
O importante papel da mulher na CIA e no serviço secreto dos EUA
Livro 'A história das espiãs da CIA – secretas e fatais', de Liza Mundy, mostra que a inteligência feminina alertou sobre avanço da Al-Qaeda, mas foi ignorada
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Depois de ler muito sobre os alemães, resolvi pesquisar o que os americanos faziam nos tempos de conflitos mundiais. Criada após a Segunda Guerra, a Agência Central de Inteligência (CIA) passou a contar com mulheres, apesar da limitação à atuação feminina que ocorria na época. A CIA, aliás, foi precedida pelo Escritório de Serviços Estratégicos, cujas funcionárias desempenharam importante trabalho, embora pouco reconhecido.
Elas enviavam comunicações secretas, realizavam operações discretas, classificavam e analisavam informações, entre outras tarefas. Apesar de todas as restrições que lhes foram impostas, várias mulheres foram astutas agentes da CIA.
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A escritora e jornalista Liza Mundy aborda o trabalho desenvolvido por elas e a forma como encaravam seu ofício em “A história das espiãs da CIA – secretas e fatais”, livro publicado recentemente no Brasil pela editora Amarilys.
Um trecho deste livro me chamou a atenção e vou dividi-lo a seguir com os leitores:
“Quando se preparava para dormir, Gina Bennett percebeu que não sentia o bebê mexer havia dias. Quando os ataques ocorreram, Gina estava no quarto no mês de gravidez e ainda não tinha contado aos colegas de trabalho que estava grávida. Trabalhando em turnos de 14 e 16 horas no centro antiterrorista, nos dias e semanas após o 11 de Setembro, ela se esqueceu de fazer intervalos ou parar para beber água.
Entrando na cozinha, na escuridão da casa silenciosa, ela abriu a geladeira, pegou uma caixa de suco de laranja, serviu-se de um copo, bebeu e esperou vinte minutos para que o açúcar fizesse seu trabalho. Ela não sentiu nenhum movimento.
Gina ligou para o número de emergência de seu médico, que a conectou à unidade de trabalho de parto do Arlington Hospital, que lhe disse para ir até lá para ser examinada. Gina acordou o marido e disse a ele que ia para o hospital.
Os médicos consideraram baixo o líquido amniótico de Gina, provavelmente devido à desidratação, e que ela tinha uma infecção do trato urinário As enfermeiras inseriram um cateter intravenoso, encheram-na de solução salina e a medicaram com antibióticos. Às 10h, confirmaram que não havia danos de longo prazo ao feto. Gina deixou o hospital e foi para o trabalho.”
Liza Mundy, que foi repórter do jornal Washington Post, deixa bem claro a obstinação daquelas agentes, que não era afetada nem pela gravidez. Aqui em nosso país, há brasileiras que se recolhem ao leito por qualquer coisinha quando esperam bebê.
É óbvio que é preciso tomar cuidado com a gravidez. Mas ela não é doença, é um estado provisório do corpo feminino.
Em “A história das espiãs da CIA”, Liza destaca a competência da mulher no serviço secreto americano desde antes da Segunda Guerra, lidando inteligentemente com dados e informações, por exemplo. A jornalista aponta que, mais recentemente, as analistas detectaram ameaça crescente da Al-Qaeda, antes de 2001, mas foram ignoradas.
Liza também é autora do livro “Code girls”, lançado em 2017, sobre moças recrutadas pelo Exército e Marinha dos Estados Unidos, que decifraram com sucesso códigos dos inimigos durante a Segunda Guerra Mundial.
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