Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Uma aposta eleitoral tóxica

Bolsonaro não se posiciona claramente em relação a quem apoiará na disputa presidencial como forma de manobrar as narrativas de todos em favor de sua pauta

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O bolsonarismo como estratégia de campanha majoritária para dar tração a candidaturas de menor visibilidade vai destilando o seu potencial tóxico. Algumas são as razões. A família Bolsonaro jamais cogitou apoiar algum governador presidenciável. Dos diálogos ou insultos trocados entre Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia salta o conflito pelo espólio de Jair Bolsonaro, inelegível.

A disputa está aberta entre Eduardo Bolsonaro e governadores, em particular Tarcísio de Freitas (Republicanos) – com maior potencial para concorrer ao Planalto em 2026 – e Romeu Zema (Novo), que se lançou mais recentemente. O ex-presidente da República deixa Eduardo Bolsonaro tensionar o relacionamento com os governadores, para, em seguida, mediá-lo.

Jair Bolsonaro não se posiciona claramente em relação a quem apoiará na disputa presidencial como forma de manobrar as narrativas de todos em favor de sua pauta pessoal. A anistia aos envolvidos, para escapar da condenação no julgamento da trama golpista, é o objetivo principal. Não à toa, Bolsonaro conseguiu arrancar, até aqui, declarações de Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado (União) de que se eleitos presidentes concederão indulto aos condenados pela trama golpista.

Segundo o Datafolha de agosto, 61% dos eleitores declararam não votar em um candidato que prometesse anistiar Bolsonaro. O desgaste de tanta proximidade de governadores presidenciáveis com Jair Bolsonaro cobrará o preço com o aumento da rejeição por “transferência”, sem que ao final, esses governadores alcancem o pretendido apoio como forma de tracionar o próprio desempenho no primeiro turno da corrida presidencial.

Os diálogos descritos no relatório da Polícia Federal também explicitam a forma como os interesses da família, com o apoio do pastor, se sobrepõem aos interesses nacionais. Os diálogos deixam registrado que o slogan integralista “Deus, Pátria e Família” é a narrativa de campanha que encobre a real política: “Família, Família, Família”, a de Bolsonaro. Um pastor estrategista político se destaca do conjunto de linguajares de envergonhar uma pessoa verdadeiramente cristã, com alguma educação.

Entremeados por palavrões, Silas Malafaia dá conselhos ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que demonstra pleno conhecimento e anuência da movimentação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos para prejudicar os interesses econômicos nacionais e chantagear as instituições com o projeto da anistia aos envolvidos na trama golpista. Silas Malafaia orienta a narrativa de vincular o tarifaço de Donald Trump à anistia para Bolsonaro.

“Tem que juntar a taxa com a questão da anistia. Ou juntar liberdade, justiça e anistia e a queda da taxa”, escreve. Bolsonaro replica para Malafaia, em outro momento: “(...) se não começar votando a anistia, não tem negociação sobre tarifas. Não adianta um ou outro governador querer ir para os Estados Unidos, para embaixada, tentar sensibilizar. Não vai conseguir. Da minha parte, é por aí”.

A chantagem exposta por Bolsonaro nos áudios se consolida não apenas na ação de Eduardo Bolsonaro no exterior, mas também é a mesma que motivou o motim na Câmara dos Deputados, promovido por parlamentares bolsonaristas, que exigiam do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) a pauta da anistia.

Sem tanto destaque na mídia, também um grupo de oficiais de reserva, entre os quais três generais que participaram de governos anteriores, tentou naquela mesma semana escalar a crise política levando-a para dentro dos quartéis, segundo relato de Marcelo Godoy, do Estadão. Foram neutralizados e não conseguiram desestabilizar o general Tomás Paiva, comandante do Exército.

Na quinta-feira, durante a comemoração do Dia do Soldado em Brasília, Tomás Paiva deixou a sua mensagem, destacando o exemplo de Duque de Caxias, segundo ele, símbolo da pacificação no Exército e da união nacional. “Em sua longa trajetória na busca da unificação nacional, debelou revoltas internas sem triunfalismos, respeitou os vencidos como irmãos e tratou todos, aliados e adversários, com dignidade e humanidade”, afirmou. 

Tecno-oligarquias

“Encruzilhadas – Tecno-oligarquias, democracia e ameaça ambiental” (Editora Fórum/2025) é a nova obra de Edilene Lôbo, Jorge Messias, Durval Ângelo e Paulo Dias de Moura Ribeiro. O lançamento será em 9 de setembro, no Tribunal de Contas do Estado, às 11h. 

Moda

A Câmara Municipal de Belo Horizonte vai lançar a Frente Parlamentar da Moda, segmento que movimenta R$ 1 bilhão por ano em Belo Horizonte. Audiência pública realizada nesta quinta por requerimento dos vereadores Bruno Miranda (PDT) e Helton Junior (PSD), respectivamente líder e vice-líder do governo, discutiu com representantes de movimentos e coletivos do setor, além de entidades e associações de lojistas, a importância da moda na identidade e economia de Belo Horizonte.

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Diversidade

Giovanna Penido, coordenadora da Frente Mineira da Moda, defendeu um plano estruturado de políticas públicas, considerando que a moda não pode se limitar a sobreviver. “Deve se posicionar, inovar e manter viva sua identidade cultural”, defendeu. A diversidade do setor foi representada por Makota Kizandembu, da Associação Nacional da Moda Afrobrasileira. Ela alertou para a falta de inserção da moda afro na indústria têxtil local, o que gera perda de oportunidades econômicas. “Temos mais de mil terreiros em BH e muitos insumos são comprados fora da cidade. Precisamos de capacitação, visibilidade e incentivo para produção sustentável”, afirmou Makota. 

Trabalho por aplicativos

O deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE), relator do Projeto de Lei Complementar 152/2025, que trata do trabalho por aplicativo, considera que a regulamentação de aplicativos de transporte está acima de ideologias. “A gente tem de legislar para que depois não legislem por nós. É fundamental que a gente enfrente essa questão”, afirmou, defendendo que seja garantida a segurança às empresas, aos trabalhadores e aos consumidores.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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