Anna Marina
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O canabidiol na luta contra o Transtorno do Espectro Autista

Especialistas afirmam que o uso do canabidiol no tratamento de pessoas autistas reduz a irritabilidade, a agressividade e melhora a insônia

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O canabidiol (CBD), composto derivado da Cannabis sativa, tem ganhado cada vez mais espaço como alternativa terapêutica no cuidado de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Livre dos efeitos psicoativos associados ao THC, o CBD vem sendo apontado como um recurso capaz de promover ganhos importantes na qualidade de vida de crianças, adolescentes e adultos no espectro.


Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 crianças no mundo tem TEA. Alguns relatos e experiências clínicas revelam que o canabidiol pode contribuir para a redução da ansiedade, controle da irritabilidade, melhora do sono e diminuição de comportamentos agressivos ou de autolesão, além de favorecer avanços na interação social e no bem-estar diário das famílias.


Um estudo que avalia a eficácia e segurança de extratos de cannabis medicinal para crianças e adolescentes com TEA (Efficacy and Safety of Cannabidiol Cannabis Extracts for Children and Adolescents with Autism Spectrum Disorder) foi apresentado no Congresso Europeu de Psiquiatria este ano. Foi realizado com 271 pessoas entre 5 e 21 anos e analisou a eficácia e segurança de extratos de cannabis ricos em CBD no tratamento de sintomas do TEA em crianças e adolescentes. Como resultado, foi observada melhora significativa na interação social, redução de comportamentos disruptivos, melhora na qualidade do sono e diminuição de ansiedade.


Pesquisadores do Hospital Universitário de Brasília, em 2024, conduziram um estudo com 30 crianças e adolescentes com TEA, com idades entre 5 e 18 anos. Após sete meses de acompanhamento, os resultados mostraram que 70% dos participantes apresentaram redução significativa em comportamentos como agressividade e irritabilidade. Além disso, 67% dos pacientes tiveram avanços na comunicação e interação social, e 74% reduziram o uso de medicamentos convencionais, como antipsicóticos.


“O canabidiol é um dos principais fitocanabinoides da planta Cannabis sativa, mas, ao contrário do THC, não possui efeito psicoativo. Isso significa que ele pode atuar de forma segura no sistema endocanabinoide, um conjunto de receptores presente em todo o corpo humano e responsável por funções como sono, humor e resposta ao estresse”, explica a farmacêutica Tarsila Tomaz Lins Couto, especialista em cannabis medicinal e responsável técnica pela farmácia Cannabis Company, aberta recentemente em Curitiba, que trabalha exclusivamente com CBD.


Tarsila complementa que, quando utilizado sob prescrição e acompanhamento profissional, o CBD pode ser incorporado ao tratamento de pessoas com TEA como um recurso complementar, com grande potencial de melhorar sintomas que afetam diretamente a qualidade de vida. “Estamos tratando de uma substância conhecida e muito estudada nos últimos nos, em todos os cantos do mundo. Os resultados são muito interessantes e mostram que o CBD realmente traz benefícios relevantes para os pacientes”, destaca Tarsila.


O professor Nilson Sampaio, especialista em autismo, inclusão e neuroaprendizagem, acompanha de perto a evolução desse recurso e reforça sua relevância. “O uso do canabidiol no tratamento de pessoas autistas representa um marco importante. Em vários casos que vi de perto, após a introdução do CBD no tratamento, os resultados foram visíveis: menos irritabilidade, redução de agressividade, melhora da insônia, diminuição das crises de autolesão, além de avanços no controle da ansiedade e da hiperatividade”, comenta Sampaio.


Ele também ressalta a boa tolerabilidade do composto, que, quando bem administrado com acompanhamento médico, costuma ser mais bem tolerado do que alguns medicamentos tradicionais. “Em certas situações, inclusive, percebi que ele permitiu reduzir o uso de ansiolíticos e antipsicóticos, o que trouxe mais conforto e segurança para as famílias”, ressalta o professor. Para Sampaio, o CBD não deve ser visto como solução única, mas sim como um recurso que pode se somar ao tratamento já existente. “Não vejo o CBD como uma cura, mas como um tratamento complementar. Ele pode, sim, melhorar a qualidade de vida de algumas pessoas autistas”, completa.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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