André Murad
André Murad
Diretor-executivo da Clínica Personal Oncologia de Precisão de BH. Oncologista e oncogeneticista da OncoLavras.
Oncosaúde

Erradicação de bactéria pode prevenir 75% dos casos de câncer gástrico

"A bactéria Helicobacter pylori está associada a 76% dos futuros casos de câncer de estômago"

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Três quartos dos casos de câncer de estômago poderiam ser prevenidos se os médicos erradicassem a infecção por um tipo comum de bactéria, afirma um novo estudo.

A bactéria Helicobacter pylori está associada a 76% dos futuros casos de câncer de estômago, relataram pesquisadores, em 7 de julho, na prestigiada revista médica Nature Medicine.

A maioria dos cânceres de estômago é causada por infecção crônica por H. pylori e pode ser prevenida pelo tratamento da infecção com uma combinação de antibióticos e inibidores da bomba de prótons.

No total, 2 em cada 5 desses cânceres de estômago esperados (42%) vão ocorrer apenas na China e na Índia, projetaram os pesquisadores. Considerando que o câncer gástrico é amplamente prevenível, programas de intervenção e controle mais ativos devem ser implementados nesses países do Leste Asiático com muitos recursos.

Mais da metade das pessoas no mundo pode ter uma infecção por H. pylori em algum momento da vida, afirma a Clínica Mayo. A bactéria parece se espalhar pelo contato com fluidos corporais, como vômito, fezes ou saliva. As infecções por H. pylori causam sintomas como dor de estômago, inchaço e gases, bem como úlceras pépticas no estômago ou no intestino delgado. Cerca de 30.300 novos casos de câncer de estômago ocorrerão nos EUA este ano, e cerca de 10.780 pessoas morrerão desse tipo de câncer, de acordo com a Sociedade Americana do Câncer. A maioria dos casos ocorre em idosos.

 

O câncer gástrico é um problema de saúde pública no Brasil. É o quarto tipo mais frequente entre homens e o sexto entre mulheres. A estimativa é de 21.230 novos casos anualmente, com maior incidência em homens.

Para o novo estudo, os pesquisadores projetaram casos futuros de câncer de estômago com base em dados de 2022, de 185 países. Na ausência de qualquer intervenção, eles acreditam que 15,6 milhões de pessoas nascidas entre 2008 e 2017 vão desenvolver câncer de estômago em algum momento, com 11,9 milhões desses casos causados ??por H. pylori. Cerca de 10,6 milhões dos casos vão ocorrer na Ásia, incluindo 6,5 milhões na Índia e na China, mostraram os resultados. Outros 2 milhões de casos vão ocorrer nas Américas e 1,7 milhão de casos na África.

Apesar dos números baixos em comparação com a Ásia, espera-se que os cânceres de estômago aumentam na África à medida que a população do continente cresce, com casos futuros estimados em quase seis vezes maiores do que a carga atualmente estimada em 2022.

Os pesquisadores atribuíram a falta de ações de saúde pública ao risco contínuo representado pela bactéria H. pylori, mesmo entre os países desenvolvidos. Nos EUA, atualmente não há diretrizes nacionais ou recomendações formais para a prevenção do câncer gástrico, embora o câncer gástrico afete desproporcionalmente asiático-americanos, hispano-americanos, afro-americanos e indígenas americanos do Alasca, e uma tendência crescente em indivíduos jovens (idade

Embora as infecções por H. pylori possam ser facilmente tratadas, o ideal seria sua prevenção através de uma vacina. Atualmente, apenas uma vacina contra o H. pylori passou da fase 3 de um ensaio clínico. Mais investimentos em futuros ensaios de vacinas com foco em populações pediátricas devem ser feitos, esclarecendo os mecanismos de imunoproteção associada à vacina, concluíram os investigadores deste estudo.

Helicobacter pylori e câncer de estômago

As infecções por Helicobacter pylori (H. pylori) são comumente associadas a dor abdominal, inchaço e acidez. Apesar da alta frequência de infecção por H. pylori na população, somente uma minoria de indivíduos desenvolve câncer gástrico. É provável que a colonização da mucosa por cepas patogênicas, levando a maior agressão e inflamação da mucosa, seja um dos elos da cadeia de eventos da oncogênese gástrica.

O fator de virulência do H. pylori CagA é uma proteína de 120-145kDa codificada na ilha de patogenicidade cag de 40kb. As cepas de H. pylori podem ser divididas em cepas positivas ou negativas de CagA. Evidências clínicas sugerem que a infecção com cepas de H. pylori cagA+ aumenta dramaticamente o risco de desenvolver câncer gástrico.

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Esta oncoproteína CagA entregue pelo H. pylori ao hospedeiro demonstrou interagir com múltiplas proteínas do hospedeiro para promover a carcinogênese gástrica (transformação de células normais em células cancerígenas). No entanto, os mecanismos subjacentes associados à sua atividade bioquímica ainda não foram totalmente determinados. 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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