
Na mesa do poder, Minas era o prato principal
Antes do governo, os partidos estão focados no Congresso. Republicanos e MDB discutem uma aliança para aumentar suas bancadas mineiras na Câmara
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Em uma mesa reservada em um restaurante da capital federal, os comensais vinham de Minas, mas o apetite era nacional: o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos); o deputado federal e presidente do Republicanos em Minas, Euclydes Pettersen; a deputada federal Ana Paula Junqueira (MDB); o ex-prefeito de Uberlândia Odelmo Leão (PP); e o presidente do MDB de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo. O cardápio oficial da conversa era Brasília, mas o prato principal era outro: o futuro de Minas Gerais em 2026.
O encontro, articulado em torno da formação de uma possível frente para as eleições majoritárias no estado, colocou na mesa a eventual candidatura de Cleitinho ao Palácio Tiradentes. A ideia é respaldada por lideranças do Republicanos e conta com o incentivo direto de Marcos Pereira, presidente nacional da sigla e também presente à mesa, que tem interesse estratégico em ampliar o protagonismo da legenda no Sudeste.
Mas o movimento não é imediato. Antes do governo, os partidos estão focados no Congresso. Republicanos e MDB discutem uma aliança para aumentar suas bancadas mineiras na Câmara.
Hoje, o Republicanos tem quatro deputados federais e quer chegar a seis. O MDB tem dois e busca pelo menos três. A articulação passa por composições locais, candidatos competitivos e distribuição de bases eleitorais, o tradicional cálculo de sobrevivência parlamentar.
Foi nesse contexto que a presença de Gabriel Azevedo chamou atenção. Sem cargo federal ou estadual, mas com forte inserção política, o ex-presidente da Câmara de BH tem sido visto como uma peça de articulação: alguém que transita entre grupos distintos, tem discurso técnico e conserva bom diálogo com Brasília.
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Nos bastidores, já se ventila o nome do ex-presidente da Câmara para atuar como fiador de uma aliança entre MDB, Republicanos e partidos do centrão em Minas. A ideia é de Baleia Rossi, presidente da sigla nacional. Para ele, pesa a experiência como gestor e capital político acumulado em Belo Horizonte.
A depender da evolução das conversas, ele pode ocupar uma posição estratégica nas composições de 2026 como candidato, vice, articulador ou coordenador.
Pacheco subiu o tom
Pré-candidato ao governo de Minas e favorito de Lula para 2026, o senador mineiro Rodrigo Pacheco (PSD) adotou postura crítica diante das tarifas extras de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Em fala pública, Pacheco pediu uma reação coordenada, não só do governo federal, mas também do setor privado, em defesa da soberania nacional. Para aliados, o gesto é mais um aceno ao Planalto e reforça sua tentativa de se diferenciar no tabuleiro mineiro: com autoridade, mas sem passividade.
Aécio tenta ocupar o tabuleiro
Em reação ao tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) divulgou uma carta com título sugestivo: “Eles brigam, o Brasil paga a conta”. No texto, o tucano critica a medida norte-americana, que classificou como “descabida”, mas aproveita para alfinetar Lula (PT) e Bolsonaro (PL), a quem acusa de inflar militâncias enquanto o país arca com os prejuízos. Aécio tenta se posicionar como voz do centro, embora, nos bastidores, até aliados reconheçam: o espaço anda apertado.
Na contramão da sorte
Autor do projeto que quer proibir propagandas de casas de apostas em Belo Horizonte, o vereador Wagner Ferreira (PV) reforçou sua posição contra a legalização dos jogos de azar no país. A crítica veio em tom direto, às vésperas da possível votação do projeto no Senado que libera bingos, cassinos e jogo do bicho. “Esses jogos alimentam o vício, o endividamento e destroem famílias”, escreveu Wagner nas redes. A investida local contra as bets agora se conecta a uma cruzada nacional com discurso centrado na saúde mental e no combate ao lucro em cima do desespero.
Equidade em marcha
A Câmara de BH aprovou, na Comissão de Mulheres, o parecer favorável ao PL 266/2025, que institui o Programa Municipal de Equidade Salarial. De autoria de vereadoras do Psol e do PT, o projeto prevê transparência nos dados salariais com recorte de gênero, raça e idade. A relatora Dra. Michelly Siqueira (PRD) defendeu o texto por estar alinhado à legislação nacional. A proposta segue agora para outras duas comissões antes de chegar ao plenário.
Trump em plenário
A sobretaxa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros foi parar no centro dos discursos da Assembleia de Minas. Em tom inflamado, o deputado Caporezzo (PL) leu trechos da carta de Donald Trump a Lula e disparou: “A política internacional do governo Lula é a mais fracassada da história do Brasil”. Amanda Teixeira Dias (PL) seguiu no coro e ironizou o embate entre os presidentes: “Lula quer peitar Trump. Seria como um pinscher latir para um pit bull”.
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Reação à altura
Do outro lado do plenário, o deputado Doutor Jean Freire (PT) subiu à tribuna para defender o governo federal. Chamou a carta de Trump de “vergonhosa” e disse que o episódio representa uma ameaça direta à soberania do Brasil. “Nenhum governo do mundo tem autoridade para interferir nas questões brasileiras.”
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.