André Murad
André Murad
Diretor-executivo da Clínica Personal Oncologia de Precisão de BH. Oncologista e oncogeneticista da OncoLavras.
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Câncer de pulmão: avanços dobraram sobrevida em 20 anos

A sobrevida global mediana mais que dobrou, de 8,5 meses em 2000 para 20,7 meses em 2020

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Avanços recentes no tratamento do câncer de pulmão incluem terapia alvo-direcionada, imunoterapia e melhorias na radioterapia e nas técnicas cirúrgicas. Mas qual é o real impacto dessas melhorias na sobrevida dos pacientes com câncer de pulmão? 

Um importante estudo francês denominado KBP-2020 analisou os desfechos de adenocarcinoma de pulmão em mais de 5 mil pacientes tratados em hospitais públicos não acadêmicos na França e constatou que a sobrevida global mediana mais que dobrou, de 8,5 meses em 2000 para 20,7 meses em 2020. 

As taxas de sobrevida em três anos melhoraram em todos os estágios, com os ganhos mais significativos observados em pacientes com doença em estágio inicial, estado funcional favorável e entre aqueles com doença metastática que receberam terapia direcionada para mutações dos genes  EGFR/ALK/ROS1 ou imunoterapia de primeira linha. Essas descobertas destacam o impacto substancial da medicina de precisão e da imunoterapia na melhoria da sobrevida em situações reais fora do ambiente acadêmico. 

Detalhes do estudo

O contexto: o câncer de pulmão é a principal causa de morte relacionada ao câncer em todo o mundo. O objetivo do estudo KBP-2020 foi descrever a sobrevida entre pacientes diagnosticados com adenocarcinoma de pulmão na França em 2000, 2010 e 2020, fora de centros médicos acadêmicos.

Os métodos:  os autores coletaram dados prospectivos de todos os pacientes diagnosticados com câncer de pulmão em hospitais públicos não acadêmicos na França em 2020 e compararam esses dados com os de estudos semelhantes realizados em 2000 e 2010 para mapear a evolução da sobrevida.

Os resultados:  a coorte KBP-2020 compreendeu 5.015 pacientes com adenocarcinoma de pulmão. A taxa de sobrevida global (SG) em 3 anos foi de 38,6%, variando de 21,3% entre pacientes com doença metastática no diagnóstico a 84,0% para aqueles com doença em estágio I no diagnóstico. A sobrevida global mediana na população em geral mais que dobrou em 20 anos, de 8,5 meses em 2000 para 20,7 meses em 2020. Sexo feminino, status de desempenho mais elevado e estágio mais precoce da doença foram associados a uma sobrevida global aumentada em 3 anos. Pacientes com adenocarcinoma pulmonar metastático com alterações moleculares de EGFR, ALK ou ROS1 que foram tratados com terapia direcionada apresentaram uma taxa de sobrevida global em 3 anos maior do que pacientes sem essas alterações — 36,0% versus 18,5%. Entre os pacientes com doença metastática sem as alterações moleculares mencionadas, a taxa de sobrevida global em 3 anos foi de 36,2% com imunoterapia de primeira linha versus 14,3% sem imunoterapia, e a sobrevida global mediana foi de 21 meses versus 4,2 meses.

As conclusões:  melhoras  na sobrevida global de pacientes com adenocarcinoma pulmonar foram observadas ao longo de 20 anos neste cenário de hospitais públicos não acadêmicos na França. Terapia direcionada e imunoterapia foram associadas a sobrevida global mais longa entre pacientes com doença metastática.

Avanços em câncer de pulmão 

A imunoterapia, particularmente os inibidores de ponto de controle, demonstrou sucesso significativo no tratamento do câncer de pulmão avançado e também está sendo explorada em estágios iniciais.  Medicamentos como pembrolizumabe, durvalumab e, atezolizumabe e nivolumabe, que bloqueiam proteínas que impedem as células imunes de atacar o câncer, melhoraram as taxas de sobrevivência no câncer de pulmão avançado.

Imunoterapia adjuvante: a imunoterapia está sendo usada em câncer de pulmão em estágio inicial após cirurgia e quimioterapia para ajudar a prevenir a recorrência.

Imunoterapia neoadjuvante: A imunoterapia está sendo usada antes da cirurgia para reduzir tumores e melhorar os resultados.

Terapias direcionadas ou alvo-moleculares, que se concentram em mutações genéticas específicas dentro das células cancerígenas, também apresentaram avanços, com novos medicamentos e combinações promissoras. 

Novas terapias direcionadas: medicamentos  estão sendo desenvolvidos para atingir mutações genéticas específicas em células de câncer de pulmão, como EGFR, ALK e ROS1.

Terapia combinada: a combinação de terapias direcionadas com outros tratamentos, como imunoterapia ou quimioterapia, está apresentando resultados promissores.

Avanços na radioterapia: técnicas  aprimoradas de administração de radiação, como a radioterapia estereotáxica corporal (SBRT), permitem um direcionamento mais preciso dos tumores e podem melhorar os resultados para alguns pacientes.

Avanços na cirurgia: procedimentos  minimamente invasivos: técnicas  cirúrgicas, como a cirurgia toracoscópica videoassistida (VATS), estão se tornando mais comuns, levando a tempos de recuperação mais rápidos e complicações reduzidas.

Procedimentos de preservação pulmonar: os cirurgiões estão cada vez mais focados em preservar o máximo possível de tecido pulmonar saudável durante a cirurgia.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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