
Cachos, o sonho impossível...
Na Segunda Guerra, mulheres de Berlim corriam para fazer permanente, entre os bombardeios. Eu cheguei a prender meus cabelos com cerveja para tentar anelá-los
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Já contei aqui que estou lendo um livro muito importante, “Diários de Berlim – 1940-1945”, que narra tudo o que acontecia na cidade alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Aviões dos Estados jogavam bombas e, na folga entre os ataques aéreos, moradores corriam de restaurantes a casas de amigos procurando algo para comer. O racionamento de alimentos era geral.
A autora Marie Vassiltchikov revela uma curiosidade, que é bem o retrato das mulheres: entre um ataque e outro, que destruíam quarteirões inteiros, elas corriam para fazer permanente nos cabelos.
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Ter cabelo anelado é sonho de muitas mulheres, inclusive o meu. Quando era menina e morava em Santa Luzia, minha mãe desmanchava as tranças e fazia papelotes para meus cabelos anelarem e ficarem cacheados em dias de procissão.
Pois eu ficava na vontade: os cachos que surgiam não acompanhavam nem meia subida da Rua Direita em direção à matriz; desmanchavam logo.
Na época em que cachos eram supermoda, costumava prender meus cabelos molhados com cerveja, e o anelado durava mais. Para não ter tanta amolação, escolhi um penteado com os fios bem curtos – e lisos.
Volta e meia, o sonho dos cachos volta. Procurei inúmeros salões que se anunciavam como experts em permanente. A ação é complicada, porque eles não têm o líquido importado usado para anelar. É preciso comprar, levar e se esquecer do relógio, não ter hora marcada.
Os cabelos são molhados com o líquido e presos com rolos. Depois disso, é preciso esperar que fiquem anelados. A prova se faz soltando um ou outro rolo. Quando a prova é positiva, todos os rolos são retirados, os cabelos são lavados. Depois, uma escova os mantém secos e anelados.
Por tolice comum a todas as mulheres, o que não se consegue é o que mais se quer. Pensei em ter cabelos com as pontas viradas, franja em forma de onda na testa, como vejo em muitas amigas. Há tempos desisti deste modelo, pois meus cabelos não anelam nem com permanente. Não conseguem manter nem por um dia o modelo de pajem, aquele com as pontas viradas para dentro.
Então, o jeito é lançar mão da tesoura e criar um penteado que não precise de anelado.
Falando em cabelo, caso curioso ocorreu com minhas sobrinhas que moravam nos Estados Unidos e frequentavam escolas por lá. Vieram me visitar e, entre uma piscinada e outra, deviam lavar os cabelos compridos. Fui fazer o serviço uma vez, o que apareceu de piolhos no pente não foi brincadeira.
Reclamei com a mãe das meninas. Ela me contou que isso era comum em alunos de escolas públicas. Pois cobri as cabeças das meninas com um produto para combater piolhos. Enquanto elas estiveram por aqui, os bichinhos sumiram, mas quando voltaram para os States...
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.