda, todos nas imediações da Praça da Liberdade, além do prédio da Imprensa Oficial de Minas Gerais. A lista tinha inicialmente 343 imóveis. Pela pressão da oposição e mobilização social, foram retirados todos os imóveis da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), da Fundação Helena Antipoff, da Fundação Caio Martins (Fucam) e do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg).
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
