Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
Em Minas

Uma guerra com prazo de validade curto

Como toda guerra se apoia em narrativas de vitória, o fim dependerá de como as partes anunciarão ter alcançado seus objetivos

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Irã tem o apoio da Rússia e China. Israel, dos Estados Unidos. É uma guerra inútil: não mira a ocupação territorial – os países estão distantes e separados por Iraque e Jordânia; mas Israel mira a derrubada do regime iraniano. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, único país do Oriente Médio que possui bombas nucleares, ameaça assassinar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei. Ao contrário de pôr abaixo a ordem teocrática iraniana, contudo, a tendência é de unidade interna da população contra o ataque externo.


Desencadeada pelo ataque de Israel ao Irã, a guerra não interessa ao G7 e ao mundo. São muitos interesses em jogo, a começar pela alta dos preços de petróleo e gás natural, já que refinarias e áreas de extração são alvos. Além disso, pelo estreito de Ormuz – localizado entre Irã e a Península Arábica, que conecta o Golfo Pérsico ao Oceano Índico – passam 40% do petróleo transportado por via marítima, incluindo aquele exportado por países como Bahrein, Kuwait, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O bloqueio desse estreito iraniano impacta significativamente o preço do petróleo no mundo. Sinaliza para uma crise econômica e inflação em todos os países, inclusive nos Estados Unidos de Donald Trump.


“Há muita coisa em jogo, por isso é um conflito com prazo de validade”, avalia o professor Danny Zahreddine, professor de Relações Internacionais da PUC Minas e líder do grupo de estudo do Oriente Médio e Magreb do CNPQ e autor da obra “Oriente Médio, Velhos e Novos Conflitos” (Juruá Editora/2025).

Como toda guerra se sustenta em narrativas de vitória, o que permitirá encerrá-la será a forma como as partes conseguirão anunciar que conquistaram os seus objetivos. “Será preciso encontrar uma forma de acomodar os interesses dos israelenses, americanos, iranianos e russos, pois, a Rússia é importante aliada do Irã e não aceitará perder influência na região”, analisa.

Diferentemente da guerra entre Israel e Irã, de expectativa de curto prazo, é o massacre promovido por Israel contra a população civil na Faixa de Gaza, desencadeado a partir do ataque a Israel pelo Hamas de 7 de outubro de 2023.

Acadêmicos da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, da Universidade de Yale e de outras instituições estimam, em método estatístico de análise de captura-recaptura, que o número de mortes causadas pela campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza nos primeiros nove meses da guerra, entre outubro de 2023 e o final de junho de 2024 chegam a 64.260 mortes, entre as quais 59,1% eram mulheres, crianças e pessoas com mais de 65 anos.


Neste momento, a comunidade internacional denuncia a tentativa de uma “limpeza étnica” em Gaza. A Organização das Nações Unidas (ONU), denuncia o bloqueio humanitário contra Gaza, que impede a chegada de alimentos à população civil. Resolução aprovada pela ONU condenou veementemente “o uso da fome” por Israel como arma.


Por intensa atuação do governo federal e diplomacia brasileira, as autoridades que estavam em visita naquele país a convite do governo de Israel, as autoridades que desejaram voltar foram resgatadas nesta segunda-feira, pela via terrestre, através da Jordânia. Sabe-se por que Israel fez o convite aos prefeitos e autoridades estaduais: quer promover armamentos e serviços, além de seguir em intensa campanha diplomática mundo afora para disseminar a causa sionista.


Mas não se compreende por que tantas autoridades, inclusive o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), aceitou tal missão neste momento. As comunidades judaica e árabe de Belo Horizonte têm uma história de amizade, convivência pacífica e harmoniosa. E podem ter posições divergentes em relação ao que acontece em Gaza.


Por isso, a viagem do prefeito a Israel foi um inoportuno posicionamento político. Felizmente, Damião retornará hoje e poderá refletir sobre o seu trauma pessoal e o da capital que governa, que nem faz tanto tempo assim, perdeu o prefeito recém-eleito, de ascendência síria. Talvez esteja na hora de Damião ouvir alguém que lhe sussurre ao ouvido: “A cidade te apoia e é hora de governar Belo Horizonte”.

No voto

A bancada federal mineira irá se reunir nesta terça-feira para a escolha do novo coordenador, em substituição ao deputado federal Luiz Fernando (PSD). Sem acordo, a decisão será no voto secreto, conforme determina o novo regimento que organiza e formaliza os processos de sucessão, apresentado por Luiz Fernando e aprovado pela bancada. Os mandatos serão de um ano, sem direito à reeleição.

Quem concorre

São candidaturas à coordenação da bancada Greyce Elias (Avante), Igor Timor (PSD), Paulo Guedes (PT) e Newton Cardoso Jr (MDB). Em campanha há mais tempo, Newton Cardoso Jr tem uma base consolidada, entretanto, eventual aliança entre Igor Timor e Paulo Guedes poderá reverter essa diferença. São 53 deputados federais. Para eleição, basta maioria simples.

Política habitacional

Quase um terço dos municípios brasileiros (1.570) não conseguem sustentar as suas estruturas administrativas e a maior parte deles não consegue investir mais que 5% de seu orçamento em infraestrutura urbana. Os dados foram citados por Luciana Barbosa, arquiteta, urbanista e doutora em Geografia durante o debate "Habitação, Reforma Urbana e Participação Social", realizado nesta segunda-feira pela Assembleia Legislativa. Entre as opções de financiamento de municípios para políticas habitacionais estão, segundo a urbanista, a Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC) e a contribuição de melhoria. A OODC é um valor pago pelo proprietário interessado em construir acima dos parâmetros previstos no planejamento urbano para o seu imóvel. Já a contribuição de melhoria é um tributo decorrente de obra pública que proporciona a valorização do imóvel particular.


Codemig

O Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) segue em debate na Assembleia. Na Comissão de Administração Pública os parlamentares vão discutir nesta terça-feira, em audiência pública, mais duas propostas do governador Romeu Zema que integram o pacote de medidas para viabilizar a adesão do Estado ao Propag. Trata-se dos projetos de lei (PLs) 3.734/25 e 3.735/25, que autorizam a federalização da Codemge e de sua subsidiária Codemig. O requerimento para a realização da reunião é assinado por 17 parlamentares. Foram convidados para a audiência a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mila Corrêa da Costa; a diretora-presidente da Codemge e da Codemig, Luísa Barreto; e o ex-presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco.

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Servidores

Também a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social vai realizar nesta terça-feira audiência pública para discutir os possíveis impactos nas condições de trabalho e na vida dos servidores de estatais acarretados 0adesão do estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). A reunião foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Betão (PT).

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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