Não é fácil construir redes de apoio, mas é essencial ter coragem para pedir ajuda -  (crédito: Lisett Kruusimäe/Pexels/Reprodução)

Não é fácil construir redes de apoio, mas é essencial ter coragem para pedir ajuda

crédito: Lisett Kruusimäe/Pexels/Reprodução

Sei que não é fácil construir redes de apoio, ainda mais se você faz parte de grupos minoritários. Nós, da comunidade LGBTQIAP+, por exemplo, enfrentamos muita rejeição e falta de apoio de diferentes formas no dia a dia.

 

Só para você ter uma ideia, estima-se que, devido à exclusão familiar, 13 anos seja a média em que travestis e mulheres transexuais são expulsas de casa pelos pais (ANTRA). Além disso, 63% dos jovens de 18 a 25 anos relatam sentir rejeição total ou parcial dos familiares após "saírem do armário", e apenas 59% revelam sua orientação sexual para a família (Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) da Prefeitura de São Paulo).

 

Ainda de acordo com a ANTRA, a rejeição familiar pode ter impactos devastadores, incluindo dificuldades crescentes no acesso e na continuidade da educação formal. A falta de suporte e apoio torna a qualificação profissional inviável, interrompendo o processo de cidadania plena para a comunidade LGBTQIAP+. Isso acarreta sérias consequências para a saúde mental, além de elevados níveis de isolamento e suicídio.

 

Diante disso, sei que não é fácil para nós, comunidade LGBTQIAP+, construir uma rede de apoio, mas é essencial ter coragem para não desistir de pedir ajuda! No curta-metragem O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, há um diálogo que ressoa profundamente:

 

"Qual é a coisa mais corajosa que você já disse?" — perguntou o menino.
"Me ajuda," — respondeu o cavalo.

 

E redes de apoio podem surgir de diferentes lados: de familiares ou parentes distantes, de amizades antigas ou recentes, de grupos, instituições, entre outros. Às vezes, essa rede de apoio surge de onde menos se espera.

 

Nesse contexto, é importante ressignificar o conceito de família. Muitas vezes, a família é formada por parentes, mas também pode ser formada por pessoas amigas de longa data e amizades recentes incríveis que a vida nos trouxe. Família são aquelas pessoas que verdadeiramente fazem a diferença em nossas vidas, oferecendo amor, apoio e compreensão quando mais precisamos.

 

E você, que deseja ser uma pessoa aliada da comunidade LGBTQIAP+: O que você tem feito para realmente ser uma ilha de acolhimento? Na sua família tem alguma pessoa LGBTQIAP+? Então seja rede de apoio!

 

*Arthur Bugre é um especialista em Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento (DEI&P). Como palestrante, dedica-se a transformar ambientes de trabalho em espaços verdadeiramente seguros e inclusivos. Bugre é um homem negro retinto, trans e neurodiverso, trazendo uma perspectiva única e autêntica às suas abordagens.

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