Anna Marina
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ANNA MARINA

Porque hoje é sábado

Tenho saudades da turma da cerveja, da feira de antiguidades, do Bar do Primo e do almoço no Dona Derna. Depois íamos para casa dormir o sono dos justos

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Nos áureos tempos da minha vida, o dia que eu mais gostava era o sábado. Estava com minha semana fechada e tinha como programa encontrar meu marido e os amigos, a turma da cerveja, e depois almoçar. Sem pressa, no correr da tarde. A cerveja, ou o chope, era sempre no Bar do Primo, onde uma turma muito boa aparecia sempre. Uma das presenças ocasionais era a do então governador Hélio Garcia.

 


Numa das vezes em que o Hélio apareceu, levava um bilhete enfiado no bolso de trás da calça. Como achei que devia ter sido entregue por seu amigo e ajudante de ordens Yeyé Batista de Oliveira, que sempre comprava bilhetes premiados, tentei roubá-lo. Ele percebeu e eu quis saber se o bilhete havia sido mesmo comprado por Yeyé, meu amigo de muitos anos, que já se foi.

 


Bons tempos aqueles, quando a amizade ainda valia e tinha valor duplo nos botecos da vida. Assim como aconteceu com Yeyé, perdi um monte de amigos, que vão sendo aos poucos substituídos – mas por parentes, e em minha casa.

 


Aliás, quase me esqueci: lá pelas onze da manhã, íamos à feira de antiguidades na Praça da Liberdade, onde eu sempre encontrava algumas peças raras. Íamos tanto à praça e bebíamos tanta cerveja que consegui dois milagres. O primeiro deles foi a chave do quiosque do centro da praça, que tinha banheiro para os jardineiros. O segundo foi o banheiro público instalado pelo Hélio Garcia, de tanto que pedi e reclamei.

 


Só depois da praça é que íamos ao chope com amigos. Após colocar a prosa em dia, partíamos para o almoço, quase sempre no Dona Derna, que funciona até hoje e oferece comida magnífica, com preços altamente convidativos. Nossa presença era tão constante que tínhamos mesa cativa à nossa espera.

 

 


Na época em que eu não podia beber cerveja com álcool, tinha sempre cerveja sem álcool para me servir. O que era um espanto para muitos. Com a manhã de sábado cheia de conversas e cerveja, íamos para casa dormir o sono dos justos.

 


Tenho perguntado a um ou outro amigo o que restou daqueles tempos. A resposta é uma só: nada. O que existe hoje são mesas de uísque em bares de bairro, com seis ou sete presenças, e retirada coletiva para o almoço em casa. Uma tristeza só.

 


De vez em quando, surge a feijoada que reúne todos, mas não como antigamente. Outra coisa que deve ser lembrada: a maioria dos participantes daquela turma da “leveza sabatina” já se foi. Poucos restaram. E esses poucos, por causa da idade, preferiram aderir ao uísque, que é mais “formal”.

 

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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