

A teoria do "horror vacui" na política mineira
Lula projeta embate eleitoral em Minas com a direita radical e extrema direita divididas, com Cleitinho (Republicanos) e Mateus Simões (Novo)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem consolidado, com razoável nível de precisão, o diagnóstico do cenário eleitoral mineiro da sucessão do governador Romeu Zema (Novo).
Projetando para 2030 a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência da República, por extensão, segue apostando na ambiguidade do PSD, que, sob o comando de Gilberto Kassab, reúne Brasil afora governistas, centristas pragmáticos, a direita radical e alguns bolsonaristas da extrema direita. Se no Paraná o PSD pende à direita radical, em São Paulo eleva o pragmatismo à potência: além de assumir articulação central no governo estadual de direita radical e no governo municipal, dali comanda a relação com o governo federal – esse híbrido de centro-esquerda e direita pragmática.
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A realpolitik pessedista está para Minas como em São Paulo. O PSD está à frente da PBH, é respaldado pela bancada de esquerda na Câmara Municipal e por legendas de centro e da direita pragmática; o PSD está também na base do governo Zema na Assembleia; tem um ministro mineiro à frente de Minas e Energia; e é a alta a probabilidade de que venha a ter um segundo mineiro comandando o Ministério da Indústria e Comércio.
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Apesar de movimentos em 2024 do deputado estadual Cássio Soares, presidente estadual da legenda, que miravam uma aproximação com vistas a 2026 com o grupo político de Zema, a diferença do PSD mineiro em relação ao paulista é que em Minas, a depender de Lula, o PSD, em coalizão com a centro-esquerda, encabeçará a chapa ao Palácio Tiradentes com Pacheco, que só não assumirá a pasta do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) se realmente não desejar.
Lula projeta ao governo de Minas um embate eleitoral em que a direita radical e extrema direita chegam divididas – com o senador Cleitinho (Republicanos) e o vice-governador Mateus Simões (Novo). Em contraposição, Pacheco é consenso não só no PSD mineiro: é o único nome que agrega o campo da direita pragmática e da centro-esquerda. Tem interlocução inclusive com o ex-prefeito Alexandre Kalil (ex-PSD).
A possibilidade de que venha a assumir a Indústria e Comércio já promove movimentos de apoio e manifestações de simpatia em hostes da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que se tornou um reduto zemista de viés bolsonarista com Flávio Roscoe dando as cartas. Lula sabe que sem Pacheco, em Minas, enfrentará o vácuo para construir o seu campo político na sucessão ao governo do estado. E esta chapa será essencial para reforçar a sua própria candidatura à reeleição.
Com um simples experimento envolvendo um tubo de aproximadamente um metro de mercúrio, Evangelista Torricelli descartou, em 1644, a teoria aristotélica do “horror vacui”. Encerrou ali uma discussão clássica, aberta por Demócrito no século 5 a.C., considerado precursor da física. “Sem vácuo, não pode haver movimento”, atestava Demócrito. Foi refutado por Aristóteles, que se recusava a aceitar a existência de espaços vazios no universo, com quem fez coro a Igreja Católica, séculos mais tarde, defendendo a máxima: “a natureza abomina o vácuo”. Se é fato que, para a física, milênios depois, a teoria de Demócrito sobre o vácuo segue demonstrável, em se tratando de política, Aristóteles tem a palavra.
Em meditação
Rodrigo Pacheco estará em férias com a família, por duas semanas, a partir da semana que vem. Antes de viajar, deverá ter uma conversa com Lula. Quer refletir para se posicionar em seu retorno. Tem recebido muitos telefonemas de empresários mineiros entusiasmados com a perspectiva de que assuma o Ministério da Indústria e Comércio, considerado posição importante para o estado.
Quem fica
A reforma ministerial não atingirá Alexandre da Silveira, à frente de Minas e Energia. Em entrevista nesta quarta-feira às rádios BandNewsFM BH, Mundo Melhor e Itatiaia, Lula declarou: “Alexandre da Silveira é um ministro excepcional. Poucas vezes o ministério de Minas e Energia teve um ministro da competência, da vontade de brigar, de lutar com o interesse por Minas Gerais, como Alexandre Silveira. Então não há por que mexer em quem está fazendo uma revolução no setor energético e de minas neste país”.
Na base
O vereador Wanderley Porto (PRD), que integra o Bloco Independência Democrática, informa a esta coluna que os vereadores Michelly (PRD), Diego Sanches (Solidariedade), Rudson Paixão (Solidariedade), Leonardo Ângelo (Cidadania) e Wagner Ferreira (PV), que também integram o bloco, querem estar na base de governo. “Ficamos com Juliano Lopes (Pode) na eleição para a presidência da Câmara Municipal porque já havíamos dado a nossa palavra”, diz.
Wanderley Porto afirma que o seu bloco aguarda o chamado do prefeito em exercício, Álvaro Damião (União) para definir a sua forma de atuação na Casa. “Já o apoiamos na campanha para prefeito, os reeleitos foram base no mandato passado, queremos continuar”, diz.
Exonerações
As exonerações de indicados a cargos comissionados na prefeitura por Wanderley Porto, pelas vereadoras Marilda Portela (PL) e Janaína Cardoso (União) e pelo vereador Wagner (PV) foram entendidas pelos vereadores como “chamados” para o diálogo. As exonerações dos indicados foram parciais. No caso de Marilda Portela, por exemplo, pelo momento foi mantido o administrador da Regional Norte e exonerados parte dos indicados de terceiro escalão.
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Usina solar
Com investimentos da ordem de 82,7 milhões de euros – dos quais 25 milhões de euros do Fundo de Investimento Dinamarquês para Países em Desenvolvimento (IFU) –, a empresa norueguesa Scatec, que lidera o projeto, vai construir uma usina solar em Urucuia, no Norte de Minas. A usina vai gerar 307 GWh de energia renovável ao ano, fornecendo eletricidade para mais de 150 mil famílias brasileiras. O início das operações comerciais está previsto para o primeiro semestre de 2026.
Mulheres exaustas
A Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC) lança a campanha “Diário da Mulher Exausta: com luta e afeto, juntas pelo direito ao bem viver”, neste sábado, a partir de 9h30, na Casa Terra (Rua Eurita, 62, Santa Tereza, BH). O evento é gratuito e aberto ao público. A iniciativa, que já está nas redes, reúne oito coletivos mineiros para discutir o acúmulo de responsabilidades, rotinas exaustivas, cobranças, estresse e depressão vividos cotidianamente, em maior ou menor grau, por mulheres das mais diversas localidades, classes, raças e idades.