Anna Marina
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ANNA MARINA

O excesso de internet e o esgotamento mental

Enquanto crianças perdem a infância no mundo on-line, adultos estão perdendo saúde mental e qualidade de vida. Psicóloga dá dicas de como lidar com essa questão

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Se o excesso de internet “adultiza” as crianças, nos adultos ele gera ansiedade social, comparação constante e um medo paralisante de "ficar por fora". Em um mundo onde a primeira interação de uma criança com um "brinquedo" muitas vezes é uma tela de celular, o fenômeno do "carrossel digital" gera uma crise de saúde mental silenciosa entre os adultos.


Enquanto a exposição precoce à internet “adultiza” a infância, empurrando as crianças para um universo de responsabilidades e comparações antes da hora, nos adultos, o efeito é o oposto: a hiperconectividade perpetua uma imaturidade emocional e um esgotamento mental profundo.


Estudos recentes publicados em revistas internacionais de referência, como Scientific Reports (Nature) e Journal of Computer-Mediated Communication (Oxford), têm mostrado que o uso excessivo de redes sociais e as comparações constantes com “vidas ideais” expostas on-line estão fortemente associados a maiores níveis de ansiedade, estresse e insatisfação pessoal.


A busca por aprovação digital e a exposição contínua a fantasias de perfeição criam um terreno fértil para o aumento da autocrítica e insegurança. A vida digital se torna, então, um ciclo vicioso onde, mesmo em momentos de lazer, o indivíduo continua em modo de trabalho ou de performance, consumindo e produzindo conteúdo sem pausas.

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Segundo a psicóloga Josiele Sena, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e gestão de pessoas, essa onipresença digital confunde ser conectado com estar presente. “Nosso espaço mental virou um território compartilhado, onde a nossa vida pessoal, as demandas profissionais e a vida de milhares de estranhos nas redes sociais coexistem de forma caótica”, explica. A falta de limites leva a um estado de alerta perpétuo, onde o descanso se torna um luxo e a mente nunca desliga de verdade.


O resultado é um aumento nos casos de burnout, transtornos de ansiedade e um paradoxal isolamento social, causado justamente por um excesso de “conexão”. O medo de “ficar para trás” (Fomo) e a pressão de manter uma presença digital ativa levam muitos a sacrificar seus momentos de descanso e de conexão com o mundo real, perpetuando um ciclo vicioso de esgotamento mental.

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A especialista enfatiza que a solução não é o abandono total da tecnologia, mas sim o aprendizado de um uso consciente. “Precisamos reeducar a nossa mente para priorizar as conexões da vida real, criar fronteiras mentais e aprender a valorizar o silêncio e a quietude que o barulho digital nos roubou. É sobre descer do carrossel e escolher caminhar no nosso próprio ritmo”, afirma.


O alerta é claro: enquanto crianças perdem a infância no mundo on-line, adultos estão perdendo saúde mental e qualidade de vida. “O equilíbrio não está em demonizar a internet, mas em reconhecer que ela precisa ter lugar e tempo definidos. Do contrário, somos nós que passamos a ocupar um lugar menor dentro da nossa própria vida”, conclui Josiele.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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