Educação parental
No mundo dos homens, as mulheres estão tentando construir uma história, mudar a forma de olhar para a parentalidade
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Cuidado deveria ser um substantivo feminino, quem cuida é mulher. E esse trabalho de cuidado desempenhado pelas mulheres é a base do capitalismo. E quando olhamos para as profissões que têm relação com o cuidado, observamos que a maioria dos profissionais que atuam são mulheres. Tem homens fazendo, mas é tipo o livro do Wally, dá trabalho encontrar aqueles que realmente estão dispostos a aprender e a cuidar.
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Participei, nos dias 20, 21 e 22 de novembro, do 6º Congresso Internacional de Educação Parental. A educação parental é um conjunto de práticas e orientações que visa apoiar pais e cuidadores a desenvolverem habilidades para criar seus filhos de forma saudável e equilibrada. Ela vai além de simplesmente transmitir regras, utilizando ferramentas da psicologia, pedagogia e neurociência para promover o bem-estar cognitivo e afetivo de crianças e adolescentes. O objetivo é fortalecer os vínculos familiares, cultivar habilidades socioemocionais e ajudar os pais a lidarem com desafios diários de maneira positiva.
Estive em todas as edições do congresso e, como todos os anos, pude ver o auditório lotado, o que é maravilhoso, mas ter um olhar atento para quem está lotando a plateia faz a gente ter uma visão concreta do que é a realidade. A maioria esmagadora das participantes eram mulheres, os homens a gente podia contar nos dedos. Isso mostra com clareza que homens ainda não querem assumir o papel do cuidado. Outra coisa que ficou clara, quando buscamos os patrocinadores do evento, é que o trabalho de cuidado também segue invisibilizado pelas empresas, pois elas não têm interesse em patrocinar esse tipo de evento.
Enquanto o MindSumit, encontro sobre potencialidade humana e saúde mental no trabalho, que aconteceu em outubro, tinha grandes patrocinadores, o congresso teve patrocinadores modestos. Não é por acaso, grandes empresas não estão preocupadas com o cuidado, com as famílias, com as crianças e os adolescentes. No mundo dos homens, as mulheres estão tentando construir uma história, mudar a forma de olhar para a parentalidade. E veja, tanto o Mind quanto o congresso foram idealizados pela mesma mulher, a Ivana Moreira. Precisamos refletir sobre isso se queremos mudar a cultura e colocar o cuidado com as famílias como uma premissa para um futuro com menos adoecimento psíquico. A família é o alicerce da sociedade.
Deixo aqui a mensagem de Ivana e Jacqueline Vilela, idealizadoras do Congresso Internacional de Educação Parental:
“A gente estuda para um monte de coisas, faz quatro anos ou mais de uma faculdade para se tornar um profissional, mas não estuda para o trabalho mais importante que teremos na vida: o de criar outro ser humano. Cada pai e cada mãe cria um pedacinho do futuro da humanidade. Por que achamos que não precisamos nos preparar para isso? Compreender o que é Educação Parental é compreender que podemos contribuir positivamente quando entendemos o processo de desenvolvimento de crianças e adolescentes e possibilitamos que eles se tornem adultos emocionalmente mais saudáveis. A neurociência e a psicologia já provaram que as vivências entre pais e filhos na infância definem características que as crianças vão carregar para a vida adulta. A Educação Parental é uma ferramenta para transformar a sociedade a partir de cada família. Por isso trabalho para que ela seja levada a sério e compreendida no Brasil.” (Ivana Moreira)
“A Educação Parental é uma forma de apoiar famílias na criação de vínculos mais saudáveis com seus filhos, trazendo conhecimento, acolhimento e estratégias práticas para lidar com os desafios da vida em família. O Congresso Internacional de Educação Parental é hoje o maior encontro sobre esse tema no Brasil. É ali que profissionais de diferentes áreas, como psicologia, educação e saúde, se reúnem para trocar experiências, apresentar dados, debater políticas públicas e fortalecer uma atuação que transforma realidades. Mais do que um evento, o Congresso é um movimento vivo que une pessoas comprometidas com o futuro das famílias brasileiras.” (Jacqueline Vilela)
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
