
Desrespeito com o paciente
Atrasos em consultas e exames se tornaram prática comum no sistema de saúde, levando a absurdos como impor espera prolongada a pessoas em jejum
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Estou impressionada com o descaso das diversas áreas da saúde com os pacientes. Algum dos leitores lembram quando marcavam hora para alguma consulta e, de fato, eram atendidos no horário? Posso dizer, sem sombra de dúvida, que só consigo esse feito com dentista e quando vou a algumas consultas particulares.
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Digo algumas não por ir a poucos médicos fora do plano de saúde, mas porque até nos particulares estamos enfrentando atrasos no atendimento. Quando tinha meus 30 anos, isso não ocorria. Era tiro e queda, o horário agendado era respeitado.
Mas, junto com os planos de saúde, veio também uma “obrigação”: as consultas têm que ser marcadas de 15 em 15 minutos. Aí eu pergunto: qual médico consegue consultar um paciente neste tempo? Nenhum. Resultado: ao longo do dia, os atrasos vão acumulando e os pacientes esperando.
Há alguns anos, fui a um médico, muito bom por sinal, mas a consulta marcada para 13h30 só ocorreu às 16h. Dá para acreditar? Claro que não voltei mais, porque fiquei sabendo pelos demais pacientes que com ele era assim.
As salas de espera de laboratórios também estão com demoras impressionantes. Nesse caso, fica um pouco mais grave, porque as pessoas vão para coletar material e é preciso jejum. Em muitos desses exames o jejum tem um período limite que não pode ser ultrapassado. A demora é tanta que o prazo é ultrapassado, comprometendo o resultado.
Mas estou fazendo esse “raio x” do setor para contar de três casos recentes que chegaram até mim e me surpreenderam. Acredito que a maioria dos leitores conhece a Axial. Empresa sólida e grande de exames de imagem, com unidades espalhadas pela cidade. As instalações são ótimas, os equipamentos idem, o que garante excelência nos exames. Isso não se discute, mas estão pecando e muito no atendimento.
Agendam os horários, mas as pessoas demoram no mínimo duas horas para ser atendidas. O primeiro caso foi o pior. Agendaram um exame para as 11h, que pedia para ir em jejum e para o qual a pessoa tinha que chegar com meia hora de antecedência. Ela foi atendida às 17h. Dá para imaginar 6 horas de espera, em jejum?
Eu acho que desmaiaria de fome ou passaria muito mal. Para falar a verdade, teria ido embora sem fazer o exame. Mas a pessoa ficou, fez o exame, saiu de lá quase às 18h, passando mal.
Pouco tempo depois, soube de outra pessoa que precisava fazer um exame mais cedo, porque viajaria naquela noite. Marcou para as 15h e só foi atendida às 17h30. Dias depois, mais um relato: uma senhora de 82 anos marcou uma ressonância magnética. Horário: 20h – já estranhei, não sabia que tinham atendimento noturno – e foi atendida às 22h30.
Até quando sofreremos com esses desrespeitos? Quem é responsável por fiscalizar isso? Até quando, Axial? Até quando, sistema de saúde? (Isabela Teixeira da Costa / Interina)
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.