
Semana Santa em Santa Luzia
Neste ano não pude ir cuidar do esquife do Senhor Morto, mas recebi fotos da procissão em minha cidade e os deliciosos canudos de Gema
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Cadeirante como estou, nesta fase em que tudo fica mais difícil, acabei não indo à minha terra, Santa Luzia, para cuidar do esquife do Senhor Morto, que sai às ruas em procissão, na Sexta-feira Santa.
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Mas recebi amigos de lá que me trouxeram não só as fotos da procissão, captada pelo celular, como os deliciosos canudos de Gema, uma marca registrada de sabor raro, que é uma das tradições da cidade.
Gema foi marca conhecida enquanto viveu e, atualmente, quem continua da marca é um neto – ou será um sobrinho?, isso eu não sei.
Junto com os canudos, recebi também um caso, de uma das minhas primas, Elisabeth Almeida Teixeira, que é típico acontecer com pessoas de bom coração. Beth, como a chamamos em família, comandou com raro cuidado e talento, durante 40 anos, o Asilo São Jerônimo e a Creche Mariinha Moreira, que faz parte das instituições assistidas pela Associação de Amparo à Infância.
Vale aqui um parágrafo para contar para quem não sabe a história do asilo. Mariinha também é minha prima, filha de Vó Lisa, que, todos os sábados, ficava sentada em uma cadeira colocada atrás de uma das janelas de sua bela casa (que foi posteriormente derrubada para a construção de um prédio), distribuindo esmola para os pobres; cada um que passava pela rua e pedia, recebia uma moeda, que, naquele tempo, valia alguma coisa.
Solteira, Mariinha resolveu, um belo dia, construir um asilo para receber moças sem família, que queriam guarida, educação e a possibilidade de conseguir um emprego em casas de família, não só da cidade como de vizinhanças. O Asilo São Jerônimo tem 84 anos e uma história rara, porque foi aberto com recursos próprios e ajuda de parentes e amigos. Só muito tempo depois, recebeu ajuda oficial.
Não é preciso dizer a repercussão que teve na cidade a abertura de um asilo com essa proposta. Só para dizer pouco, as donas de casa diziam que as empregadas domésticas iam sumir, ou cobrar mais caro pelo seu trabalho.
O certo é que Mariinha se foi, e a direção do asilo foi entregue a pessoas ligadas – da família ou parentes. Até que veio parar nas mãos de Beth, que ficou durante 40 anos enfrentando todos os problemas por que passa uma instituição de caridade, sem renda própria e recebendo escassos recursos públicos.
Depois de todo o tempo que se dedicou ao asilo, ela avaliou que estava na hora de passar seu posto para outra pessoa. E escolheu um conterrâneo, católico, que visitava frequentemente o lugar. Combinou a passagem do comando para Lucas Gonzaga, que assumiu sem sequer marcar uma reunião com ela, para se inteirar de como teria de proceder. Foi aí que começaram os problemas.
Assim como não procurou quem o tinha convidado a dirigir o asilo, para entender como tudo funcionava, o novo diretor começou a fazer campanha contra quem o tinha convidado. Fiquei sabendo dessa campanha, que não é pouca, nem pequena, nesses dias da Semana Santa.
E como a reunião da direção do asilo está marcada para o próximo dia 30, resolvi, depois de saber de todos esses percalços, pedir uma atenção mais apurada aos membros da direção, para fazerem jus e honra para Elisabeth Almeida Teixeira. Luziense que sou, não quero ter que anunciar uma injustiça contra minha prima.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.