Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

A vez dos bitcoins: 'VLLC'

O endosso do presidente argentino estimulou 40 mil compradores, o que elevou rapidamente a capitalização da criptomoeda para mais de US$ 4 bilhões

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“A Argentina liberal está crescendo!!! Este projeto privado será dedicado a incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenos negócios e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA”, publicou Javier Milei, presidente da Argentina, que se define como anarcocapitalista, mas está, junto a outras lideranças mundiais, mais para vassalo da nova ordem tecnofeudal que opera para aniquilar estados nacionais. A postagem de Milei, em 14 de fevereiro de 2025, às 19h01, incluía um link para o empreendimento, denominado “projeto Viva la Libertad”, em referência ao slogan do presidente, que brada, ao final de seus discursos: “Viva La Libertad Carajo” (“VLLC”).

 

O endosso do presidente argentino estimulou 40 mil compradores, o que elevou rapidamente a capitalização da criptomoeda para mais de US$ 4 bilhões. Em poucas horas, contudo, o valor da $LIBRA desabou: um pequeno grupo de carteiras digitais retirou quase US$ 90 milhões. Os 40 mil investidores ficaram com o rombo nas costas. Recorreram à Justiça. Buscaram a proteção do Estado.

 

É a mesma entidade que os senhores tecnofeudais e o seu braço político mundo afora querem destruir. Nada contra criptomoedas. Joga quem quer, assim é a liberdade. Mas é importante dar o nome adequado às coisas. Nicholas Weaver é especialista em criminalidade e segurança cibernética. Pesquisador do Instituto Internacional de Ciências da Computação (ICSI) da Califórnia, afiliado à Universidade da Califórnia, em Berkeley, tem firmado enfática crítica pública aos riscos do mercado das moedas digitais.

 

 

Segundo ele, a ideia inicial era criar um sistema de pagamento sem intermediários que pudesse barrar transações ilegais. Ele descreve, em resumo, as criptomoedas como uma espécie de pirâmide financeira, em que os primeiros investidores lucram o dinheiro daqueles que aderiram por último. Diferentemente de um investimento real, regulamentado, como ações ou títulos do governo – em que se investe por um tempo podendo ganhar dividendos ou juros ou mesmo perder –, no mercado de criptomoedas, o único valor é o que outra pessoa está disposta a pagar. “E isso não é um investimento, é um jogo de azar”, resume o especialista em uma de suas declarações públicas.

 

Enquanto isso, Belo Horizonte ganhou nova pauta. Não se trata de questões que batem à porta diariamente da população que se desloca, caminha por calçadas sujas, esburacadas, anota o crescimento da população de rua, procura trabalho e busca oportunidades para a sua família. Nada disso. A Câmara Municipal segue atolada em uma guerra cultural, atrelada a temas importados.

 

 

As narrativas e propostas seguem o padrão da extrema direita global. Nesta quarta-feira, o embate em plenário se deu em torno da iniciativa do vereador Vile (PL), que, respaldado nas galerias de interessados diretamente no mercado de criptomoedas, conseguiu aprovar em primeiro turno o projeto de lei que declara o município de Belo Horizonte capital do bitcoin. “Boa parte dos belo-horizontinos já entendeu que o bitcoin é liberdade, é tirar o Estado do seu dinheiro”, defendeu o vereador. Pelo momento o foco foi na “liberdade”.

 

Mas, com frequência, mira a censura, brandindo o bastião da moral e dos bons costumes. Coube à vereadora Luiza Dulci (PT) economista e doutora, desenhar a proposta dos bitcoins. “Vejo com muita gravidade a Câmara Municipal instituir data para incentivar o uso público do bitcoin, como suposta moeda que possa fomentar a economia de nossa cidade. Bitcoin não é moeda.

 

É ativo virtual sem qualquer tipo de lastro, sem qualquer tipo de regulamentação pública”, afirmou, considerando que o Banco Central está fazendo estudos sobre criptomoedas. “É importante aguardar eventual regulamentação, evitando deixar mensagem que possa colocar parte da população de BH em situação de muito risco e levar muitos a bancarrota”, assinalou. O Brasil já se acostumou a acompanhar em debates públicos a desqualificação da academia, do conhecimento e da razoabilidade. E por aí segue a Câmara de BH. Em tempo: o projeto foi aprovado em primeiro turno.

 

 

Com Damião

A bancada do PT vai se reunir nesta quinta-feira, às 11h, com o prefeito Álvaro Damião (União). Não se trata de discutir participação na gestão municipal. A pauta será focada em políticas públicas para Belo Horizonte. “Respaldamos o governo em políticas necessárias para melhorar a vida do povo de BH. Vamos discutir questões como a ampliação das equipes do programa do governo federal de Saúde da Família, o Minha Casa, Minha Vida, o stock car, em apoio à posição da UFMG”, afirma o vereador Bruno Pedralva (PT). “Vamos também levar ao prefeito o pedido de apoio ao meu projeto voltado à aprendizagem nas escolas municipais para o enfrentamento de fake news, além do projeto da Luiza Dulci de universalização do acesso à água”, destaca o vereador Pedro Rousseff (PT), criticando o Legislativo municipal pelas pautas ideológicas que não avançam em temas que interessam à população.

 

Lula em BH

Outro tema a ser abordado no encontro com Álvaro Damião será a visita de Lula a Belo Horizonte neste mês: ele entregará cerca de 200 máquinas agrícolas para as prefeituras, dando-lhes autonomia em relação aos consórcios para trabalhos de infraestrutura rural e cultivo. Lula estará acompanhado do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do senador Rodrigo Pacheco (PSD). A solenidade de entrega seria em 30 de abril, mas foi adiada pela morte do papa Francisco e a viagem da representação brasileira ao funeral.

 

 

Retrocesso, não!

As vereadoras Loíde Gonçalves (MDB), Janaína Cardoso (União Brasil), Luiza Dulci (PT), Cida Falabella (Psol), Juhlia Santos (Psol) e Iza Lourença (Psol) se reuniram nesta quarta-feira com Álvaro Damião para solicitar que vete o projeto de lei aprovado na Câmara Municipal que determina a criação de um dia voltado à divulgação dos métodos contraceptivos naturais.

 

É casar ou morrer

O Solidariedade aguarda a fusão entre tucanos e o Podemos para se federar ao novo partido. “O Solidariedade, assim como vários partidos pequenos e médios, só tem uma opção: ou faz a federação ou não terá chapa de deputado”, afirma o deputado federal Zé Silva (Solidariedade).

 

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Reunião propositiva

Antes de levar à Assembleia os projetos relacionados à adesão do estado ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida do Estado (Propag), o vice-governador Mateus Simões (Novo) reuniu-se no Tribunal de Contas do Estado (TCE) com o presidente, Durval Ângelo, o vice-presidente, Agostinho Patrus, e o procurador-geral do Ministério Público de Contas, Marcílio Barenco. “Foi reunião muito propositiva. Vamos estudá-las e analisar as consequências das medidas para os poderes e para o estado”, considerou Durval Ângelo.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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