
Os números da segurança pública em Minas
Em Minas Gerais, em 2019 foram registradas 2.829 mortes violentas intencionais e, em 2024, 3.214, crescimento de 13,6%
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Na contramão do Brasil, as estatísticas de mortes violentas intencionais crescem em Minas entre 2019 e 2024. Mortes violentas intencionais dizem respeito a homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de mortes e mortes decorrentes de intervenções policiais. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No Brasil em 2019 foram registrados 47.765 casos e em 2024, 44.127 casos, uma queda média de 8,2%. Em Minas Gerais, em 2019 foram registradas 2.829 mortes violentas intencionais e, em 2024, 3.214, crescimento de 13,6%. Ao lado do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, do Maranhão e do Piauí, Minas integra o grupo de estados brasileiros que nesse período registraram aumento de mortes violentas intencionais.
“Enquanto no Brasil os crimes violentos estão caindo, ao longo do tempo, o que se verifica em Minas é o crescimento, o que se explica por uma gestão precária, reativa e sem plano estratégico nem diagnóstico específico da situação”, analisa Luís Flávio Sapori, doutor em Sociologia, especialista em segurança pública, pesquisador e professor da PUC Minas. “É uma gestão que ignora problemas, respaldada por uma interpretação de que está tudo bem porque Minas é um dos estados menos violentos do país. Mas a questão que está posta é que há uma nítida deterioração desse segmento, o que gera aparato policial e prisional setorizado, voltado para si, não integrado e reativo”, assinala Sapori.
A equipe de comunicação do governador Romeu Zema (Novo) disse a esta coluna que gostaria de que os dados de crimes violentos intencionais fossem comparados em Minas a partir de 2018. Alega que, em 2019 e em 2020, em decorrência da pandemia, teria havido uma queda, o que tornaria a comparação nesse intervalo “intelectualmente desonesta”, uma vez que se iniciaria no patamar mais baixo.
Pegue-se 2018 como marco temporal para comparação ao longo do tempo, a conclusão é a mesma: o desempenho de Minas foi pior do que a média brasileira. Enquanto no Brasil, registra-se entre 2018 e 2024 uma queda de 57.912 para 44.127 mortes violentas intencionais, em Minas em 2018, foram 3.216 mortes violentas intencionais e, em 2024, 3.214. O que os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública estão indicando é que enquanto no Brasil as mortes tiveram redução de 30,5%, em Minas elas se mantiveram estáveis no período nos patamares mais altos da série histórica.
“É importante compreender o que está acontecendo em Minas”, afirma Sapori. O pesquisador aponta para 2017 como o ano do pico em Minas e no Brasil dos indicadores de mortes violentas, respectivamente 4.370 e 64.079. “Entre 2017 e 2021, Minas Gerais registrou uma trajetória de queda desses indicadores. Em 2018 foram 3.216 casos, em 2019 foram 2.829 casos, em 2020 foram 2.708 casos e em 2021, 2.523 casos.
“Quando Zema assumiu o governo, em 2019, a série estava em trajetória de queda. Mas, em decorrência da falta de gestão e da falta de integração da segurança pública, a partir de 2022, esses crimes cresceram sistematicamente, em Minas, configurando uma nova linha de tendência. Em 2022 foram 2.936 casos, em 2023 foram 3.050 casos e em 2024, 3.214 casos”, conclui o pesquisador.
O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado estadual Sargento Rodrigues (PL), considera ruim a política pública para a segurança. “O estado está na contramão. Investe pouco e entre 2019 e 2024, caiu de 62.907 para 59.681 o efetivo policial que combate o crime, que são os policiais militares e policiais civis – e os bombeiros assistem à população”, afirmou o parlamentar.
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“Ingrato”
Caporezzo não gostou de ouvir do governador Romeu Zema ao Roda Viva que, embora tenha pautas em comum, nunca foi muito alinhado ao bolsonarismo. “Qual é a palavra, além de ingrato, que eu deveria usar diante da postura de Romeu Zema? Qual Romeu Zema está falando a verdade? Este ou aquele que em 2021, quando afirmou que tinha 99% do DNA de Bolsonaro? Ou aquele que falou em sua primeira campanha para governador que acreditava em Bolsonaro? O governador virou a eleição em Minas quando surfou no bolsonarismo. Se fosse algo genuíno e verdadeiro, não teria mudado de posição, vergonhosamente cuspindo no prato que comeu”, reclamou o parlamentar.
É cedo
O presidente estadual do PSD, Cássio Soares, considera muito improvável que o vice-governador Mateus Simões (Novo) formalize a sua filiação ao PSD em 17 de setembro, quando o presidente nacional, Gilberto Kassab, estará em Belo Horizonte. Será um encontro com os prefeitos e prefeitas do partido e a bancada estadual e federal do PSD de Minas. Haverá filiações de pré-candidatos a deputado estadual e a deputado federal. “Ainda há muitas conversas para acontecer, não adianta antecipar esse processo”, declarou Cássio Soares.
Observa Minas
O Projeto de Lei (PL) 3.704/22, que cria o Observatório Estadual da Violência contra a Mulher, pode institucionalizar e fortalecer uma iniciativa já em andamento no Executivo, o Observatório Interseccional de Gênero de Minas Gerais (Observa Minas), desenvolvido pela Fundação João Pinheiro, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese). O projeto, de autoria da deputada Ana Paula Siqueira (Rede), tramita em 2º turno.
Corporation
O governador Romeu Zema disse, durante a entrevista ao Programa Roda Viva, que pretende ir à Assembleia dar depoimento aos deputados estaduais em defesa da proposta de transformação da Cemig em Corporation. “Se não avançarmos nesta mudança, daqui a dez anos a Cemig vai valer próximo a zero”, afirmou. Segundo o governador, a legislação em vigor determina que as empresas de energia estatais que não forem privatizadas ou transformadas em Corporation nos próximos cinco anos vão perder as suas concessões.
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