Anna Marina
Anna Marina
ANNA MARINA

O caso da Santana Mestra vendida pelo padre de Santa Luzia

A ausência da santa de seu altar já tem cerca de 70 anos. Só agora, resolvidos os trâmites legais, ela estará de volta

Publicidade

Mais lidas

 

 

O jornal de segunda-feira trouxe matéria informando que a imagem de Santana Mestra que há anos foi vendida a um carioca (mas, como sei, nascido em Santa Luzia) estará de volta à matriz da cidade entre agosto e setembro. A história desta imagem é longa, cheia de detalhes. Começa nos anos 1950, quando o colecionador a comprou na mão do padre de Santa Luzia.


O jornal não contou isso, mas, como sou luziense, sei bem: era só propor ao padre que ele aceitava vender. Observadora que sou, vi no braço de uma society a pulseira que pertenceu à baronesa de Santa Luzia e estava sob a guarda da igreja.


Quando a baronesa foi levada pelo irmão para morrer na Bahia, de onde veio para Minas, deixou parte de suas joias com uma parenta minha. Ela entregou uma peça a cada tia (para minha mãe, coube depois o anel solitário de brilhante que ao ser vendido, anos mais tarde, nos sustentou durante algum tempo).
O que sobrou foi para as mãos do padre. E ele foi vendendo o que pôde, como fez com imagens sacras da igreja. As joias foram adquiridas por donos de uma firma de construção, que na época era poderosa; as imagens compradas por primos meus, que moravam no Rio.


Quando comecei a escrever neste jornal, denunciei a venda dos anjos que ficavam em frente ao altar-mor, que seriam leiloados no Rio de Janeiro. Órgãos de proteção do patrimônio mineiro foram alertados, o leilão suspenso e os anjos voltaram a seu lugar tradicional. E estão no mesmo lugar, podem ser conferidos por quem quiser.


A Santana, comprada pelo primo que morreu em acidente de trânsito, apareceu em outro leilão. Como o Ministério Público de Minas entrou no caso e protestou, a questão levou anos para ser resolvida. A ausência da santa de seu altar já tem cerca de 70 anos. Só agora, resolvidos os trâmites legais, ela estará de volta.


A venda da imagem faz parte de uma história familiar. Ela foi comprada por um dos meus primos do lado paterno. A família trocou Santa Luzia pelo Rio de Janeiro, a grana aumentou, ficaram bem de vida. Certamente, meus parentes queriam manter em casa imagens da cidade onde nasceram. Entre as compras que conseguiram fazer em Santa Luzia estavam os bens da igreja. No processo para a devolução, foi alegado até que a imagem havia sido vendida porque a igreja onde ficava já não existia mais.


Falando em Santa Luzia, meios modernos de reprodução, dos quais não entendo muita coisa, podem reproduzir imagens exatamente como elas são, do tamanho que você quiser. O atual padre da matriz da cidade conseguiu que reproduzissem várias cópias da imagem central da igreja. Ganhei uma de um amigo. Na semana passada, quando fui almoçar na casa de uma prima, comprei várias outras para dar de presente.


Uma vez reproduzida, a imagem é pintada como a original, tenho prima encarregada disso. De certa forma, a reprodução com técnica moderna é uma boa saída para se ter em casa as imagens de nossa devoção que estão nas igrejas.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

Tópicos relacionados:

leilao santa-luzia santana-mestra

Parceiros Clube A

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay