Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

O fantasma de Eduardo Bolsonaro ronda o Centrão

Substitua Tarcísio de Freitas pelos governadores Ratinho Júnior (PSD), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União). Em todos eles, Eduardo estaria em 2º turno

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As candidaturas ao Palácio do Planalto dos governadores da direita que orbitam o bolsonarismo estão ameaçadas a não alcançar o segundo turno em qualquer hipotético cenário que esteja concorrendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, Michelle Bolsonaro (PL) ou Eduardo Bolsonaro (PL). Os dados do survey foram divulgados nessa quinta-feira (18/9) pela Genial-Quaest. O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) é aquele que se sai melhor em cenário com Eduardo Bolsonaro e o presidente Lula: está numericamente à frente de Eduardo Bolsonaro, contudo, em situação de empate técnico com ele.


Substitua Tarcísio de Freitas pelos governadores Ratinho Júnior (PSD), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União). Em todos eles, Eduardo Bolsonaro estaria em segundo turno, nessa ordem, com diferença de 5 pontos percentuais, oito pontos percentuais e nove pontos percentuais sobre o terceiro colocado. O presidente Lula (PT), candidato à reeleição, lidera todos os cenários em primeiro e em segundo turno. 
Tais estatísticas explicam o tamanho do malabarismo político que faz o Centrão neste momento em que o Congresso Nacional enfrenta o pleito da família Bolsonaro pela anistia aos condenados na trama golpista.

Ao mesmo tempo em que o Centrão procura sinalizar falsamente a Bolsonaro que apoia a sua anistia penal, ajuda o PL a colocar o bode na sala do Congresso Nacional e, pela mão de terceiros, trabalha para que ela não se viabilize. Com o gesto malandramente astuto, o Centrão opera para convencer Bolsonaro a apoiar Tarcísio de Freitas e a não deixar que Eduardo Bolsonaro concorra, como tem ameaçado. Se o Centrão terá êxito, é aposta sem favoritos: nessa interação, há de tudo menos neófitos em coisas da política.


Ainda sobre a sucessão presidencial, outro dado interessante que desponta da pesquisa é o desempenho de Ciro Gomes (PDT), que carrega o recall de ter disputado três vezes as eleições presidenciais, na última das quais, em 2022, teve o desempenho esmagado pela polarização entre Lula e Bolsonaro. Em cenário de primeiro turno sem nenhum nome da família Bolsonaro, o ex-governador do Ceará tem vantagem sobre Zema e Caiado, de respectivamente oito e sete pontos percentuais, ao mesmo tempo em que se encontra numericamente atrás, mas em situação de empate técnico, com Tarcísio de Freitas.


A retirada de Ciro Gomes da disputa, com melhor desempenho entre eleitores da esquerda não lulista, as intenções de voto de Ciro Gomes se distribuem entre Lula, Eduardo Bolsonaro e cada governador em seu respectivo cenário. Ciro é o nome que melhor transita, em níveis diferentes, entre eleitores propensos ao voto em Lula, em Eduardo Bolsonaro e entre eleitores que preferem um dos governadores que tentam se firmar como expressão do antipetismo.


Ciro Gomes mantém o recall que se expressa em intenção de votos, que varia entre 11% e 14% do eleitorado, a depender do cenário. O desempenho de Romeu Zema nesses mesmos cenários oscila entre 5% e 6% das intenções de voto. Ao mesmo tempo, a rejeição individual de Ciro Gomes, – alcança 60% de eleitores que declaram conhecê-lo mas não votar nele de forma alguma –, só não é maior do que a de Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, de respectivamente 68%, 64% e 61%. A rejeição de Lula é de 52%.


A mesma pesquisa traz ainda uma outra inquietante informação ao governador Romeu Zema. Entre janeiro e setembro deste ano, período em que seguiu abraçando a narrativa bolsonarista em um conjunto de temáticas que abrangem desde o negacionismo histórico a certa brutalidade na expressão do antipetismo, o desempenho eleitoral de Zema não melhorou.


Ao contrário. A rejeição individual dele cresceu de 23% para 33%; o seu potencial de voto oscilou de 15% para 13% (dentro da margem de erro); e o seu nível de desconhecimento caiu de 62% para 54%. Portanto, Zema ficou mais conhecido e mais rejeitado. O trânsito de Zema entre eleitores lulistas, da esquerda não lulista e eleitores sem posicionamento – que serão os mais disputados em 2026 – é baixo, quase residual. Em contrapartida, alcança cerca de um quarto do eleitorado da direita não bolsonarista e entre bolsonaristas.

 


Planilha

A investigação da Operação Rejeito está de posse de uma planilha detalhada com nomes e contatos nos Três Poderes, que seriam procurados pelos envolvidos nas atividades da organização, responsável pela venda de licenças ambientais para mineradoras que atuavam ilegalmente em áreas preservadas no estado. Por meio de estratégias as mais diversas, inclusive compra de imóveis vizinhos de autoridades, suspeita-se que tais contatos seriam monitorados para eventual captação em benefício do grupo.

 

 

MGI

Em meio à obstrução da oposição com leitura de reportagens sobre a Operação Rejeito, o projeto que autoriza a federalização da Minas Gerais Participações (MGI) foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nessa quinta-feira (18/9). Os deputados estaduais Lucas Lasmar (Rede) e Dr. Jean Freire (PT), membros da oposição na CCJ, defenderam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a Operação Rejeito.

 

 

Tenacidade

O governador Romeu Zema declarou, em São Paulo, durante leilão da rodovia “Ouro Preto-Mariana” na Bolsa de Valores, que não desistirá de concorrer ao Palácio do Planalto. “Sou pré-candidato. Isso já está definido, iremos até o final. A direita terá alguns candidatos, cada um fazendo o seu trabalho e certamente estaremos juntos no segundo turno apoiando aquele que for para o segundo turno. O cenário é esse, dificilmente mudará”.

 

 

Poeira

Fazendo referência ao cenário excepcional de 2018 que o levou à eleição ao governo de Minas, Romeu Zema disse não se importar com o fato de apresentar neste momento baixos índices de intenção de voto: “Temos aí 13 meses (até a eleição) e estou muito acostumado a comer poeira. É só olhar 2018, nós ficamos 95% atrás e na última volta mudamos o cenário. Então, para mim, não é novidade, não”.

 

 

Temer

O ex-presidente Michel Temer (MDB) será palestrante no fórum “Perspectivas Políticas, Estabilidade Democrática e Seus Reflexos para o Empresariado”, organizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), nessa sexta-feira (18/9), no Cine Theatro Brasil, em Belo Horizonte. Também vão participar o presidente da Fecomércio, Nadim Donato, o governador Romeu Zema (Novo) e o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Roberto Tadros.

 

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