Onde há fumaça...
Se uma ponte haveria nessa interlocução entre Matheus Simões e Kassab, a mais provável seria Cássio Soares, articulador junto a Kassab e a Rodrigo Pacheco
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SIGA NOEm declaração formal, o presidente estadual do Novo, Christopher Laguna, descartou a desfiliação do vice-governador Matheus Simões (Novo). Também o presidente estadual do PSD, deputado estadual Cássio Soares (PSD), negou a esta coluna: “Não houve conversa com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para a filiação do vice-governador Matheus Simões (Novo) no PSD. Continuamos aguardando o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD)”. A informação de que Matheus Simões estaria negociando o ingresso no PSD foi publicada pelo jornalista Orion Teixeira, colunista do Estado de Minas.
Se uma ponte haveria nessa interlocução entre Matheus Simões e Kassab, a mais provável seria Cássio Soares, articulador junto a Kassab e a Rodrigo Pacheco, que respaldaram a candidatura à reeleição de Fuad Noman. O PSD está na base de Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa. Cássio é líder do bloco Minas em Frente, de sustentação. Indagado, Matheus Simões segue em silêncio.
Mas os fatos são teimosos, diria uma velha liderança revolucionária. E há uma sucessão deles. Aliás, uma cascata deles, do plano nacional ao plano estadual, que podem justificar uma movimentação dessa ordem. Isto promoveria um súbito cavalo de pau na organização das forças políticas no estado de Minas Gerais. Em primeiro lugar, dado o farto material reunido pela Polícia Federal, que expôs o show de horrores de uma tentativa de golpe de estado, encabeçada, segundo o inquérito, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), as chances de reversão de sua inelegibilidade por meio de uma “anistia” são cada vez mais remotas.
Ao mesmo tempo em que cresce a probabilidade de uma condenação e prisão dos envolvidos, entre eles, o autointitulado “dono” da extrema direita e direita no Brasil; a direita que orbita Bolsonaro se libertará.
A candidatura à Presidência da República de Tarcísio de Freitas (Republicano), governador de São Paulo, até então articulada por Gilberto Kassab para 2030, está em gestação para 2026. Kassab, um equilibrista experiente, segue no governo Lula anunciando apoio daqui a dois anos; mas está solidamente enraizado ao lado de Tarcísio. Kassab, como se sabe, não é dado a ideologias – talvez no máximo ressalvas à extrema direita não democrática.
Ter Matheus Simões no PSD representaria, nesse cenário, um sólido palanque para o governador paulista em Minas Gerais, segundo colégio eleitoral. É que Rodrigo Pacheco, entre idas e vindas, tem dito que deixará a política; mas também poderá não fazê-lo. Pelo sim, pelo não, Matheus Simões seria um belo pássaro à mão. E, de quebra, o nome de Romeu Zema poderia ser trabalhado para compor a chapa encabeçada por um carioca, agora de São Paulo. O triplo carpado São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais.
Entre os “inconvenientes” políticos de tal movimentação, estaria, por exemplo, o prefeito Fuad Noman (PSD), reeleito, que cultiva um relacionamento diferenciado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Fuad apoiará Lula em 2026. Tal fato, contudo, não impediria o PSD mineiro de estar navegando em outras paragens. A hipotética filiação de Matheus Simões desorganizaria a movimentação que vem sendo construída em cidades do porte de Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora para uma composição entre PT e PSD com vistas a 2026.
No PSD Simões teria mais tempo de televisão, recursos do fundo eleitoral para a sua campanha e, mais importante, um berço ao centro – de aparente neutralidade – que possa apagar o que há de mais grotesco, e foi revelado pela Polícia Federal, de velhas companhias. Ao “centro” pragmático, seriam maiores as possibilidades para expandir alianças ao mesmo tempo em que sinalizaria para uma polarização com o bolsonarismo do senador Cleitinho (Republicanos) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), ambos aliados da eleição à Prefeitura de Belo Horizonte.
Propag
Relator na Câmara dos Deputados do projeto de lei complementar que institui Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), de autoria de Rodrigo Pacheco (PSD), o deputado federal doutor Luizinho (PP-RJ) apresentou parecer favorável à proposta. A federalização de ativos estaduais é um dos pilares da proposta para o refinanciamento de dívidas contraídas por governos dos estados junto à União.
No telhado
Na avaliação do deputado federal Zé Silva (SD), que reivindicava a relatoria da matéria de interesse de Minas Gerais, a maior dúvida neste momento é se haverá tempo hábil, ainda este ano, para que a matéria seja incluída em pauta. “Pela quantidade de proposições obrigatórias, o próprio pacote de cortes de gastos do governo federal, que altera as regras do arcabouço fiscal, a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, não sei se haverá condições para ser pautado este ano”, afirma Zé Silva, líder de Zema junto à bancada federal.
Lista do Senado
Na bolsa de apostas para as duas vagas ao Senado Federal em 2026, estão as candidaturas de cinco deputados federais, um secretário de governo e um ministro de estado. São eles: Eros Biondini (PL), Euclydes Pettersen (Republicanos), Mário Heringer (PDT), Reginaldo Lopes (PT), Domingos Sávio (PL), Marcelo Aro (PP) e Alexandre Silveira (PSD). Mas também não se descarta, ainda que não seja o seu projeto político do momento, a hipótese de o governador Romeu Zema (Novo) vir a concorrer, caso não se viabilize para as eleições à Presidência da República. Os senadores Carlos Viana (Podemos) e Rodrigo Pacheco (PSD) encerrarão os seus mandatos, mas ainda não se posicionaram em relação à possibilidade de disputarem a reeleição.
Linha direta
O presidente Lula e o prefeito Fuad Noman vivem momento de grande proximidade. Quando internado, Fuad recebeu ligação pessoal de Lula para desejar-lhe rápida recuperação. Em cenário político cada vez mais movediço em Minas Gerais, Lula aposta na liderança de centro do prefeito reeleito.
Vapt-vupt
A bancada municipal do Novo recebeu chamado da secretaria de Estado de Governo orientando para que vereadores baixem o tom de oposição ao prefeito Fuad Noman no projeto de reforma administrativa. A vereadora Fernanda Altoé (Novo) que planejava longa obstrução, arrefeceu. Matéria foi aprovada nesta segunda-feira, em ritmo de maratona.
Cerrado
O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Minas Gerais, Sergio Augusto Domingues, afirmou, em debate público realizado pela Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia, que os impactos das mudanças climáticas são facilmente verificados no cerrado. Segundo ele, a estação chuvosa vem se estabelecendo com atraso médio de 1,4 dia por ano, acumulando um atraso de aproximadamente 1 mês e 26 dias desde 1980. Domingues assinalou que o cerrado é o bioma com o maior nível de desmatamento no país, tendo perdido 12% da vegetação nativa remanescente nas duas últimas décadas. A rápida degradação coloca em risco 12 mil espécies de plantas, das quais 4.400 endêmicas, que não ocorrem naturalmente em nenhum outro lugar do mundo.