Anna Marina
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MEMÓRIAS

O meu pé de jabuticaba

Ganhei minha jabuticabeira de presente do ex-governador Hélio Garcia. O pé está cheio de flores, o que indica colheita legal, disputada com os passarinhos

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Tenho uma mania antiga, acho que herdei do meu amigo José Maurício, que já se foi: ter em casa mudas de plantas dos jardins de BH que não existem mais, principalmente rosas. Mas o mais importante está lá, coberto de flores: um pé de jabuticaba.

Passava eu um belo dia pela Praça do Papa, quando vi que estavam retirando as plantas do meio da avenida. No meio delas, havia um pé pequeno de jabuticaba. Corri para casa para telefonar para o governador da época, Hélio Garcia, pedindo que me desse a jabuticabeira, pois seria retirada, certamente, para ser jogada fora. Ele não só me deu, como arrumou para que fosse plantada em minha casa.

Voltei lá para marcar a direção da planta. Para quem não sabe, jabuticabeira tem de receber o sol pelo mesmo lado quando é replantada.

Adorei tanto o presente que marquei o jardim da frente para que minha jabuticabeira ficasse lá, visível para quem chegasse. Na primeira vez que as frutas vieram, dei um cestinho com elas ao governador, que apareceu em minha casa para uma cervejota.

Agora, neste inverno que nos congela, o pé está cheio de flores, o que indica uma próxima colheita legal, disputada com os passarinhos. Espero colher muitas jabuticabas, a minha fruta preferida.

Na infância, quando morava em Santa Luzia,eu levantava cedo para comer frutas ainda geladas pelo frio da noite.

Um segredo que poucos conhecem: uma vez replantada, a jabuticabeira deve levar “surra” com uma vara fina, completada com algumas mãos de grãos de milho, jogados em seus galhos.

Engraçado é que muitos mineiros jamais viram ou provaram uma jabuticaba. Na época da safra, há vendedores nas ruas aqui em BH, oferecendo frutas colhidas sempre em Sabará.

Quem vai à Europa na época das cerejas vê os vendedores nas esquinas ou nas portas dos hotéis. Mineiro normalmente não compra, por vergonha ou falta de costume. Está perdendo dinheiro, porque elas custam muito mais no supermercado.

Costumava mandar muitas jabuticabas para meu sobrinho que morava nos Estados Unidos. Mudou-se para o Canadá e os Correios não aceitaram a remessa, porque lá não entra nada de fruta de outro país.

De qualquer forma, quem tem pé de jabuticaba em casa e percebe que não vai consumir tudo pode fazer geleia com ela. É facílimo, e o doce pode ser guardado por muito tempo no freezer.

Basta apanhar as frutas, passá-las na água para tirar sujeiras, levar ao fogão e dar uma fervura. Depois, deixá-las fora do fogo, esfriando, de um dia para o outro. Então, é só colocar açúcar em quantidade suficiente e levá-las novamente ao fogo, até dar o ponto de geleia. Ponto que deve ser mais baixo, para que o doce fique com boa textura para ser consumido com torradas ou biscoitos.

Geleia de jabuticaba é tão deliciosa quanto a fruta. Quem não pode com doces, por causa do diabetes, deve fazê-la com o açúcar apropriado. É igual ao preparo normal, só demora mais uns minutos no fogo para dar o ponto certo.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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