Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
Em Minas

Recados cruzados entre Mateus Simões e Rodrigo Pacheco

Diante das declarações de Mateus Simões, interlocutores de Rodrigo Pacheco criticaram o governador em exercício e também o governador Romeu Zema

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Pela primeira vez desde que tornou pública a sua pré-candidatura ao Palácio Tiradentes, há um ano, o governador em exercício Mateus Simões (Novo) deixou claro a sua leitura da sucessão mineira. Mateus Simões se vê como candidato único no campo bolsonarista, que enfrentará, no campo oposto, o senador Rodrigo Pacheco (PSD) com apoio da direita moderada, centro e esquerda.

Esse desenho suporia, em princípio, que o senador Cleitinho (Republicanos), que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto, desista de concorrer. Adicionalmente, tal configuração da disputa sugere que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que chegou a cogitar a candidatura ao governo de Minas, siga o planejamento de Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do partido, para que opere como puxador de votos em sua campanha à reeleição para a Câmara dos Deputados.

Para ter o apoio do PL, Mateus Simões precisará negociar as duas vagas do Senado, eleição prioritária para bolsonaristas em 2026. Considerando que a pré-candidatura ao Senado de Marcelo Aro (PP), secretário de estado de Governo, é aquela em estágio mais avançado de organização, Mateus Simões trabalha para entregar apenas uma das duas vagas ao PL, que teria a prerrogativa de indicação da vice-candidatura da chapa.

Nenhuma dessas conversas, contudo, opera no vácuo. Todas elas envolvem acerto com o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), quem irá escolher os nomes do Senado, segundo já declarou o deputado estadual Bruno Engler, líder do PL na Assembleia Legislativa. Em café da manhã com jornalistas nesta segunda-feira, Mateus Simões também admitiu, pela primeira vez, que mira o PSD, legenda em que hoje está filiado Rodrigo Pacheco.

Tantas apostas de Mateus Simões são lançadas no contexto em que, no plano nacional, vai ganhando impulso a candidatura à Presidência da República do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), costurada pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Mateus Simões já esteve com Kassab há alguns meses, prospectando cenários e conversando sobre eventual filiação. Mas, neste momento, o PSD nacional e o mineiro estão em compasso de espera.

No plano nacional, aguarda a definição de Tarcísio de Freitas, delicada manobra para arrancar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o protagonismo da condução do processo sucessório no campo da direita. E Rodrigo Pacheco depende dessa definição para escolher o seu futuro partidário: tem convite para o PSB, o MDB, o União e o PP.

Apesar de a eventual candidatura de Rodrigo Pacheco suscitar dúvidas entre aliados e mesmo no PSD estadual, interlocutores próximos do senador afirmam que ele se organiza para a corrida ao Palácio Tiradentes. Eles descartam movimentações que estariam sendo conduzidas também pelo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), para a indicação de Rodrigo Pacheco ao Supremo Tribunal Federal (STF), em eventual vaga aberta pela ainda não confirmada – mas comentada – aposentadoria do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em setembro, quando se encerrar a sua presidência na Corte.

Diante das declarações de Mateus Simões, interlocutores de Rodrigo Pacheco criticaram o governador em exercício e também o governador Romeu Zema (Novo), considerando-os em “permanente campanha”, praticando o que chamaram de “populismo desenfreado”. Nesse sentido, estariam se precipitando no processo eleitoral e deixando de lado o que deveriam estar fazendo: governar o estado. “Dizem que Minas precisa neste momento de governo, não de candidatos”, avisaram aliados de Rodrigo Pacheco.

Novo Gideão

Em novo e polêmico post, o governador de Minas, Romeu Zema, se diz como o bíblico Gideão, “que libertou o povo de Israel da opressão”. Em seu discurso monotemático, agora introduzindo elementos religiosos, Zema segue afirmando que acreditou em “Gideão e no Deus de Israel” e enfrentou o sistema e o PT, em Minas. Seguiu em sua narrativa política, que nega a política: “Eu não sou político de carreira, sou trabalhador como você. Igual a Gideão. Não fujo, eu luto. Libertei Minas contra o PT”, diz, acrescentando que agora precisa libertar o “país do PT”. Mais um pouco e Zema seguirá os passos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e vai se batizar no rio Jordão.

Federação

O anúncio na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, 25, da mais nova federação formada por Solidariedade e PRD vai calibrar a nova bancada da Câmara Municipal que agora nasce com quatro parlamentares: Michelly Siqueira (PRD), Wanderley Porto (PRD), Rudson Paixão (Solidariedade) e Diego Sanches (Solidariedade). Os quatro já integram o Bloco Independência Democrática e estão na base de Álvaro Damião (União). Na Assembleia, o PRD tem três parlamentares: Doorgal Andrada, Doutor Paulo e Roberto Andrade. Já o Solidariedade tem um deputado estadual, Professor Wendel. Já na Câmara dos Deputados, a bancada mineira tem três parlamentares do PRD – Fred Costa, dr. Frederico e Pedro Aihara. O Solidariedade tem dois: Zé Silva e Weliton Prado.

Startups

De autoria da vereadora Marcela Trópia (Novo), o marco legal das startups inspira o programa PBH Inova, que já selecionou oito startups para a busca de novas soluções e desburocratização do atendimento público na gestão de recursos humanos da saúde; para a contagem de público de grandes eventos como forma de aprimorar a segurança; dar celeridade aos processos de direito do consumidor no Procon BH: atender demandas de parcelamento do solo; e otimização das aplicações financeiras de Belo Horizonte. “Oito startups foram selecionadas por meio de Contratos Públicos de Solução Inovadora (CPSIs) e estão avançando na solução desses desafios públicos”, afirma Marcela Trópia.

Codemig

A Comissão de Administração Pública (APU) da Assembleia voltará a analisar, nesta terça-feira, o projeto de lei do Executivo que autoriza a federalização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). O texto será analisado pelos parlamentares na forma do substitutivo, que, em nova redação, estabelece que a transferência das ações à União só poderá acontecer após a adesão do estado ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). Na versão original do texto, o repasse da Codemig ao governo federal estava autorizado a partir do momento em que o estado solicitasse a entrada no Propag. Igual regra foi introduzida no projeto que trata da federalização da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), controladora da Codemig.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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