Rayssa Leal, 16 anos, participando da sua segunda olimpíada e levando mais uma medalha para casa. Já pensaram que, se ela tivesse recebido uma educação sexista, nunca teria ganhado um skate, pois diriam que é coisa de menino? -  (crédito: Odd ANDERSEN / AFP)

Rayssa Leal, 16 anos, participando da sua segunda olimpíada e levando mais uma medalha para casa. Já pensaram que, se ela tivesse recebido uma educação sexista, nunca teria ganhado um skate, pois diriam que é coisa de menino?

crédito: Odd ANDERSEN / AFP


A educação sexista é uma forma de discriminação baseada no sexo biológico, favorecendo um sexo em detrimento do outro, ela é baseada em estereótipos de gênero, a crença sobre o que seria um comportamento adequado para uma mulher e o comportamento adequado para um homem, separando os papéis de gênero.

 


A educação sexista começa bem cedo, naqueles chás revelação com firulas azuis, se o bebê for menino, e firulas cor de rosa, se for uma menina. Claro que as cores não interferem na criação das crianças, mas levam à separação dos papéis de gênero. Quando vamos a uma loja comprar um brinquedo para uma criança e o vendedor pergunta: “é para menino ou para menina?” Essa divisão baseada em estereótipos de gênero está dada. A sessão dos “brinquedos de menina” estará cheia de bonecas, cozinhas, casinhas, panelinhas, mini aparelhos de chá, princesas e tudo que remete ao trabalho de cuidado que será atribuído às mulheres adultas. Na sessão dos “brinquedos de meninos” teremos carrinhos, espadas, super-heróis, aviões, navios etc.


Esse tipo de educação é limitante, meninos deveriam ter liberdade de brincar de boneca, de brincar de casinha, afinal, homens têm casa e têm filhos e devem estar preparados para o trabalho de cuidado tanto quanto mulheres. Meninas deveriam ter liberdade de brincar com qualquer tipo de brinquedo, não só os que remetem ao trabalho de cuidado.


Trabalho de cuidado ou “economia do cuidado" é um termo que diz respeito a atividades empenhadas por pessoas que prestam serviços que promovam a criação e desenvolvimento de crianças e adolescentes, e serviços orientados à satisfação de necessidades físicas ou psicológicas de terceiros. Isso inclui a criação de filhos e o cuidado com idosos, trabalho geralmente atribuído ao sexo feminino, não remunerado e invisibilizado.

 


Imagine quantas meninas já chegaram em uma loja de brinquedos, pediram um skate e ouviram que aquilo é “coisa de menino”? Quantas Rayssas perderam a oportunidade de competir no esporte devido a essa limitação dada por esse tipo de educação? Rayssa é uma menina fora da curva, ela brilha, e, certamente esse brilho tem muito da educação que ela recebe em casa, de todo o apoio e incentivo que recebe da família. Rayssa é um exemplo de onde a educação não sexista pode nos levar!


A educação não sexista entende que os sujeitos têm as mesmas capacidades, independentemente de serem machos ou fêmeas, e busca reduzir esse abismo entre a masculinidade e a feminilidade, permitindo que crianças sejam apenas crianças e tenham a possibilidade de vivenciar os diversos tipos de jogos, brincadeiras e atividades. Quando você for dar um presente para uma criança, não se pergunte se aquilo é para menino ou para menina. Precisa usar as partes íntimas para brincar? Não. Então não tem gênero e o sexo da criança não vai interferir na brincadeira.