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A inteligência artifical (IA) está também mediando relacionamentos virtuais. E, pasmem, curando solidão emocional. A “companheira” e o “companheiro” são tidos como ideais porque nunca se esquecem de aniversários, nunca discutem e sempre respondem em segundos.
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“Bom dia, meu amor”, diz a mensagem. Só que esta pessoa não é real. É um chatbot de inteligência artificial. O que antes parecia cena do filme “Ela” (2013), de Spike Jonze, sobre o homem solitário que se apaixona pela voz feminina de um sistema operacional inteligente, agora é realidade cotidiana.
Estudo recente nos EUA revelou que um em cada cinco estudantes do ensino médio já teve ou conhece alguém que teve relacionamento romântico e íntimo com inteligência artificial. E 42% afirmaram que eles próprios ou alguém que conhecem já usaram IA para companhia.
Na Índia, relatório da McAfee revelou que 46% dos entrevistados entre 18 e 30 anos conversam com ferramentas de IA em busca de conforto ou companhia. E esse "vínculo" está se aprofundando rapidamente. Alguns estão até mesmo pedindo chatbots em casamento, chegando a se “casar” com eles.
Psicólogos alertam que nossa crescente dependência de IA para apoio emocional pode sinalizar solidão mais profunda. “As pessoas estão recorrendo a chatbots de IA para preencher o vazio da falta de acesso constante a outras pessoas", diz a psicoterapeuta Ayesha Sharma, de Mumbai. E acrescenta: “Como a IA não discorda nem julga, ela proporciona aos usuários a sensação de pertencimento e aceitação.”
Ao contrário das pessoas de carne e osso, os companheiros de IA estão disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, sempre demonstrando afeto e nunca exigindo nada em troca. Essas respostas instantâneas ativam os mesmos centros de recompensa no cérebro associados ao afeto.
A interação social envolve leitura de expressões faciais, linguagem corporal, processamento do contexto, emoções e linguagem em tempo real. A comunicação com IA precisa de muitos desses processos, o que afetará a empatia, a compaixão e a paciência, essenciais no mundo real. Porém os programas são desprovidos de emoções, mas são capazes de imitá-las. Dizem o que você quer ouvir, mas você não está participando de uma troca saudável, está apenas repetindo o que já está na sua mente e confundindo isso com conexão.
Estamos criando uma sociedade frágil em que qualquer discordância significa cortar relações. A IA reflete o que você quer ouvir, não o que você precisa ouvir. O verdadeiro perigo, segundo especialistas, é que as pessoas parem de esperar complexidade do amor humano. O importante é lembrar que todas as suas respostas são programadas e guiadas por algoritmos , elas são desprovidas de emoções reais.
Priorize sempre os relacionamentos humanos que oferecem reciprocidade genuína e conexão social. Interaja menos com a IA, estabeleça limites emocionais e, se necessário, busque orientação profissional.
* Isabela Teixeira da Costa / Interina
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
